Para
desenvolver um programa nacional de biocombustíveis é fundamental ter uma
previsão clara sobre os volumes a serem demandados, bem como uma definição
transparente dos critérios de sustentabilidade que serão utilizados. As duas
pré-condições receberam o ‘de acordo’ da ministra para Comércio e Investimentos
da Dinamarca, Pia Olsen Dyhr, e do diretor Executivo da União da Indústria de
Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, em conversa sobre o etanol
brasileiro na quinta-feira (23/05), na sede da entidade. Questionado sobre como
teve início o consumo do etanol no Brasil, o diretor da UNICA explicou que na
década de 1970, visando reduzir a dependência do petróleo importado após a
primeira crise do petróleo, o País encontrou uma alternativa ao combustível
fóssil criando o programa Proalcool. Em 2003, com a chegada do carro flex,
tecnologia que deu ao consumidor a opção de escolha do combustível, a produção
e o uso do etanol voltaram a ser estimuladas, enfatizou Sousa. Hoje, discute-se
mais a situação econômico-financeira de boa parcela das usinas, penalizadas
pela perda de competitividade no mercado doméstico que resultou até mesmo no
fechamento de algumas delas. Sousa explicou para a visitante que agora,
torna-se imprescindível o desenvolvimento de políticas públicas de longo prazo,
que possam gerar um ambiente favorável à retomada do crescimento no setor. Uma
das atribuições da UNICA, explicou o diretor à ministra, é justamente dialogar
com o governo em favor do reconhecimento dos benefícios do etanol na comparação
com a gasolina, como a redução em até 90% nas emissões de gases que causam o
efeito estufa (GEEs) e nos níveis de poluição nas grandes cidades. São impactos
cada vez mais demandados e essenciais para a sociedade. “Algumas cidades
brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, já vêm desenvolvendo programas
que incentivam o uso de etanol e diesel à base de cana-de-açúcar no transporte
público,” disse Sousa, destacando que esse tipo de iniciativa é fundamental
para a redução nos índices de internações e óbitos devido a doenças
respiratórias e cardiovasculares. Aproveitando a vinda de Pia Olsen Dyhr, foi
discutida também a proposta de emenda da Diretiva Europeia para Promoção de
Energias Renováveis (RED), que está sendo debatida e que reduz de 10% para 5% a
meta para biocombustíveis produzidos a partir de matérias-primas agrícolas. Se
adotada, a medida afetaria eventuais importações europeias de etanol de
cana-de-açúcar. Na visão da UNICA, é preciso analisar os distintos impactos
gerados pelas diferentes matérias-primas utilizadas na produção de etanol. “É
possível comprovar que o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar no Brasil
não compete com alimentos e, ao contrário, tem induzido a produção de açúcar, a
fonte de energia mais acessível para muitos países em desenvolvimento. Isto sem
prejudicar a produção de outras culturas alimentares que tiveram um crescimento
até mesmo muito superior ao da cana-de-açúcar,” afirmou o diretor da UNICA. A
ministra Dyhr lembrou também da importância do incentivo ao desenvolvimento do
etanol de segunda geração, o que foi endossado por Sousa. No início do ano,
durante evento em Bruxelas em que foram discutidas emendas à Diretiva Europeia,
a diretora-presidente da UNICA, Elizabeth Farina, explicou que não seria
interessante reduzir a participação no mercado de biocombustíveis que oferecem
real oportunidade de reduzir emissões, como o etanol de cana-de-açúcar, pois a
consequência seria a inevitável promoção do consumo de quantidades adicionais
de combustível fóssil, menos sustentável. “Temos o biocombustível à base de
cana, classificado como ‘avançado’ pelos Estados Unidos, devido basicamente às
qualidades ambientais. Estou convencida de que o etanol de cana pode dar uma
importante contribuição para as metas traçadas pela Europa até 2020”, afirmou
Farina naquela oportunidade. – Ascom - Unica
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