A
ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse, nesta quarta-feira
(06/06), que o brasileiro começa a tomar consciência sobre a importância de sua
participação em relação às questões ambientais.
Ao divulgar, no Rio, os resultados da pesquisa sobre o tema, ela concluiu que a amostragem revela
que a população percebe a descentralização da responsabilidade em relação ao
meio ambiente. "Nós precisamos
oferecer os caminhos para uma mudança de comportamento", afirmou. "A responsabilidade é compartilhada
entre governo, empresas e sociedade. É
hora de olhar pra os deveres e não só para os direitos". Realizada desde
1992, a pesquisa "O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável"
apresenta, na edição 2012, resultados
inéditos. Mostra, por exemplo, uma evolução significativa na consciência ambiental dos brasileiros. O
indicador mais relevante desta
transformação está no número de pessoas que, 20 anos atrás, não sabiam mencionar sequer um problema ambiental
na sua cidade ou no seu bairro. Este
número diminuiu para 10% este ano, em relação aos 46% de 1992. A pesquisa aborda, ainda, os principais
problemas ambientais identificados pelos
brasileiros no Brasil e no mundo; como os
brasileiros avaliam a atuação de órgãos públicos e empresas
privadas na conservação ambiental;
hábitos de consumo e reciclagem; a disposição
do brasileiro para se engajar na solução de problemas ambientais; meios que a população usa para se
mobilizar e se informar sobre questões
ambientais e o que mais os orgulha no país. METODOLOGIA - Realizada pelo
Instituto CP2 de Belo Horizonte (MG), vencedor de licitação nacional do Ministério do Meio
Ambiente (MMA), a pesquisa contou com a
cooperação técnica do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). É representativa da
população brasileira adulta acima de 16
anos. Foram realizadas 2,2 mil entrevistas domiciliares em áreas urbanas e rurais, nas cinco regiões
brasileiras. "Essa pesquisa é para
ser adotada por todos os setores da sociedade brasileira", destacou a secretária de Articulação
Institucional e Cidadania Ambiental do
MMA, Samyra Crespo. "Essa é a ideia do governo ao fazer a parceria com o setor privado para a
realização da pesquisa". A pesquisa mostra que conceitos como
desenvolvimento sustentável, consumo
sustentável e biodiversidade já fazem parte do repertório de quase metade da população brasileira (47%). E
que este percentual tende a aumentar à
medida que a mídia dê mais espaço ao tema,
traduzindo para o dia a dia a aplicação desses conceitos. Os
gráficos mostram que cada vez mais
brasileiros são capazes de identificar problemas
ambientais e atribuir importância ao seu enfrentamento. Um quarto do total de
entrevistados que demonstrou conhecimento sobre
assuntos relacionados ao meio ambiente escolheu a opção "cuidar
do meio ambiente, das pessoas e da economia
do país ao mesmo tempo", como
defende a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que começa no próximo
dia 13, no Rio de Janeiro. Mas a opção
mais votada (69%) relacionou desenvolvimento sustentável à não destruição dos recursos naturais, que é
apenas parte do problema. Portanto, de
acordo com os responsáveis pelo estudo, quando os brasileiros pensam na Rio+20, a noção de meio
ambiente é a que prevalece. Isso mostra
que a concepção do encontro, pensado a partir
de três pilares - social, ambiental e econômico - ainda precisa ser melhor esclarecida. FAUNA E FLORA - Por outro
lado, o conceito de meio ambiente é cada vez menos naturalista, ou seja, menos identificado com
fauna e flora. Os brasileiros se sentem
parte da biodiversidade e assumem, cada vez
mais, suas responsabilidades. Praticamente 100% da população consideram importante o cuidado e a proteção
do meio ambiente, destacando que este
cuidado é necessário à nossa sobrevivência e a um futuro melhor para a humanidade. Na prática,
a população brasileira ainda apresenta hábitos predatórios ao meio ambiente e à sua própria qualidade de
vida, mas aumenta a disposição para
atitudes pró-ativas, assim como elevou-se o
conhecimento sobre os problemas. Ações como a Política Nacional de Resíduos Sólidos e campanhas como a Saco é um
Saco, que incentiva a redução do uso de
sacolinhas plásticas nas compras em supermercados, já repercutem na população. Além disso, 85%
dos brasileiros dizem estar dispostos a aderir a uma campanha para reduzir o consumo de sacolas
plásticas e 35% afirmam que, em suas
cidades, já existem estímulos neste sentido. No entanto, 58% dizem não ter o hábito de levar a própria
sacola ou carrinho ao supermercado. As
ações pró-ambiente estão concentradas em homes e mulheres com nível mais alto de escolaridade
e residentes em áreas urbanas,
independentemente da renda. A pesquisa mostrou que a população não considera a
preocupação com o meio ambiente no
Brasil exagerada. E vai além: as pessoas não estão dispostas a ter mais progresso às custas da
depredação dos recursos naturais (82%).
Aumentou o número de brasileiros, de 38% em 2006 para 51%, em 2012, dispostos a
contribuir com dinheiro para proteger a Amazônia,
que continua a preferida, seguida pela Mata Atlântica, a Caatinga e o Pantanal.
RESÍDUOS - Na fase que de pós-consumo, os brasileiros ainda possuem
hábitos prejudiciais, sobretudo no
descarte incorreto de itens como pilhas,
baterias e lixo eletrônico. Mas, em comparação a 1992, a preocupação com o lixo aumentou significativamente (29%),
fato que pode ser atribuído à divulgação
da Política Nacional de Resíduos Sólidos, desde
2010. Segundo a pesquisa, 52% da população brasileira ainda não
separam lixo, mas quase metade (48%)
afirma fazê-lo. A disposição em separar o
lixo é maior nas áreas urbanas (50%), contra 35% na área rural. A região
Sul possui o maio percentual de coleta seletiva (76%), seguida pelo Sudeste (55%), Centro-Oeste (41%) e
Nordeste (32%). A região Norte possui o menor índice de famílias que separam o
lixo, 27%. A disposição para separar o lixo vem aumentando significativamente.
Em 2001 era de 68%, em 2006, 78%, e em
2012 é de 86%. GOVERNANÇA - Cada vez mais os brasileiros consideram o governo
estadual (61%) e prefeituras (54%) como
responsáveis por cuidar dos problemas ambientais.
O governo federal ficou com 48% de responsabilidade. A visão de que o governo é
quem deve resolver as questões ainda predomina
sobre as responsabilidades comunitárias ou individuais. Ao longo dos anos, a
pesquisa mostrou que os efeitos da descentralização já permeiam a percepção dos
brasileiros. Na primeira edição, a maior parte da população atribuía ao governo
federal a maior responsabilidade (51%). Já
o conhecimento sobre o que é uma "empresa cidadã" ainda é baixo: 76%
dos entrevistados nunca ouviram falar. Desde 1991, as empresas tendem a ser o segmento avaliado mais negativamente
pela população - 55% das pessoas avaliaram negativamente. Na esfera
governamental, os percentuais mais negativos vão para os municípios (49%) e os
estados (48%). O governo federal teve 37% de avaliação negativa. CONSUMO - Dois
terços dos brasileiros (66 em cada 100) dizem desconhecer o que é consumo sustentável e 34% disseram ter ouvido
falar. Somente uma minoria, 3%, apontou
erroneamente que consumo sustentável é "comprar produtos mais baratos". Desde 2001, vem
aumentando a disposição do consumidor
brasileiro para comprar produtos orgânicos (de 73% para 81%). A pesquisa de
2012 confirma outros estudos na área: a mulher é quem exerce o maior poder de decisão de compra no
domicílio, principalmente para o
abastecimento da família. Já os itens classificados como bens duráveis (eletroeletrônicos) ou férias no
exterior são decididos por ambos ou
pelos homens. Os únicos itens em que os filhos opinam com força são os cursos
de inglês ou informática. A pesquisa foi realizada entre 15 e 30 de abril de
2012. Contou com a colaboração de
técnicos em pesquisa das empresas Pepsico, Walmart e Unilever para realização de estudo
qualitativo sobre mulheres e consumo,
divulgado dia 31 de maio no Rio de Janeiro. As duas pesquisas, a qualitativa e a quantitativa,
fazem parte de uma cooperação entre o
governo e o setor produtivo, no âmbito do Plano de Ação em Produção e Consumo Sustentável, lançado
pelo governo federal em dezembro de
2011. EMPRESÁRIOS - Após a coletiva de imprensa, a ministra Izabella Teixeira
participou do encontro "Diálogos
pela sustentabilidade", promovido pelo MMA em parceria com o Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável
(CEBDS). Neste evento, foi debatida uma agenda de ação comum entre governo e
setor privado pela sustentabilidade. Participaram
o presidente do Banco Nacional para o Desenvolvimento (BNDES), Luciano Coutinho, e o presidente da
Gerdau, Jorge Gerdau, além de CEOs de
várias outras empresas. Os temas debatidos foram competitividade e meio
ambiente, focado nas oportunidades do
ponto de vista das cadeias produtivas; boas práticas do setor privado que podem servir de exemplo
e ganharem escala; e desdobramentos da
Visão Brasil 2050 para a agenda 2012.
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