Presidente
do WWF, Yolanda Kakabadse afirmou que medida é política e economicamente
possível. Rio de Janeiro (RJ): A presidente do WWF, Yolanda Kakabadse
(Equador), defendeu hoje, durante o painel sobre Florestas nos Diálogos para o
Desenvolvimento Sustentável (Riocentro), que a Rio+20 fixe uma meta de
desmatamento zero para o planeta, até 2020. Segundo ela, a medida é política e
economicamente possível, mas é preciso que a conferência trace os caminhos para
alcançar esse objetivo, com envolvimento de governos, sociedade e empresas. A
proposta encabeçada pelo WWF foi aprovada durante os debates e será levada ao
segmento de alto nível da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável. Para Kakabadse, as florestas são bens públicos que oferecem
serviços que beneficiam todo o planeta, como água limpa, regulação do clima e
matérias-primas. "Falar de florestas é falar de um desenvolvimento
inclusivo. Preservá-las não está ligado apenas a questões ambientais, mas
também ao desenvolvimento sustentável e à qualidade de vida das pessoas que
vivem ou dependem diretamente delas", ressaltou. Todavia, a presidente do
WWF lamentou que a realidade é de perdas aceleradas de florestas. A cada ano,
13 milhões de hectares são perdidos, especialmente em países tropicais como o
Brasil e a Indonésia, que abrigam metade das formas de vida do planeta e
absorvem 20% das emissões globais de gases que ampliam o efeito estufa e fazem
a temperatura subir. A área desmatada é semelhante ao tamanho da Nicarágua. “Ainda
assistimos a dolorosa e alarmante destruição das florestas. E quando vemos sua
destruição, podemos ter certeza de que as populações também estão sofrendo,
pois são as florestas que ajudam a assegurar energia, água e alimento para
todos”, enfatizou. Kakabadse também comentou que a redução das perdas
florestais depende da capacidade de cada país de definir e aplicar leis fortes
para proteger seus recursos naturais. Atenta aos retrocessos impostos à
legislação florestal brasileira por setores atrasados da sociedade que ditam as
regras no Congresso Nacional, a presidente do WWF ressaltou que o Brasil pode
tomar ‘decisões visionárias’ na Rio+20. "Enfraquecer a proteção das
florestas não é o melhor caminho. Precisamos de modelos econômicos inclusivos
que valorizem as populações e os recursos das florestas nativas",
concluiu. Sobre os Diálogos Sustentáveis. Um dos objetivos dos Diálogos para o
Desenvolvimento Sustentável é sugerir pontos a serem incluídos nas decisões do
chamado segmento de alto nível da Rio+20, quando chefes e ministros de Estado
sentarão à mesa de negociações. No painel de hoje (17), ficou claro que a
diversidade de sugestões do público não cabia nos temas pré-selecionados pelo
evento promovido pelo governo brasileiro e Nações Unidas. A votação realizada
elegeu as sugestões: - Restaurar, até 2020, 150 milhões de hectares de terras
desmatadas ou degradadas (com redação alterada para incluir meta do
desmatamento zero até 2020); - Promover Ciência, tecnologia, inovação e
conhecimentos tradicionais para enfrentar o principal desafio para as
florestas: como torná-las produtivas sem destruí-las; - Investir no controle
local das florestas, promovendo direitos de acesso aos recursos naturais,
organização e capacitação em negócios e comércio justo para as populações
locais. Resposta às crises. Durante a tarde de sábado (16), o WWF-Brasil
acompanhou a mesa “Desenvolvimento Sustentável como Respostas às Crises
Financeiras e Econômicas”, também como parte dos Diálogos para o
Desenvolvimento Sustentável. A mesa teve duração de uma hora e contou com a
presença de especialistas renomados, como a do diretor do The Earth Institute e
da Universidade de Columbia, Jeffrey Sachs; do vice-presidente do Deuscthe Bank
Group, Caio Koch-Weser; e do presidente da Global Reporting Initiative (GRI),
Herman Mulder. As três propostas escolhidas pela plenária contemplam a criação
de uma taxa de transações financeiras internacionais com o objetivo de
contribuir com um Fundo Verde, que deve financiar tecnologias limpas e promover
o trabalho justo; a educação de futuros líderes sobre desenvolvimento sustentável;
e o fim do uso do Produto Interno Bruto (PIB) como índice de progresso social
para nações e estados. Para o coordenador de Finanças para Sustentabilidade do
WWF-Brasil, Clóvis Zapata, a mesa foi marcada pela defesa da Educação como
método de combate à pobreza e pela adesão em massa à idia da taxa que financie
iniciativas sustentáveis. “Essas ideias receberam muito apoio da plenária e
mostraram muita força durante as discussões”, disse o especialista. Clovis, no
entanto, fez várias críticas ao formato e à dinâmica do evento. “Do modo como
está formatado, a mesa não é inclusiva e não abre espaço para as fala da
plenária. Além disso, não há incentivo à contraposição e ao confronto direto de
ideias”, falou. O especialista contou também que o foco da discussão esteve
muito voltado ao ‘combate à pobreza’ e se deteve pouco nas questões ambientais.
“Também não foi discutido como as propostas votadas serão implementadas e
executadas posteriormente”, afirmou Zapata. “Palavras fracas” No sábado (16) à
noite ainda, o WWF divulgou uma nota em que critica o andamento das negociações
que vem ocorrendo desde a sexta-feira, quando o Brasil assumiu a presidência
delas. O chefe da delegação do WWF, Lasse Gustavsson, afirmou que o texto
apresentado ontem aos diplomatas é fraco e carregado de frases inexpressivas.
“O texto de negociação é recheado de palavras como ‘apoiar’, ‘encorajar’ e
‘promover’, e é muito conciso em termos mais fortes como ‘devem’ e ‘decidem’”, destacou
o chefe da delegação. Lasse fez várias críticas aos termos usados pelos
negociadores: “Encorajar' é usado cerca de 50 vezes, enquanto a palavra ‘devem’
é usada apenas três vezes. Aparentemente, os negociadores gostam muito da
palavra ‘apoiar’ - que foi usada cerca de 99 vezes - mas não suportam termos
mais fortes como ‘decidem’, que aparece apenas cinco vezes”. O chefe contou também que o documento é
muito fraco e que o mundo precisa hoje de um manual de como ser salvo. “As
palavras fracas aparecem nas partes do texto que mais precisávamos endurecer -
o capítulo sobre economia verde inicia um processo que os negociadores já
iniciaram em 1992. Os trechos sobre os necessários Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável e sobre energia, que poderia até ter sido escrito pelas empresas de
petróleo e combustíveis, também deixam a desejar”, concluiu. Acre, o exemplo
amazônico - No estado do Acre, o WWF-Brasil vem promovendo manejo adequado de
florestas. Produtos como madeira, borracha e castanha-do-Brasil, têm
proporcionado renda a moradores da floresta, aliada à conservação da
biodiversidade. Com a venda de madeira certificada e de castanhas, a vida de
comunidades vem melhorando, permitindo a extrativistas adquirir
eletrodomésticos básicos e roupas, bem como adequar suas moradas. Dados da
Secretaria Estadual de Florestas do Acre mostram que o manejo florestal feito a
partir de parcerias entre comunidades, empresas, governo e organizações
não-governamentais têm elevado a renda média anual de uma família acreana da
área rural de R$ 1,2 mil a R$ 3 mil para valores entre R$ 4 mil e R$ 6,5 mil.
Ou seja, o manejo pode gerar mais renda do que práticas predatórias, ou até
mesmo que a agricultura tradicional. Energia sustentável e acessível. Hoje na
Rio +20, a Rede WWF, que defende água, energia e alimentos para todos como uma
meta para a conferência, realizou o evento “Energia sustentável e acessível: do
trabalho de campo às políticas públicas”. No encontro foram apresentados
projetos liderados pela organização para promover o acesso à energia
sustentável na Índia, Madagascar e Uganda. Lembrando a realidade que mais de um
bilhão de pessoas vivem com pouco ou sem acesso à eletricidade, Yolanda
Kakabadse, presidente do WWF, ressaltou a importância da energia sustentável
para o desenvolvimento social e econômico. “Eu gostaria que todos relacionassem
o que estamos debatendo aqui com o que queremos ver como resultado da Rio +20.
O WWF é ambicioso neste sentido. Nós queremos pelo menos 40% da energia advinda
de fontes renováveis e queremos ver recursos para a implementação disso”,
afirmou Kakabadse. A presidente do WWF ainda declarou que está desapontada com
o rascunho do documento oficial para as negociações liberado hoje. “Há seis
dias do momento decisivo, o documento é terrivelmente desanimador. Nós temos
que enviar mensagens fortes para os tomadores de decisão e reverter esse
quadro”, concluiu. Capacitação de catadores - O vídeo “Catador fala para
Catador” foi lançado na tarde deste domingo (17), no Fórum de Sustentabilidade
Corporativa da Rio+20, no hotel Windsor Barra, pelo líder do Movimento Nacional
dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Roberto Laureano da Rocha, com a
presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho. O vídeo de 10 minutos, produzido no âmbito do Programa Água Brasil,
retrata a capacitação de catadores de materiais recicláveis desenvolvida e
aplicada pelos próprios catadores. “Nós defendemos muito esse processo de
formação”, disse Rocha. De acordo com o líder, os primeiros desafios do
movimento foram trabalhar com grupos de pessoas em situação de extrema pobreza.
Agora, segundo ele, há novos desafios, que incluem, entre outros assuntos, a
luta contra o uso de incineradores no Brasil. O Programa Água Brasil, concebido
pelo Banco do Brasil, é desenvolvido em parceria com Fundação Banco do Brasil,
Agência Nacional de Águas e o WWF-Brasil. “A formação dos catadores é
fundamental para sua organização. O Banco do Brasil orgulha-se de poder apoiar
o atendimento dessa necessidade por meio do Programa Água Brasil. Trata-se de
uma iniciativa estruturante que certamente apoiará o processo de melhoria das
condições de trabalho e de vida no setor”, avalia o gerente executivo da
Unidade de Desenvolvimento Sustentável (UDS) do BB, Wagner Siqueira, que
participou do lançamento. “Este vídeo é mais uma ferramenta de sensibilização
para a mudança. Ele mostra a capacidade dos catadores transmitirem não só para
eles mesmos, mas para toda a sociedade, a necessidade de mudarmos hábitos e
atitudes em relação ao nosso consumo e descarte”, disse o coordenador do eixo
Cidades Sustentáveis do Programa Água Brasil, Fábio Cidrin. O vídeo já está
disponível na internet, no link a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=4dRxJZ3Amqc
Confira
a programação do WWF-Brasil para esta segunda, 18 de junho:
14h:
Palestra “Amazônia no contexto da sustentabilidade – os desafios e perspectivas
para a conservação da biodiversidade no bioma amazônico”
Este
evento, que será aberto ao público, é promovido pela Fiesp no Forte de
Copacabana e tem como objetivo falar sobre os desafios e ameaças relacionados
ao bioma amazônico. A secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de
Britto, vai defender o posicionamento da instituição sobre o assunto, que
prevê, entre outras iniciativas, o incentivo à criação, consolidação e
ampliação de unidades de conservação; a promoção do uso responsável dos
recursos naturais e do manejo sustentável; e o desenvolvimento de programas
nacionais para reduzir as emissões de carbono oriundas do desenvolvimento.
14h:
Marcha a Ré – Ato em Defesa das Florestas
Promovido
pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e Sustentabilidade e parte dos
eventos mais afinados com a Cúpula dos Povos, o ato terá concentração a partir
das 14h e sairá do Museu de Arte Moderna (MAM) até a sede do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O evento é um protesto contra os
retrocessos da legislação ambiental brasileira e prevê, na metade de seu
percurso, em “marchar de ré” como forma de protesto. Serão utilizados cartazes,
apitos e instrumentos musicais, além da presença de artistas circenses e
representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais. O evento é aberto
à participação do público.
15h15-19h:
Palestra Responsabilidade socioambiental e segurança alimentar.
Este
evento objetiva mostrar como é possível a coexistência entre o agronegócio e a
segurança alimentar e vai tratar também da necessidade de adoção de um modelo
mais sustentável de agricultura, que inclua valores ambientais e sociais na
prática do mercado; e da possibilidade de interação entre o agronegócio, a
agroecologia e a agricultura familiar em busca de uma nova economia verde, onde
todas possam caminhar juntas e se beneficiar mutuamente.
O
WWF-Brasil vai se posicionar em prol da sustentabilidade ambiental aliada ao
desmatamento zero e a políticas e instrumentos de mercado que apóiem
estratégias especificas de produção agropecuária e uso do solo. O evento é
aberto ao público, será em português com tradução simultânea para inglês e
espanhol, e vai ocorrer na Arena da Barra/HSBC, no auditório ARN-3.
15h
– 17h30: Painel “Sustainable Aviation Biofuels” (Biocombustiveis Sustentáveis
para a Aviação)
Esta
mesa tem como objetivo discutir a questão dos biocombustíveis, sua produção
sustentável no contexto da cana de açúcar e sobre como atingir o equilíbrio
entre segurança alimentar e a produção de biocombustiveis. O WWF-Brasil, por
meio de seu analista de Conservação, Edegar Rosa, vai falar sobre o seu
posicionamento a favor da viabilidade do uso de biocombustíveis na aviação, considerando
o impacto no uso da terra e competição com alimentos – sem desmatamento, sem
mudança indireta no uso do solo e por meio de produção certificada por padrões
que garantem isso. O evento acontece no Forte de Copacabana, será em inglês e
português. Organizado por Fiesp, Firjan e Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), é aberto ao público.
17h-19h:
Apresentação dos resultados do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)
e lançamento da Iniciativa Compromisso com a Amazônia
Nesta
mesa, será lançada a iniciativa Compromisso com a Amazônia – Arpa para a Vida,
cujo objetivo é garantir a sustentabilidade financeira do Arpa, viabilizar sua
3ª fase e continuidade no longo prazo. Essa iniciativa é desenvolvida em
parceria entre WWF-Brasil, Ministério do Meio Ambiente, Fundo Nacional para a
Biodiversidade (Funbio), Fundação Moore e Linden Trust for Conservation. Também
serão apresentados os resultados alcançados pelo ARPA na criação e consolidação
de UCs na Amazônia, além da entrega do livro Arpa – Um novo caminho para a
Conservação da Amazônia (2ª edição), com resultados da primeira fase do
programa. Os organizadores são o Ministério do Meio Ambiente, WWF-Brasil e
Funbio. A mesa ocorre na Arena da Barra/HSBC, no auditório ARN-2, e é aberta ao
público. Evento em português e inglês.
Estarão
presentes o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio
Ambiente (MMA), Roberto Cavalcanti; a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria
Cecília Wey de Brito; a secretária-geral do Funbio, Rosa Lemos; o representante
do Lind Trust for Conservation, Roger Ullman; o representante do BNDES,
Guilherme Accyoli; o diretor de Desenvolvimento Sustentável para América Latina
do Banco Mundial, Ede Jorge Ijjaz-Vasquez; o líder para Recursos Naturais do
GEF, Gustavo Fonseca; e a representante da Fundação Gordon e Betty Moore,
Avecita Chicchón.
Fique
ligado: Código Florestal na Rio +20
-
Marcha em Defesa dos Bens Comuns e Contra a Mercantilização da Vida, no dia 20
(quarta). Concentração a partir das 14h no Centro do Rio de Janeiro, na esquina
da avenida Rio Branco com a avenida Presidente Vargas, na altura da Candelária.
Nenhum comentário:
Postar um comentário