No evento Serra Café, que acontece de 24 a 26 de
maio, em Serra Negra, os consumidores também vão aprender sobre qualidade da
bebida
As
preocupações dos produtores rurais vão muito além do plantio. Eles precisam
também estar atentos a questões ambientais, climáticas, fitossanitárias, além
de econômicas, por exemplo. No caso dos produtores de café, é necessário
conhecer também sobre a classificação do produto. Quanto mais qualidade o café
tem, maior será seu preço. O problema é que muitos produtores não sabem os
critérios e legislação da degustação do produto e acabam vendendo seus cafés a
um preço menor do que realmente valem. Com o objetivo de transmitir essas
informações, o pesquisador do Polo Regional Leste Paulista, da Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, Daniel Gomes, e o provador de café da
Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Serra Negra e Região
(COOCASER) Jose Paulo Rosendo, irão ministrar um minicurso e duas palestras no
evento Serra Café, a ser realizado de 24 a 26 de maio de 2013, em Serra Negra.
O minicurso “Noções de classificação e qualidade (bebida) do café”, no dia 24,
às 8h30, é destinado a técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica
Integral (CATI) e a cafeicultores. A
palestra “Clínica de degustação de cafés”, em 25 de maio, às 10h e às 16h, tem
o objetivo de ensinar os consumidores a história do café, o processo de
produção e a reconhecer bebidas de melhor qualidade. O evento também contará
com palestras ministradas pelos pesquisadores do Instituto Agronômico
(IAC-APTA), de Campinas, Flávia Bliska, Instituto de Economia Agrícola
(IEA-APTA), Celso Luís Vegro, e Polo Regional Leste Paulista, da APTA, Patrícia
Turco. As palestras são: “Certificação de café”, “Cenário Mundial da
Cafeicultura Perspectivas de Mercado” e “Custo de Produção do Café em
Montanha”, respectivamente. O Polo Regional Leste Paulista da APTA é localizado
em Monte Alegre do Sul, região que abrange a Serra da Mantiqueira. Essa área é
ideal para o cultivo de cafés de alta qualidade, pois é uma região de montanha,
com altitude de 800 a 1.200 metros, além de estar a 80 km de São Paulo – maior
polo consumidor do produto. “A Serra da Mantiqueira tem condições para cultivar
os melhores cafés do mundo. O problema é que os produtores não têm uma boa
relação de comércio, o que afeta os preços e os desestimulam a produzir com
qualidade”, afirma Gomes. Segundo o pesquisador da APTA, é comum os
cafeicultores relatarem frustração com o preço dos cafés e alegarem que seus
esforços não são recompensados na comercialização. “É evidente a falta de
informação dos produtores a respeito da classificação do café, estando às vezes
a mercê da baixa qualidade dos grãos produzidos e da classificação questionável
de alguns compradores que tendem a classificar erroneamente o café para lucrar
mais com o produto”, afirma. Gomes afirma que os outros cursos como esse
ministrado pela APTA tiveram consequência imediata na percepção de qualidade e
na comercialização do produto. “Parte dos produtores relatou não ter noção dos
atributos qualitativos do seu café e simplesmente aceitam a classificação
realizada pelo comprador, sendo esporádica a consulta de outras opiniões”,
afirma. De acordo com o pesquisador da APTA, a classificação e o reconhecimento
dos defeitos auxiliam também os produtores a buscar solução para os problemas
no manejo. Para a produção do café de alta qualidade, os cafeicultores devem
ter cuidados na produção e na pós-colheita do produto. Entre os principais
cuidados estão a utilização de mudas sadias e variedades propícias para a
região de plantio, condução, adubação e controle de pragas e doenças na
lavoura, colheita seletiva de grãos maduros e bem formados, além de terreiros e
secadores proporcionais à área de cultivo. Os grãos devem ser levados no mesmo
dia para o terreiro ou secador para evitar a fermentação, deve ser feita a
separação de lotes, secagem natural ou artificial adequada e também a
armazenagem em local salubre, sem contaminações, odores estranhos e protegidos
de insetos e animais. Segundo Gomes, os custos de produção de café de qualidade
na região de Monte Alegre do Sul não são muito superiores aos do café
convencional. Isso porque a região é montanhosa e quase não há a possibilidade
de realizar a colheita mecanizada. De acordo com o pesquisador, a colheita tem
o custo de cerca de 70% da produção do café. “Produzir um café de qualidade é
algo extremamente vantajoso, principalmente para os pequenos produtores. Para
se ter ideia, a saca de um café comum custa em média R$ 300 reais e a do
especial cerca de R$ 520 reais”, afirma. O produtor de café especial pode
ganhar cerca de 70% a mais do que o do café comum. Classificação do café - De
acordo com o pesquisador da APTA, são três as categorias de classificação do
café: tradicional, superior e gourmet. Cada uma delas recebe uma pontuação. A
tradicional de 5 a 6, a superior de 6 a 7,3 e a gourmet de 7,3 a 10. “Abaixo
disso, o café é considerado impróprio para o consumo, apesar de ainda existir
no Brasil o comércio de produtos classificados de 4 a 5”, explica Gomes. Para a
classificação, são levadas em conta a fragrância do pó, o aroma da bebida, o
sabor, o sabor residual, os defeitos de sabor, o amargor, a acidez, a
adstringência e o corpo da bebida. O órgão responsável pelas regras e leis de
qualidade do café é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). Os consumidores também poderão participar de um dos cursos para
aprenderem a reconhecer um produto de alta qualidade. Segundo Gomes, os
consumidores geralmente não identificam o bom café por falta de informação e
acesso ao café de qualidade. “Mesmo os consumidores leigos quando confrontam
seu café de consumo com cafés especiais, ficam boquiabertos tamanha a diferença
entre os produtos e acabam mudando, assim, seus hábitos de consumo, buscando
por bebidas melhores”, afirma. O café consumido no Brasil muitas vezes é
considerado de baixa qualidade, pois os melhores produtos são exportados.
“Porém, nos últimos anos, o consumo de café do brasileiro vem crescendo muito e
a necessidade de bebidas especiais acompanhando essa expansão. Dia a dia o cenário
vem se modificando”, diz o pesquisador da APTA. Gomes dá três dicas para o
consumidor comprar café de alta qualidade: procurar por marcas que possuam 100%
de café arábica, participantes do selo “Programa de Qualidade do Café” (PQC) da
ABIC e evitar os cafés “extra fortes” que possuem uma torra acentuada
mascarando o café de qualidade duvidosa. “Preparar somente a quantidade que
será consumida e estar atento à quantidade e qualidade do pó são mais algumas
dicas”, afirma Gomes. Custo de produção de café em montanha - Durante o Serra Café,
a pesquisadora da APTA, Patrícia Helena Nogueira Turco, vai apresentar a
palestra “Custo de Produção do Café de Montanha”. Turco, juntamente com a
pesquisadora e diretora do IEA-APTA, Marli Dias Mascarenhas de Oliveira, e os
professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp Botucatu), Osmar de
Carvalho Bueno e Maura S. T. Esperancini, desenvolveram trabalho para comparar
o custo de implantação da cultura do café nos sistemas orgânicos e orgânico de
montanha. Segundo o trabalho, os Custos
Operacionais Totais (COT) para o sistema orgânico é de R$ 4.024,94 e o de
orgânico de montanha R$ 3.830,76. No sistema convencional, o valor chega a R$
4.501,43, o que significa COT 11% maior do que o orgânico e 15% maior do que o
orgânico de montanha. Segundo a pesquisadora da APTA, o movimento crescente
visando reduzir o uso de insumos agrícolas e implementação de sistema de
cultivo baseado em procedimentos biológicos renovam o interesse de
pesquisadores e agricultores em práticas agrícolas, com adubação verde e
rotação de cultura, para a recuperação e manutenção da fertilidade do solo e a
redução no consumo. “Isso tem levado produtores a optarem por sistemas de
produção que diminuem os impactos causados por produtos derivados de
combustíveis fósseis e busquem a utilização de sistemas apropriados, adequando
o tipo de terrenos de suas propriedades, além de sua condição de sistemas
familiares”, afirma a pesquisadora da APTA. A área de estudo foi o Sul de Minas
Gerais, para o sistema orgânico de montanha, e a região da Alta Mogiana no
Estado de São Paulo, para o sistema orgânico. Os dados utilizados, referentes a
2009, foram coletados por meio de aplicação de questionários juntos aos
produtores. Os dados do sistema convencional são da Fundação Procafé. - Ascom
Serviço
2º Seminário Técnico do Serra Café
Data: 24 a 26 de maio de 2013
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