A
sabedoria dos jaguares de Yurupari - Este foi, segundo a lenda, o
"conhecimento-poder" concedido pelos Deuses à Humanidade: um conjunto
de leis para se saber viver na floresta Amazônica estabelecidas desde os
primórdios da vida. Ainda hoje persistem nas mentes e nos atos dos "jaguares",
os conhecedores tradicionais desta sabedoria. (fonte Visão) - Recentemente
reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, os
conhecimentos tradicionais dos “Jaguares do Yurupari”, denominados “sabedores
tradicionais - Kumu” pelos povos da etnia Barasana da Amazônia colombiana terá
um de seus porta-vozes e representantes de maior destaque presente na
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Reynel Ortega, (41 anos em 14 de junho), coordenador tradicional do processo de
meio ambiente de ACAIPI - Associação da Autoridade Indígena do rio Pirá Paraná,
integra a comitiva que a articulação indígena Consolidación Amazônica – COAMA,
que trabalha com os temas de meio ambiente e populações indígenas na Amazônia colombiana,
traz ao evento. O conhecimento tradicional do Xamã Jaguar do Yuruparí
representa a herança cultural de todos os grupos étnicos que vivem ao longo do
Rio Pirá no Paraná, na região sudoeste da Colômbia. Especificamente na zona
interior da Grandiosa Reserva Indígena de Vaupés. De acordo com esta sabedoria
ancestral, o Pirá-Paraná (Hee Oko Ba ou águas do Rio de Yurupari) é o
"coração" de um território especial chamado Hee Yaia Godo Bakari -
território dos Jaguares de Yuruparí - em que os chamados "jaguares"
não são animais, mas sim as pessoas dotadas desta sabedoria. No passado, todos
os grupos humanos a viver neste território possuíam a sabedoria e os
instrumentos de Yuruparí, e utilizavam-na em rituais para proteção espiritual do
mundo. Os impactos nesta região, devido sobretudo aos contactos com o mundo
ocidental, vieram fazer com que a maioria das comunidades perdessem este legado
ancestral, ao ponto de hoje em dia ser quase exclusivo dos grupos étnicos do
Pirá-Piraná, os quais ainda conservam e praticam esta herança cultural milenar
de sabedoria tradicional para benefício da região da Amazônia. Hee Yaia Keti
Oka refere-se ao conhecimento sagrado desde que a sua origem foi concedida aos
grupos étnicos do Pirá-Paraná pelos seus criadores - os Ayawa - por estes terem
tomado conta do território e da vida. As lendas contam como a criação do mundo
foi um caos, mas também como os Ayawa criaram o conhecimento que gerasse a
ordem. Segundo diz a lenda, os Ayawa apaziguaram e guardaram todo o mal que foi
imposto sob a Terra, e estabeleceram linhas orientadoras para o tempo e para o
território. Desta forma deram, mais tarde, origem ao Hee Yaia Keti Oka, que
liga os ritmos do Universo e da Natureza às atividades e rituais diários dos
humanos. Basicamente o seu objetivo foi e é estabelecer uma boa base para a
vida, mantendo a integridade do cosmos e estabelecendo a ordem. Conta a lenda
que Durante o surgimento da Humanidade, os Deuses passaram esta sabedoria para
que a vida fosse regenerada para o bem-estar de todas as pessoas. Este foi o
"conheciment- poder" concedido à Humanidade - um conjunto de leis
para se saber viver na floresta estabelecidas desde os primórdios da vida - o
qual foi e continua a ser gerido pelos conhecedores tradicionais (jaguares). Na
candidatura a Patrimônio Imaterial da Humanidade é referido que "Com base
nesta sabedoria ancestral, a saúde pode ser cuidada e os mecanismos de
transmissão deste conhecimento ativados, para que a palavra, a história, a
Terra e a Natureza sejam preservados com o poder de Yuruparí". No próximo
dia 16, no pavilhão da União Européia, Parque dos Atletas, Rio de Janeiro, a
partir das 17h, a COAMA apresenta o painel "Guardiães da Floresta - 20
anos de cooperação da União Européia na amazônica colombiana". Na ocasião
será realizado o lançamento da publicação "Guardiães da Floresta -
governabilidade e autonomia na amazônia colombiana" com relato dos avanços
e desafios enfrentados pelos povos indígenas da Amazônia colombiana ao longo
das últimas duas décadas.
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