segunda-feira, 18 de junho de 2012

WWF DEFENDE DESMATAMENTO ZERO NO PLANETA ATÉ 2020


Presidente do WWF, Yolanda Kakabadse afirmou que medida é política e economicamente possível. Rio de Janeiro (RJ): A presidente do WWF, Yolanda Kakabadse (Equador), defendeu hoje, durante o painel sobre Florestas nos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável (Riocentro), que a Rio+20 fixe uma meta de desmatamento zero para o planeta, até 2020. Segundo ela, a medida é política e economicamente possível, mas é preciso que a conferência trace os caminhos para alcançar esse objetivo, com envolvimento de governos, sociedade e empresas. A proposta encabeçada pelo WWF foi aprovada durante os debates e será levada ao segmento de alto nível da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Para Kakabadse, as florestas são bens públicos que oferecem serviços que beneficiam todo o planeta, como água limpa, regulação do clima e matérias-primas. "Falar de florestas é falar de um desenvolvimento inclusivo. Preservá-las não está ligado apenas a questões ambientais, mas também ao desenvolvimento sustentável e à qualidade de vida das pessoas que vivem ou dependem diretamente delas", ressaltou. Todavia, a presidente do WWF lamentou que a realidade é de perdas aceleradas de florestas. A cada ano, 13 milhões de hectares são perdidos, especialmente em países tropicais como o Brasil e a Indonésia, que abrigam metade das formas de vida do planeta e absorvem 20% das emissões globais de gases que ampliam o efeito estufa e fazem a temperatura subir. A área desmatada é semelhante ao tamanho da Nicarágua. “Ainda assistimos a dolorosa e alarmante destruição das florestas. E quando vemos sua destruição, podemos ter certeza de que as populações também estão sofrendo, pois são as florestas que ajudam a assegurar energia, água e alimento para todos”, enfatizou. Kakabadse também comentou que a redução das perdas florestais depende da capacidade de cada país de definir e aplicar leis fortes para proteger seus recursos naturais. Atenta aos retrocessos impostos à legislação florestal brasileira por setores atrasados da sociedade que ditam as regras no Congresso Nacional, a presidente do WWF ressaltou que o Brasil pode tomar ‘decisões visionárias’ na Rio+20. "Enfraquecer a proteção das florestas não é o melhor caminho. Precisamos de modelos econômicos inclusivos que valorizem as populações e os recursos das florestas nativas", concluiu. Sobre os Diálogos Sustentáveis. Um dos objetivos dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável é sugerir pontos a serem incluídos nas decisões do chamado segmento de alto nível da Rio+20, quando chefes e ministros de Estado sentarão à mesa de negociações. No painel de hoje (17), ficou claro que a diversidade de sugestões do público não cabia nos temas pré-selecionados pelo evento promovido pelo governo brasileiro e Nações Unidas. A votação realizada elegeu as sugestões: - Restaurar, até 2020, 150 milhões de hectares de terras desmatadas ou degradadas (com redação alterada para incluir meta do desmatamento zero até 2020); - Promover Ciência, tecnologia, inovação e conhecimentos tradicionais para enfrentar o principal desafio para as florestas: como torná-las produtivas sem destruí-las; - Investir no controle local das florestas, promovendo direitos de acesso aos recursos naturais, organização e capacitação em negócios e comércio justo para as populações locais. Resposta às crises. Durante a tarde de sábado (16), o WWF-Brasil acompanhou a mesa “Desenvolvimento Sustentável como Respostas às Crises Financeiras e Econômicas”, também como parte dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. A mesa teve duração de uma hora e contou com a presença de especialistas renomados, como a do diretor do The Earth Institute e da Universidade de Columbia, Jeffrey Sachs; do vice-presidente do Deuscthe Bank Group, Caio Koch-Weser; e do presidente da Global Reporting Initiative (GRI), Herman Mulder. As três propostas escolhidas pela plenária contemplam a criação de uma taxa de transações financeiras internacionais com o objetivo de contribuir com um Fundo Verde, que deve financiar tecnologias limpas e promover o trabalho justo; a educação de futuros líderes sobre desenvolvimento sustentável; e o fim do uso do Produto Interno Bruto (PIB) como índice de progresso social para nações e estados. Para o coordenador de Finanças para Sustentabilidade do WWF-Brasil, Clóvis Zapata, a mesa foi marcada pela defesa da Educação como método de combate à pobreza e pela adesão em massa à idia da taxa que financie iniciativas sustentáveis. “Essas ideias receberam muito apoio da plenária e mostraram muita força durante as discussões”, disse o especialista. Clovis, no entanto, fez várias críticas ao formato e à dinâmica do evento. “Do modo como está formatado, a mesa não é inclusiva e não abre espaço para as fala da plenária. Além disso, não há incentivo à contraposição e ao confronto direto de ideias”, falou. O especialista contou também que o foco da discussão esteve muito voltado ao ‘combate à pobreza’ e se deteve pouco nas questões ambientais. “Também não foi discutido como as propostas votadas serão implementadas e executadas posteriormente”, afirmou Zapata. “Palavras fracas” No sábado (16) à noite ainda, o WWF divulgou uma nota em que critica o andamento das negociações que vem ocorrendo desde a sexta-feira, quando o Brasil assumiu a presidência delas. O chefe da delegação do WWF, Lasse Gustavsson, afirmou que o texto apresentado ontem aos diplomatas é fraco e carregado de frases inexpressivas. “O texto de negociação é recheado de palavras como ‘apoiar’, ‘encorajar’ e ‘promover’, e é muito conciso em termos mais fortes como ‘devem’ e ‘decidem’”, destacou o chefe da delegação. Lasse fez várias críticas aos termos usados pelos negociadores: “Encorajar' é usado cerca de 50 vezes, enquanto a palavra ‘devem’ é usada apenas três vezes. Aparentemente, os negociadores gostam muito da palavra ‘apoiar’ - que foi usada cerca de 99 vezes - mas não suportam termos mais fortes como ‘decidem’, que aparece apenas cinco vezes”.   O chefe contou também que o documento é muito fraco e que o mundo precisa hoje de um manual de como ser salvo. “As palavras fracas aparecem nas partes do texto que mais precisávamos endurecer - o capítulo sobre economia verde inicia um processo que os negociadores já iniciaram em 1992. Os trechos sobre os necessários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e sobre energia, que poderia até ter sido escrito pelas empresas de petróleo e combustíveis, também deixam a desejar”, concluiu. Acre, o exemplo amazônico - No estado do Acre, o WWF-Brasil vem promovendo manejo adequado de florestas. Produtos como madeira, borracha e castanha-do-Brasil, têm proporcionado renda a moradores da floresta, aliada à conservação da biodiversidade. Com a venda de madeira certificada e de castanhas, a vida de comunidades vem melhorando, permitindo a extrativistas adquirir eletrodomésticos básicos e roupas, bem como adequar suas moradas. Dados da Secretaria Estadual de Florestas do Acre mostram que o manejo florestal feito a partir de parcerias entre comunidades, empresas, governo e organizações não-governamentais têm elevado a renda média anual de uma família acreana da área rural de R$ 1,2 mil a R$ 3 mil para valores entre R$ 4 mil e R$ 6,5 mil. Ou seja, o manejo pode gerar mais renda do que práticas predatórias, ou até mesmo que a agricultura tradicional. Energia sustentável e acessível. Hoje na Rio +20, a Rede WWF, que defende água, energia e alimentos para todos como uma meta para a conferência, realizou o evento “Energia sustentável e acessível: do trabalho de campo às políticas públicas”. No encontro foram apresentados projetos liderados pela organização para promover o acesso à energia sustentável na Índia, Madagascar e Uganda. Lembrando a realidade que mais de um bilhão de pessoas vivem com pouco ou sem acesso à eletricidade, Yolanda Kakabadse, presidente do WWF, ressaltou a importância da energia sustentável para o desenvolvimento social e econômico. “Eu gostaria que todos relacionassem o que estamos debatendo aqui com o que queremos ver como resultado da Rio +20. O WWF é ambicioso neste sentido. Nós queremos pelo menos 40% da energia advinda de fontes renováveis e queremos ver recursos para a implementação disso”, afirmou Kakabadse. A presidente do WWF ainda declarou que está desapontada com o rascunho do documento oficial para as negociações liberado hoje. “Há seis dias do momento decisivo, o documento é terrivelmente desanimador. Nós temos que enviar mensagens fortes para os tomadores de decisão e reverter esse quadro”, concluiu. Capacitação de catadores - O vídeo “Catador fala para Catador” foi lançado na tarde deste domingo (17), no Fórum de Sustentabilidade Corporativa da Rio+20, no hotel Windsor Barra, pelo líder do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Roberto Laureano da Rocha, com a presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. O vídeo de 10 minutos, produzido no âmbito do Programa Água Brasil, retrata a capacitação de catadores de materiais recicláveis desenvolvida e aplicada pelos próprios catadores. “Nós defendemos muito esse processo de formação”, disse Rocha. De acordo com o líder, os primeiros desafios do movimento foram trabalhar com grupos de pessoas em situação de extrema pobreza. Agora, segundo ele, há novos desafios, que incluem, entre outros assuntos, a luta contra o uso de incineradores no Brasil. O Programa Água Brasil, concebido pelo Banco do Brasil, é desenvolvido em parceria com Fundação Banco do Brasil, Agência Nacional de Águas e o WWF-Brasil. “A formação dos catadores é fundamental para sua organização. O Banco do Brasil orgulha-se de poder apoiar o atendimento dessa necessidade por meio do Programa Água Brasil. Trata-se de uma iniciativa estruturante que certamente apoiará o processo de melhoria das condições de trabalho e de vida no setor”, avalia o gerente executivo da Unidade de Desenvolvimento Sustentável (UDS) do BB, Wagner Siqueira, que participou do lançamento. “Este vídeo é mais uma ferramenta de sensibilização para a mudança. Ele mostra a capacidade dos catadores transmitirem não só para eles mesmos, mas para toda a sociedade, a necessidade de mudarmos hábitos e atitudes em relação ao nosso consumo e descarte”, disse o coordenador do eixo Cidades Sustentáveis do Programa Água Brasil, Fábio Cidrin. O vídeo já está disponível na internet, no link a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=4dRxJZ3Amqc
Confira a programação do WWF-Brasil para esta segunda, 18 de junho:
14h: Palestra “Amazônia no contexto da sustentabilidade – os desafios e perspectivas para a conservação da biodiversidade no bioma amazônico”
Este evento, que será aberto ao público, é promovido pela Fiesp no Forte de Copacabana e tem como objetivo falar sobre os desafios e ameaças relacionados ao bioma amazônico. A secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Britto, vai defender o posicionamento da instituição sobre o assunto, que prevê, entre outras iniciativas, o incentivo à criação, consolidação e ampliação de unidades de conservação; a promoção do uso responsável dos recursos naturais e do manejo sustentável; e o desenvolvimento de programas nacionais para reduzir as emissões de carbono oriundas do desenvolvimento.
14h: Marcha a Ré – Ato em Defesa das Florestas
Promovido pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e Sustentabilidade e parte dos eventos mais afinados com a Cúpula dos Povos, o ato terá concentração a partir das 14h e sairá do Museu de Arte Moderna (MAM) até a sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O evento é um protesto contra os retrocessos da legislação ambiental brasileira e prevê, na metade de seu percurso, em “marchar de ré” como forma de protesto. Serão utilizados cartazes, apitos e instrumentos musicais, além da presença de artistas circenses e representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais. O evento é aberto à participação do público.
15h15-19h: Palestra Responsabilidade socioambiental e segurança alimentar.
Este evento objetiva mostrar como é possível a coexistência entre o agronegócio e a segurança alimentar e vai tratar também da necessidade de adoção de um modelo mais sustentável de agricultura, que inclua valores ambientais e sociais na prática do mercado; e da possibilidade de interação entre o agronegócio, a agroecologia e a agricultura familiar em busca de uma nova economia verde, onde todas possam caminhar juntas e se beneficiar mutuamente.
O WWF-Brasil vai se posicionar em prol da sustentabilidade ambiental aliada ao desmatamento zero e a políticas e instrumentos de mercado que apóiem estratégias especificas de produção agropecuária e uso do solo. O evento é aberto ao público, será em português com tradução simultânea para inglês e espanhol, e vai ocorrer na Arena da Barra/HSBC, no auditório ARN-3.
15h – 17h30: Painel “Sustainable Aviation Biofuels” (Biocombustiveis Sustentáveis para a Aviação)
Esta mesa tem como objetivo discutir a questão dos biocombustíveis, sua produção sustentável no contexto da cana de açúcar e sobre como atingir o equilíbrio entre segurança alimentar e a produção de biocombustiveis. O WWF-Brasil, por meio de seu analista de Conservação, Edegar Rosa, vai falar sobre o seu posicionamento a favor da viabilidade do uso de biocombustíveis na aviação, considerando o impacto no uso da terra e competição com alimentos – sem desmatamento, sem mudança indireta no uso do solo e por meio de produção certificada por padrões que garantem isso. O evento acontece no Forte de Copacabana, será em inglês e português. Organizado por Fiesp, Firjan e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), é aberto ao público.
17h-19h: Apresentação dos resultados do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) e lançamento da Iniciativa Compromisso com a Amazônia
Nesta mesa, será lançada a iniciativa Compromisso com a Amazônia – Arpa para a Vida, cujo objetivo é garantir a sustentabilidade financeira do Arpa, viabilizar sua 3ª fase e continuidade no longo prazo. Essa iniciativa é desenvolvida em parceria entre WWF-Brasil, Ministério do Meio Ambiente, Fundo Nacional para a Biodiversidade (Funbio), Fundação Moore e Linden Trust for Conservation. Também serão apresentados os resultados alcançados pelo ARPA na criação e consolidação de UCs na Amazônia, além da entrega do livro Arpa – Um novo caminho para a Conservação da Amazônia (2ª edição), com resultados da primeira fase do programa. Os organizadores são o Ministério do Meio Ambiente, WWF-Brasil e Funbio. A mesa ocorre na Arena da Barra/HSBC, no auditório ARN-2, e é aberta ao público. Evento em português e inglês.
Estarão presentes o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Roberto Cavalcanti; a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito; a secretária-geral do Funbio, Rosa Lemos; o representante do Lind Trust for Conservation, Roger Ullman; o representante do BNDES, Guilherme Accyoli; o diretor de Desenvolvimento Sustentável para América Latina do Banco Mundial, Ede Jorge Ijjaz-Vasquez; o líder para Recursos Naturais do GEF, Gustavo Fonseca; e a representante da Fundação Gordon e Betty Moore, Avecita Chicchón.
Fique ligado: Código Florestal na Rio +20
- Marcha em Defesa dos Bens Comuns e Contra a Mercantilização da Vida, no dia 20 (quarta). Concentração a partir das 14h no Centro do Rio de Janeiro, na esquina da avenida Rio Branco com a avenida Presidente Vargas, na altura da Candelária.

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