Unidades de conservação, guia de consumo, economia
verde e exibição de vídeos foram destaque na programação do WWF-Brasil nesta
sexta-feira (22).
Rio
de Janeiro: No último dia da Rio+20, ainda são muitas as incertezas sobre como
será adotado o relatório final da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável. Nesse cenário, para a presidente do Conselho do
WWF Internacional, Yolanda Kakabadse, “seria justo o Brasil reconhecer que não
houve vontade política, nem empenho de nenhum país presente aqui para incluir
medidas mais ousadas no documento da Rio+20”.
Segundo ela, “os países vieram aqui, os chefes apertaram as mãos, mas
ninguém fez nada para melhorar o documento”. E advertiu: “Se eles quisessem
fazer a diferença, poderiam ter dito: não aceitamos o documento, e teriam
proposto mudanças no texto. Mas todos baixaram a cabeça e aceitaram. Não
quiseram ir contra, questionar e se comprometer com medidas mais ousadas”,
concluiu Yolanda. Maria Cecilia Wey de Brito, secretária geral do WWF- Brasil,
destacou que conferências como a Rio+20 são importante pois reúnem muitos
países permitindo ver qual o papel assumido por cada um deles nas negociações.
Avaliando o discurso do governo brasileiro, que assumiu ser o documento
resultante das negociações “o documento possível”, Maria Cecília ressaltou que
o planeta precisa de um máximo possível de legislações e acordos na direção da
sustentabilidade, e não de acordos mínimos. Professores levam sustentabilidade
para casa - Dezenas de professores de escolas do Rio de Janeiro, de outros
estados e inclusive de fora do país levaram da Rio+20 algo mais que boas
recordações: uma série de materiais didáticos e boa dose de entusiasmo para
educação ambiental. O grupo participou, nesta sexta-feira (22), de uma oficina
de educação ambiental na Fundação Planetário, na capital fluminense, como parte
da programação da Rio+20. Foi utilizado como material didático, publicações
desenvolvidas pelo WWF-Brasil e parceiros, a exemplo do livro “Investigando a
Biodiversidade: guia de apoio aos educadores do Brasil”, o “Pequeno guia de
consumo para um mundo pequeno”, além do jogo “Reciclando”. A oficina foi organizada
pelo Instituto Supereco, com apoio do WWF-Brasil e do Programa Água Brasil,
concebido pelo Banco do Brasil e desenvolvido em parceria com a Fundação Banco
do Brasil, a Agência Nacional de Águas. A bióloga Terezinha Martins, do
WWF-Brasil, fez ainda, durante o evento, uma apresentação do cálculo da pegada
ecológica, método que mede o impacto da ação humana sobre a natureza. “Esse
tipo de oficina é muito útil para o trabalho em sala de aula, porque amplia a
nossa visão sobre o assunto”, disse a professora carioca Zoraia Leite da Silva.
Já a professora Giuliana Zegarra, do Peru, se disse entusiasmada para voltar
para casa e começar um projeto piloto de educação ambiental usando os novos
conhecimentos e ferramentas que conheceu na oficina. “Tudo aqui é muito novo
para mim. Precisamos desse trabalho continuado para fazer a mudança
necessária”, disse. Escravidão e devastação - Ainda na Fundação Planetário, o
WWF-Brasil e Instituto Ethos apresentaram hoje, durante o Fórum Amazônia
Sustentável, na Rio+20, o estudo “Combate à devastação ambiental e ao trabalho
escravo na produção do ferro e do aço”. Em suas 140 páginas, a publicação
revela conexões nacionais e internacionais dessas práticas ilegais, alcançando
Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga, além de empresas
brasileiras e multinacionais de vários setores produtivos, como siderúrgicas,
guseiras, montadoras, cimenteiras, entre outros. Também joga luz sobre o tamanho e a
complexidade dessas cadeias produtivas, O estudo também promoveu uma
articulação com entidades civis e empresas para a definição conjunta de
soluções. Para o coordenador do Programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil,
Michael Becker, a iniciativa para a erradicação do trabalho escravo e da
degradação ambiental da produção de aço, gusa e carvão demonstra que caminhos
para o tão falado desenvolvimento sustentável podem ser construídos pela
sociedade civil e setor produtivo. “A Rio+20 não trouxe resultados oficiais
significativos, apesar de já dispormos de tecnologia, vontade e caminhos para
muitas soluções. Não precisamos aguardar por grandes acordos multilaterais para
agir”, ressaltou. É possível saber mais sobre esta iniciativa nos links abaixo:
http://www.wwf.org.br/?uNewsID=31543
http://www.wwf.org.br/?31062/Entidades-civis-e-empresas-se-unem-para-combater-a-devastao-ambiental-e-o-trabalho-escravo-na-produo-de-carvo-vegetal
Mesa redonda discute a certificação de commodities - Em evento organizado pelo
governo holandês, no Pavilhão da União Européia, no Parque dos Atletas,
representantes do país, de empresas e do WWF-Brasil discutiram como garantir a
produção sustentável da soja. O evento teve entre os palestrantes o ministro
holandês para as Relações Europeias e Cooperação Internacional, Johan Van Der,
e o coordenador do programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil, Cássio Moreira
Franco. Na sua apresentação, Johan Van der destacou que, com o aumento da
demanda por alimentos resultante do crescimento populacional, os governos
precisam descobrir caminhos para a produção sustentável dessas commodities.
“Estamos convencidos de que a sustentabilidade tem que estar sempre como uma
questão central neste processo”, disse. A Holanda é o segundo maior comprador
de soja do mundo, ficando atrás apenas da China. E o Brasil é segundo o maior
produtor da commodity, principalmente no Cerrado brasileiro. Durante o debate,
o coordenador do Programa de Agricultura e Meio Ambiente do WWF-Brasil destacou
a importância de estimular a certificação da soja, uma vez que a sua produção é
uma das grandes responsáveis pelo desmatamento e pela contaminação do solo,
devido ao uso de produtos químicos. Por isso, o WWF apoio esse processo. “A
iniciativa da Holanda é muito importante e esperamos que esse exemplo seja
seguido por outros países”, destacou Franco. O governo holandês vem atuando com
o estímulo à produção sustentável da soja, apoiando os produtores no processo
de certificação RTRS. Esse apoio é feito por meio da Iniciativa de Comércio
Sustentável da Holanda (IDH), que tem a participação do governo, de empresas
holandesas de varejo, comércio e indústria e de organizações da sociedade civil,
como o WWF e o Solidariedade. Em dezembro do ano passado, foi assinado um
compromisso dessas instituições de que até 2015, 100% da soja consumida no país
seja proveniente de produção certificada (RTRS). Para apoiar os produtores
nesse processo de certificação e realizar campanhas junto aos consumidores,
estão sendo investidos inicialmente € 7 milhões (cerca de R$ 17 milhões). Os
recursos são de um fundo, criado com recursos do governo e da iniciativa
privada.
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