Produção sustentável de metais preciosos inspira
artesãos a aproveitar a diversidade natural do país
Brasília
(DF) - O luxo de metais preciosos, requintado pelo colorido de elementos
naturais brasileiros, está em alta. A beleza das sementes, gemas e diferentes
matérias-primas das regiões brasileiras tem despertado o interesse de diversos
segmentos econômicos. Privilégio de um país que concentra diferentes
ecossistemas e espécies nativas que, cada vez mais, são aproveitadas na
indústria de cosméticos, roupas, artigos de decoração e, até mesmo, joias. Ou
melhor: biojoias. Esta é uma das apostas da indústria joalheira mundial e o
Brasil, com sua diversidade, tem grande potencial neste cenário. O trabalho
começa com a qualificação profissional e com as ações que incentivam a
consciência ambiental nos destinos. “Buscamos promover a qualificação e a
diversificação dos produtos que destaquem a identidade local, com geração de
trabalho, renda e a valorização da cultura”, explica Nilvana Soares,
coordenadora-geral de Produção Associada ao Turismo do Ministério do Turismo. Tais
requisitos estão em sintonia com a produção de joias sustentáveis. “A produção
significa a utilização de materiais coletados, sem agressões ao local de
origem. O ideal é que as empresas do segmento privilegiem a compra de
matérias-primas coletadas por comunidades rurais. Assim acontece o retorno
social”, afirma a professora de Design de Joias da Universidade do Estado do
Pará, Rosângela Gouveia. Ela explica que graças a essa procura de produtos
ecológicos, as universidades brasileiras têm sido demandadas para atuar junto
aos pequenos coletores, qualificando a mão-de-obra e incentivando o trabalho de
artesãos locais. Um exemplo é a marajoara Selma Montenegro. Artesã e designer,
a paraense conta que sua vivência em um ambiente rico de elementos naturais na
Amazônia a inspira a aproveitar a diversidade de materiais orgânicos que a
floresta oferece. O olhar fez com que a moradora da Ilha de Marajó se formasse
em Artes Plásticas e se aperfeiçoasse na área de produção de joias. “Sempre
achei que as pessoas não valorizam o que nós temos, muita gente trata como lixo
algo que é precioso. Eu posso dar uma função para sementes de frutos que eram
consumidos e descartados”, argumenta. Selma tem preferência pelas sementes
Inajá e Tucumã, por serem abundantes na região. O elemento natural escolhido
para a produção da biojoia passa por um processo de tratamento específico para
ganhar as cores, formas e texturas desejadas pelos artistas. O beneficiamento
transforma o material numa verdadeira gema orgânica, que encanta turistas e
consumidores que procuram produtos, não só pelo valor monetário, mas também
pelo valor social e ambiental. A artista, que além de produzir também vende
diretamente suas peças, afirma que há uma grande procura por parte de
consumidores que já conhecem peças com esse caráter sustentável, mas que também
tem crescido o número de visitantes que se deslumbram pela primeira vez com o
resultado final das técnicas empregadas. ”Há turistas internacionais que nos
procuram, mas a maioria é de brasileiros. Alguns já sabem que encontrarão este
diferencial e outros simplesmente se deparam e aí são conquistados.”
Aprimoramento - Para incentivar o trabalho de pessoas como Selma, o Ministério
do Turismo tem desenvolvido ações de incentivo à identificação, elaboração e
comercialização de peças. As iniciativas mereceram destaque nas edições do
Salão de Turismo, sempre relacionando o destino turístico à produção
sustentável de joias. Uma das ações é fruto do Programa de Integração da
Produção Associada ao Turismo, que atua em parceria com o Instituto Brasileiro
de Gemas & Metais Preciosos – IBGM, com o Sebrae, com a APEXBrasil -
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, com o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, entre outros.
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