Cepea, 1º – A baixa oferta de leite no campo segue
impulsionando o valor ao produtor e também dos derivados no atacado. Em julho,
o valor médio bruto pago ao produtor (que inclui frete e impostos) foi de R$
1,4994/litro, alta expressiva 12,9% em relação a junho/16 e de 30,7% frente a
julho/15, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada), da Esalq/USP. Essa é a maior média real da série do Cepea, iniciada
em 2000 (valores foram atualizados pelo IPCA). O valor atingido em julho surpreendeu
agentes do mercado leiteiro, visto que ultrapassou os históricos patamares
elevados verificados em 2013, ano de demanda aquecida. Estas médias são
ponderadas pelo volume captado nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. O
forte aumento nos preços ao produtor em julho foi verificado mesmo com o
ligeiro aumento da captação pelas indústrias em junho. De acordo com o Índice
de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea), o volume comprado pelos
laticínios cresceu 1,42% em junho, sendo impulsionado especialmente pela
produção do Sul do Brasil. Nessa região, produtores forneceram, em média, 5,9%
a mais de leite no comparativo com o mês anterior. Este avanço na produção se
deve às forragens de inverno. Mesmo com as geadas que prejudicaram algumas
bacias leiteiras, as forragens conseguiram dar suporte para a alimentação dos
animais neste período de altos custos dos concentrados. Para agosto, a
expectativa de representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea
é novamente de alta nos preços, devido à baixa disponibilidade de
matéria-prima. Entre os entrevistados, 89,1%, que representam 98,5% do volume
amostrado, acreditam em nova alta nos preços do leite em agosto, enquanto o
restante (10,9% que correspondem 1,5% do volume) acredita em estabilidade nas
cotações. Nenhum dos colaboradores consultados estima queda de preços para o
próximo mês. No segmento de derivados, o leite UHT no mercado atacadista do
estado de São Paulo seguiu em alta, com a média a R$ 4,0003/litro em julho,
novo patamar recorde – no ano, a elevação já é de expressivos 73,2%. Na última
semana de julho, no entanto, esse derivado se desvalorizou 6,4%, indicando que
o preço do UHT já teria atingido um pico e que a média de agosto pode se
enfraquecer. O queijo muçarela registrou forte alta mensal de 17,3% (ou de 3,16
reais/kg), a R$ 21,47/kg em julho – também novo recorde da série do Cepea.
Grande parte dos atacadistas consultados pelo Cepea alega que o preço do UHT já
teria atingido um limite de aceite por parte do consumidor final. A oferta de
matéria-prima, no entanto, está limitada, obrigando indústrias a reduzirem os
valores do derivado mais consumido no País e repassar o aumento a outros
produtos de menor liquidez. Essa pesquisa sobre o segmento de derivados do
Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas do estado de São
Paulo e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras
(OCB). – Secom
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