Um
grupo criminoso que utilizava do golpe do falso sequestro para extorquir
vítimas foi desarticulado pela Gerência
de Combate ao Crime Organizado da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso, na
quinta-feira (07.06), em Cuiabá. Uma mulher, dois homens e um menor foram
autuados em flagrante após extorquirem R$ 2.480, de uma vítima do município de
Aral Moreira, no Estado de Mato Grosso do Sul (MS). Três presos da
Penitenciária Central do Estado também vão responder pelos crimes. O golpe era
praticado de dentro da Penitenciária Central do Estado, por três detentos do
Raio 2. Os reeducandos Jair da Silva, Cleverson Patrick Ferreira do Carmo e
Luciano Correa de Arruda, ligavam aleatoriamente para telefones celulares de
vítimas e diziam que estava com um parente (um filho, irmão, pai ou mãe)
sequestrado e exigiam dinheiro em troca da vida dele. Com ameaças de morte e
utilizando do nervosismo da vítima, os golpistas acabam convencendo a vítima de
que realmente está com alguém de sua família. Do lado de fora, os presidiários
contavam com apoio de Cerdilene Santana Antunes, 44, que cedia contas correntes
de cinco agências bancárias de Cuiabá, para as vítimas depositarem o dinheiro, que depois era
repassados aos comparsas Carlos Guilherme da Silva Junior, 31, Glauco César
Arruda Zatar, 28 e ao menor P.H.O.S, 16 anos. Todos foram autuados nos crimes
de quadrilha ou bando e extorsão, sendo o menor responsabilizado em ato
infracional. A mulher contou aos policiais do GCCO que apenas recebia, retirava
e transferia os valores recebidos nas contas bancárias. Ela também informou que
é namorada do presidiário Jair da Silva, a qual conheceu através de uma amiga
durante visita no presídio. Com extratos apreendidos das contas da suspeitas,
os policiais identificaram quatro depósitos, um R$ 1,2 mi e três R$ 1 mil,
todos de extorsão de vítimas que caíram no golpe, nos últimos dois meses. “A
quadrilha sempre começa com valores altos de R$ 15 a 20 mil, mas depois vai
baixando para valores que é possível sacar rapidamente”, explicou o
delegado Flávio Henrique Stringueta,
chefe da Gerência de Combate ao Crime Organizado. De acordo com o delegado, a
quadrilha conseguiu extorquir dinheiro de cinco vítimas, identificadas até
agora, mas o número de pessoas que recebem o golpe é muito maior. “Tem muita
gente que não cai no golpe, mas o crime aconteceu mesmo que a pessoa não tenha
depositado o dinheiro, por isso pedimos que seja comunicado à polícia”, destaca
o delegado. Conforme Flávio Stringueta, a quadrilha conta, principalmente, com
a ingenuidade e desespero da vítima, que diante de toda uma performance teatral
acaba se convencendo que de fato tem um ente seu sob ameaça e assim termina fornecendo
detalhes da pessoa supostamente sequestrada para assustar e convencer a vítima
a pagar rapidamente. “Orientamos que tenha calma, desligue o telefone e acione
a polícia”, frisa Flávio. Stringueta disse ainda que o crime é muito grave, por
ser praticado de dentro de presídios e atingir o país inteiro, daí também a
dificuldade de apurar, uma vez que as
vítimas estão espalhadas por todas as regiões brasileiras. “É um crime muito grave, que expõe a
fragilidade das cadeias brasileiras e coloca em risco à sociedade que não
deveria estar mais a mercê desses criminosos. Isso acontece porque temos uma
falha no sistema, com a entrada de celulares dentro das unidades prisionais”,
destacou o delegado Flávio Henrique Stringueta.
Vítima - No caso da quadrilha presa pelo GCCO, uma das vítimas que caiu
no golpe foi um cidadão de Aral Moreira, que recebeu uma ligação de uma pessoa
se passando por seu sobrinho, informando que estava com o carro quebrado na
estrada e precisava de dinheiro para pagar o dono da oficina, pois estava sem
talão de cheque. A vítima transferiu R$ 2.400, na conta informada. Depois, ao
conseguir falar com o sobrinho,
descobriu que havia caído no golpe e cancelou a transferência. Antecedentes
- O preso Carlos Guilherme tem passagens por roubo, porte ilegal de arma de
fogo, lesão corporal e violência doméstica. - Ascom
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