As
Olimpíadas são em Londres, mas é no Brasil que os registros de todos os
comentários sobre o evento, feitos em língua inglesa, na internet, estão sendo
reunidos. A tarefa está a cargo do Departamento de Ciência da Computação (DCC)
da UFMG, que decidiu levar ao público visão geral do "zum-zum-zum' sobre
as competições, montando o Observatório da Web das Olimpíadas. O experimento
captura as discussões sobre o evento nas redes sociais, blogs e portais da
internet, além de tags georreferenciadas nos espaços das competições. O
resultado é apresentado em site próprio: observatorio.inweb.org.br/olympics.
Com acesso aberto, nele o público poderá acompanhar as tendências sobre os
assuntos mais comentados e o sobe e desce das emoções sobre os fatos olímpicos
registrados pelos torcedores. A repercussão do projeto foi reconhecida pelo
governo brasileiro, que convidou os organizadores a apresentarem aos londrinos
o Observatório das Olimpíadas em espaço expositivo da Embaixada do Brasil,
durante todo o período do evento. A previsão é que, junto a outros 12 projetos
digitais nacionais, ele seja aberto pela Presidente Dilma Rousseff, na
quinta-feira, 26 de julho, data de início das Olimpíadas. Este é o quinto
observatório coordenado pelo grupo do DCC. A iniciativa integra linha de
pesquisa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para a Web (InWeb), que
alia desafios científcos ao desenvolvimento de protótipos sobre fenômenos de
informação na sociedade contemporânea. Nessa direção, os pesquisadores já
colocaram online os observatórios do Brasileirão, da Dengue, das Eleições e da
Copa, ambos de 2010. O diferencial dos projetos é que seus resultados são
considerados consistentes pela comunidade científica e abrem frentes de
pesquisa na academia em torno de experiências sociais relevantes. Com as
Olimpíadas, um dos desafios para os cientistas decorreu de padrões de
comunicação dos europeus. "O público europeu possui grande conectividade e
já utiliza dispositivos móveis em maior escala do que em outros cenários que
trabalhamos. Isso deverá gerar maior volume de discussões na web sobre os
eventos em tempo real", antecipa Wagner Meira Jr., professor do
Departamento de Ciência da Computação da UFMG, coordenador do experimento. A
análise de Meira tem fundamento: antes de lançar o Observatório das Olimpíadas,
eles estudaram padrões da Eurocopa, que reuniu público de 1,27 milhão de
torcedores. "Projetamos novos valores para as Olimpíadas e reservamos
quatro potentes máquinas servidoras para processar os dados", relata o
professor. Não será um trânsito comum de informação, a levar em conta o público
de 11 milhões de pessoas aguardadas nos espaços onde as competições vão
acontecer, incluindo as Paraolimpíadas, até 8 de setembro. De acordo com Meira,
os robôs do Observatório foram treinados para capturar nomes de atletas, seus
países de origem e modalidades esportivas, além de geotags e informações
geradas nas regiões de Londres onde as disputas acontecerão. Para viabilizar
esse tráfego para os computadores do DCC, o grupo teve acesso à lista de todas
as delegações olímpicas e extraiu as coordenadas geográficas das arenas da
competição. "A característica deste evento, em comparação aos outros
Observatórios, é a diversidade de seus atores, o tamanho das delegações, a
popularidade variável que um número de atletas pode obter e o uso intensivo de
dispositivos móveis", sintetiza o professor.
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