Na semana em que se
comemora o Dia Mundial da Água, falar sobre a conservação de recursos hídricos
como aliado das unidades de conservação é fundamental. Minas Gerais tem
diferentes exemplos da importância dessas áreas. O abastecimento da população
de cidades inteiras é garantido por nascentes e mananciais localizados no
interior dessas reservas ambientais. “Proteger nascentes e mananciais é uma das
diversas funções de Parques, Reservas Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental,
dentre outras áreas de proteção do tipo”, afirma o diretor de Unidades de
Conservação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Henri DuboisCollet. Em
Minas Gerais, existem 93 unidades de conservação de diferentes categorias que
garantem a proteção de quase 2,5 milhões de hectares nos três biomas existentes
no Estado: Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. A região do Barreiro, uma das
mais importantes de Belo Horizonte, é abastecida por águas que nascem no Parque
Estadual da Serra do Rola-Moça. Mesmo caso de Montes Claros, no Norte do Estado,
onde cerca de 30% da população do município recebe águas que nascem no interior
no Parque Estadual da Lapa Grande. Em Ouro Preto e Mariana, no Quadrilátero
Ferrífero, o Parque Estadual do Itacolomi, abriga nascentes que contribuem para
a formação de duas bacias hidrográficas: a do São Francisco (rio da Velhas) e
do rio Doce. No Leste Mineiro, a população da cidade de Resplendor passou
momentos de apreensão quando a captação de água no rio Doce foi suspensa depois
que a lama proveniente da barragem Fundão, em Mariana, atingiu a região, em
novembro de 2015. O córrego Barroso, que passa no interior do Parque Estadual
de Sete Salões, se tornou fonte de água para o município. As águas que nascem
na unidade de conservação abastecem ainda o povoado de Aldeamento, em Santa
Rita do Ituêto, com o córrego Boa Esperança, e o povoado de São Roque, em
Conselheiro Pena, com o córrego Boa Vista. Ambientes únicos - A lagoa do
Sumidouro, em Lagoa Santa, quando cheia, é a porção de água mais expressiva do
Parque Estadual de mesmo nome, e pode atingir cerca de oito quilômetros de
perímetro. Desde o final de 2012, foram poucas as chuvas na região, o que tem
contribuiu com o seu esvaziamento, permanecendo em seu leito apenas o córrego
Samambaia, que drena para a gruta existente sob a Lapa do Sumidouro e, depois,
se encaminha abaixo do solo para o rio das Velhas. “Com as chuvas iniciadas no
final de 2015, a lagoa vem recuperando suas águas”, explica o gerente do
Parque, Rogério Tavares de Oliveira. O fenômeno de cheia e seca da lagoa é
natural e histórico, devendo-se à localização em um relevo chamado cárstico e a
variações climáticas com secas prolongadas. O Parque Estadual do Sumidouro
protege esse tipo raro de relevo que é formado pela ação da água na dissolução
de certos tipos de rochas como o calcário, o que propicia o aparecimento de
cavernas, sumidouros, dolinas e lagoas como a do Sumidouro. “Esses subterrâneos
de água, os chamados aquíferos, se comunicam com as águas dos córregos, lagoas
e rios na região, indo ao encontro do rio das Velhas”, afirma Rogério Tavares.
No Leste Mineiro, o Parque Estadual do Rio Doce está inserido em um complexo
lacustre de cerca de 300 lagoas e abriga 42 deles. Essa característica singular
conferiu-lhe em 2010, o título de Sítio Ramsar do Brasil, categoria
internacional de áreas úmidas dada por uma convenção da Unesco para áreas que
protegem parte de sua biodiversidade em ambientes úmidos. “Os lagos que
constituem uma riqueza única do Parque foram formados a partir dos tributários
do rio Doce que muito tempo atrás cruzava a unidade de conservação e que,
atualmente, apenas margeia a unidade de conservação em sua porção norte”,
explica o gerente do Parque, Vinicius de Assis Moreira. Dentre eles, destaca-se
a lagoa Dom Helvécio, com seus 750 hectares de espelho d’água margeados por uma
rica e preservada Mata Atlântica. Recuperação - A recuperação de áreas
importantes para a biodiversidade também é necessária para garantir a
recuperação de nascentes. “As equipes que trabalham nas unidades de conservação
realizam trabalhos no seu interior e também nas áreas próximas, junto aos
proprietários rurais”, explica o diretor de Unidades de Conservação do
Instituto Estadual de Florestas (IEF), Henri DuboisCollet. O Parque Estadual
Serra Verde está localizado no vetor norte da cidade de Belo Horizonte e abriga
24 nascentes que dão origem ao córrego Floresta, que deságua no rio das Velhas.
“Preservar esta área ao longo dos anos tem sido um desafio, pois grande parte
dos topos da serra está tomada por capins invasores, e consequentemente, os
incêndios são recorrentes”, afirma André Portugal Santana, gerente do Parque.
“Uma área sem vegetação prejudica as nascentes do Parque, já que a água escorre
sem se infiltrar no solo”, explica Santana. “Projetos de prevenção e combate
aos incêndios, a recuperação da cobertura vegetal e um mês de janeiro que
atingiu a média de chuva, favoreceram nossas águas este ano”, completa. Um
exemplo é a nascente que fica localizada na trilha Curiango que voltou a jorrar
água depois de três anos. Na região do Alto Jequitinhonha, nos municípios de
Santo Antônio do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas onde está inserido, o
Parque Estadual do Pico do Itambé tem realizado um trabalho de preservação de
nascentes nas áreas próximas ao Parque. Em novembro de 2015 um grande incêndio
florestal atingiu mais cerca de mil hectares dentro da unidade de conservação e
mais de quatro mil no seu entorno, dentro da Área de Proteção Ambiental das
Águas Vertentes. Várias nascentes foram atingidas e ameaçadas e outras até
extintas e, a equipe do Parque está recuperando algumas nascentes em parceria
com proprietários das áreas atingidas e está fazendo o plantio de mudas as
Áreas de Preservação Permanente (APPs). Essas nascentes alimentam várias
comunidades da região do distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, do
município de Serro, que vertem para a bacia do Rio Jequitinhonha. –Secom
tvgazetalife@hotmail.com
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