Neste
dia 24 de maio, quando se comemora o Dia Nacional do Café, a pesquisadora do
Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, Flávia Maria de Mello Bliska, irá
ministrar a palestra “Certificações de Café”, no 2º Seminário Técnico do Serra
Café, que acontece de 24 a 26 de maio, no Centro de Convenções de Serra Negra,
interior de São Paulo. O evento reunirá visitantes e expositores, como
produtores, cooperativas, exportadores, distribuidores e varejistas de cafés de
qualidade. O objetivo é transferir tecnologia e informação aos cafeicultores, agricultores
familiares e consumidores em geral. A demanda por produtos diferenciados está
aquecida, principalmente com a chegada dos cafés considerados gourmets, com
sabores e aromas especiais, graus de torra diferenciados e composições
especiais. Com essa perspectiva e o aumento da produção a cada ano, o
consumidor mundial baseia-se em critérios de escolha cada vez mais rígidos,
fazendo os produtores se adequarem a essa nova realidade. De acordo com Flávia
Maria de Mello Bliska, pesquisadora do IAC, da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, a certificação do café pode resultar em
benefícios econômicos – aumento dos rendimentos, melhoria da qualidade de café,
racionalização da produção e melhoria da gestão da propriedade. Também podem
ocorrer benefícios sociais, como geração de emprego, garantia de direito aos
trabalhadores, renda estável e treinamento aos trabalhadores. Os ganhos
ambientais envolvem conservação de recursos naturais, uso racional de
defensivos, respeito à biodiversidade e proteção dos ecossistemas. Segundo a
pesquisadora, a certificação destina-se ao atendimento da demanda mundial
crescente por produtos cultivados por meio de tecnologias que minimizem
resíduos, desperdícios, custos desnecessários e que resultem em impactos
positivos e significativos para a saúde de trabalhadores, produtores rurais e
consumidores, contribuindo com o desenvolvimento rural sustentável. “O
principal apelo do consumidor com o café certificado é a sustentabilidade”,
diz. Existe uma preocupação por parte do comprador com a qualidade e a forma de
produção do grão, sem resíduos agroquímicos e produzidos sem agressão ao meio
ambiente. Os selos atendem a essa demanda dos cafeicultores, pois agregam valor
ao produto final e reduzem a instabilidade resultante das alterações de preço. O
certificado transmite ao consumidor uma imagem de confiança, uma garantia de
que aquele produto possui características positivas de sustentabilidade
ambiental, social e econômica. De acordo com a pesquisadora, os selos englobam
diversos atributos do café, como pureza, qualidade, região de origem, rastreabilidade,
cultivar e tradição. Com os selos de certificação, o produtor conseguia, de
modo geral, um acesso mais fácil ao mercado internacional, considerado mais exigente,
porém essa realidade parece estar mudando. “Há alguns anos a certificação era
garantia de acesso a mercados mais exigentes, porém atualmente a qualidade do
café é o ponto fundamental para exportação. Existem muitos cafés não
certificados, porém de excelente qualidade que chegam tranquilamente aos
mercados internacionais”, afirma. Para exportação, primeiro é preciso que o
café seja de excelente qualidade. A certificação é o passo seguinte, segundo
Bliska. Na palestra também serão abordados os diferentes tipos de certificação
de café e o certificado mais adequado para cada tipo de produtor, já que cada
um tem custo específico. Dentro de cada certificação, o custo dependerá do
tamanho da propriedade ou volume de café produzido. Atualmente, existem diversos
tipos de certificação, como Orgânico, Comércio justo (Fair trade), Utz
Certified, Rainforest Alliance, Indicação Geográfica: origem e procedência,
Produção Integrada, EurepGap e Amiga dos Pássaros (Bird friendly). Entretanto,
cada um dos sistemas é apropriado a uma categoria de produtor, como explica
Bliska. “Para agricultura familiar a certificação mais apropriada é a de
‘Comércio Justo’. As certificações ‘em grupo’ são adequadas para a agricultura
familiar e pequenos produtores”. As certificações possuem algumas diferenças,
mas a busca pela sustentabilidade é sempre o centro de todas elas. “Algumas
certificações garantem maior racionalização no uso de insumos, o que em geral
resulta em menor custo de produção, maior segurança quanto à utilização racional
de produtos químicos e adubos”, explica. Outras garantem produção com ausência
total dos agroquímicos. Também há certificações mais rígidas quanto aos
aspectos ambientais, por exemplo, a exigência de recomposição de matas nativas
nas propriedades, de acordo com a pesquisadora do IAC. A certificação de cafés
no Brasil começou há pelo menos treze anos e de lá pra cá o mercado registra
crescimento, porém a pesquisadora esclarece que o consumidor brasileiro ainda
não sabe diferenciar o café certificado. “Há uma grande confusão entre os
consumidores a respeito das certificações, o que não ocorre em outros locais,
como Europa, Japão e Estados Unidos. O café orgânico é o único tipo de
certificação que o consumidor brasileiro reconhece com certa facilidade, mesmo
assim esse mercado é bastante limitado”, diz. Segundo Bliska, a certificação de
café é uma alternativa viável para reduzir a instabilidade de preços no
mercado, aumentar o valor econômico, social e ambiental de sua produção e
ampliar sua comercialização. Apesar da insatisfação de alguns produtores com os
retornos financeiros resultantes de algumas certificações nos últimos anos, o
mercado de certificação tem tendências de crescimento. “Há expectativa de que
continue a crescer a demanda por cafés de qualidade superior (os gourmets) e
por produtos com certificado de origem”, afirma. Flávia Maria de Mello Bliska
se dedica aos estudos de Certificação de Café desde o ano de 2005. Atualmente
desenvolve o Projeto “Análise da sustentabilidade da produção de café orgânico
no Brasil”, que está em fase de publicação e contou com o apoio da Tierra Nova
Fonds, da Holanda. Outras instituições nacionais e internacionais têm apoiado
seus estudos nessa área, como o Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC),
Consumer International (CI) e International Institute for Environment and
Development (IIED). - Jhonatas Simião – Estagiário – Assessoria de
Imprensa – IAC
Serviço
2º
Seminário Técnico do Serra Café
Data:
24 a 26 de maio de 2013
Programação:
http://www.serracafe.com.br/programacao.asp
Local:
Centro de Convenções - Rua Nossa Senhora do Rosário, s/n. Saída para Lindóia -
Serra Negra/ SP.
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