quinta-feira, 30 de maio de 2013

DIRETIVA EUROPEIA E QUALIDADES DO ETANOL BRASILEIRO DOMINAM VISITA DE MINISTRA DA DINAMARCA


Para desenvolver um programa nacional de biocombustíveis é fundamental ter uma previsão clara sobre os volumes a serem demandados, bem como uma definição transparente dos critérios de sustentabilidade que serão utilizados. As duas pré-condições receberam o ‘de acordo’ da ministra para Comércio e Investimentos da Dinamarca, Pia Olsen Dyhr, e do diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, em conversa sobre o etanol brasileiro na quinta-feira (23/05), na sede da entidade. Questionado sobre como teve início o consumo do etanol no Brasil, o diretor da UNICA explicou que na década de 1970, visando reduzir a dependência do petróleo importado após a primeira crise do petróleo, o País encontrou uma alternativa ao combustível fóssil criando o programa Proalcool. Em 2003, com a chegada do carro flex, tecnologia que deu ao consumidor a opção de escolha do combustível, a produção e o uso do etanol voltaram a ser estimuladas, enfatizou Sousa. Hoje, discute-se mais a situação econômico-financeira de boa parcela das usinas, penalizadas pela perda de competitividade no mercado doméstico que resultou até mesmo no fechamento de algumas delas. Sousa explicou para a visitante que agora, torna-se imprescindível o desenvolvimento de políticas públicas de longo prazo, que possam gerar um ambiente favorável à retomada do crescimento no setor. Uma das atribuições da UNICA, explicou o diretor à ministra, é justamente dialogar com o governo em favor do reconhecimento dos benefícios do etanol na comparação com a gasolina, como a redução em até 90% nas emissões de gases que causam o efeito estufa (GEEs) e nos níveis de poluição nas grandes cidades. São impactos cada vez mais demandados e essenciais para a sociedade. “Algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, já vêm desenvolvendo programas que incentivam o uso de etanol e diesel à base de cana-de-açúcar no transporte público,” disse Sousa, destacando que esse tipo de iniciativa é fundamental para a redução nos índices de internações e óbitos devido a doenças respiratórias e cardiovasculares. Aproveitando a vinda de Pia Olsen Dyhr, foi discutida também a proposta de emenda da Diretiva Europeia para Promoção de Energias Renováveis (RED), que está sendo debatida e que reduz de 10% para 5% a meta para biocombustíveis produzidos a partir de matérias-primas agrícolas. Se adotada, a medida afetaria eventuais importações europeias de etanol de cana-de-açúcar. Na visão da UNICA, é preciso analisar os distintos impactos gerados pelas diferentes matérias-primas utilizadas na produção de etanol. “É possível comprovar que o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar no Brasil não compete com alimentos e, ao contrário, tem induzido a produção de açúcar, a fonte de energia mais acessível para muitos países em desenvolvimento. Isto sem prejudicar a produção de outras culturas alimentares que tiveram um crescimento até mesmo muito superior ao da cana-de-açúcar,” afirmou o diretor da UNICA. A ministra Dyhr lembrou também da importância do incentivo ao desenvolvimento do etanol de segunda geração, o que foi endossado por Sousa. No início do ano, durante evento em Bruxelas em que foram discutidas emendas à Diretiva Europeia, a diretora-presidente da UNICA, Elizabeth Farina, explicou que não seria interessante reduzir a participação no mercado de biocombustíveis que oferecem real oportunidade de reduzir emissões, como o etanol de cana-de-açúcar, pois a consequência seria a inevitável promoção do consumo de quantidades adicionais de combustível fóssil, menos sustentável. “Temos o biocombustível à base de cana, classificado como ‘avançado’ pelos Estados Unidos, devido basicamente às qualidades ambientais. Estou convencida de que o etanol de cana pode dar uma importante contribuição para as metas traçadas pela Europa até 2020”, afirmou Farina naquela oportunidade. – Ascom - Unica

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