Responsável pela apuração dos roubos e furtos de
veículos na Grande Cuiabá, a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de
Veículos Automotores (DERRFVA), da Polícia Judiciária Civil, no primeiro
semestre de 2016, indiciou 731 pessoas envolvidas na subtração, receptação,
falsificação, uso de documento falso e adulteração de automóveis, motocicletas,
caminhonetes e caminhões. As investigações comandadas por três delegados, junto
à equipe de investigadores e escrivães, resultaram em 51 operações que levaram à
prisão 106 criminosos, durante o cumprimento de 33 mandados de prisão e
autuação em flagrante de 73 pessoas praticando delitos relacionados a veículos.
A Delegacia também recebeu das Centrais de Flagrantes de Cuiabá e Várzea
Grande, 298 autos de prisão em flagrante, oriundos, a maioria, de prisões da
Polícia Militar. Os procedimentos com réu preso são relatados em dez dias e em
muitos dos inquéritos, há desdobramentos da investigação para identificação e
prisão de outros integrantes do crime praticado. De acordo com o delegado
titular da Derrfva, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, o planejamento operacional
da unidade para o segundo semestre de 2016 já foi elaborado, visando
intensificar todas as modalidades criminosas que agem no roubo e furtos de
veículos, e também aquelas que estão assaltando residências e levando veículos
na fuga e transporte de objetos. “Ainda para 2016 programamos diversos cursos
para os policiais civis da Derrfva, como capacitação em noções básicas de
inteligência, de tiro, de abordagem e de legislação de desmontagem”, anunciou o
delegado. Para o enfrentamento aos grupos criminosos, os policiais da
Especializada trocaram suas armas por novas pistolas PT 100, acauteladas para
uso pessoal, e receberam coletes balísticos e duas novas viaturas modelos SUV.
A unidade também será reforçada com novos investigadores. Atuam na
Delegacia os delegados Vitor Hugo Bruzulato Teixeira (titular) e os adjuntos
Marcelo Martins Torhacs e Adriano Henrique Sanches Santos. Recuperados
- Em seis meses, 1.437 veículos roubados ou furtados foram recuperados
dentro da atuação integrada das forças de segurança, que compõem a Polícia
Militar, Polícia Civil, Centro Integrado de Operações Aéreas (CioPaer), Grupo
Especial da Fronteira (Gefron), Polícia Rodoviária Federal, apoiados em
denúncias da população e informações de inteligência. O delegado titular da
DERRFVA, Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, ressalta que o número de veículos
recuperados subiu 5% em relação o mesmo período de 2015. “Um dos fatores que
contribuiu para o aumento da recuperação de veículos, produtos de crime, foi à
capacitação dos policiais civis, na área de identificação veicular”, afirma.
Quando necessita de reforço, a Derrfva, em suas operações, conta com apoio de
outras unidades da Polícia Civil, como as Delegacias de Roubos Furtos (Derf),
Delegacia de Entorpecente (DRE), Gerência de Combate ao Crime Organizado
(GCCO), Gerencia de Operações Especiais (GOE) e Diretoria de Inteligência. Quadrilhas
- No primeiro semestre, a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos
de Veículos Automotores deflagrou 51 operações para desbaratar quadrilhas que
agem em três modalidades criminosas (troca por drogas, clonagem e o desmanche),
com o objetivo de lucrar com o roubo e furto de veículos. Segundo o delegado
Vitor Hugo Bruzulato, não são todos os modelos de veículos que atravessam a
fronteira com a Bolívia. A preferência são por veículos resistentes, como as
caminhonetes Hilux e Strada. Essas são levadas para a fronteira e chegam à
Bolívia por estradas vicinais, as chamadas “cabriteiras”, onde os bandidos
trocam por cocaína. Uma parte dos veículos subtraídos também segue para o
Paraguai, retornando na forma de maconha, armas e munições. Conforme a
Delegacia, esse tipo de associação criminosa, que leva o veículo para países
vizinhos, é bastante estruturada. No topo, geralmente, estão presidiários
orquestrando roubos de dentro da cadeia, que são cometidos do lado de fora por
“soldados”. “Essa é uma modalidade, que buscamos combater os líderes. Sabemos
que em duas horas um veículo chega à Bolívia. É muito rápido. Neste caso
contamos com apoio da PRF, do Gefron. No objetivo é apreender o quanto antes
esse veículo”, afirma o delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira. Uma vez
roubado, o veículo passa para as mãos do transportador e na ponta está o
receptador, como explica Teixeira. “Provavelmente esses veículos são trocados
por drogas, munições e armas. Existe um pagamento de 3 a 9 mil reais para o
transporte, dependendo do tipo de veículo”. O roubo de veículos também envolve outro
esquema altamente lucrativo, o da clonagem de automóveis. Veículos de fácil
comercialização no mercado são tomados de assaltos, adulterados os sinais
identificadores como placas e chassis. Depois são “esquentados”, na
linguagem usada para voltar ao mercado um carro com a documentação falsificada.
“Eles pegam a placa de um carro idêntico, adultera a numeração dos chassis
e todos os sinais, depois esquentam esse veículo falsificando a
documentação e vende. Um Corolla que custa 70 mil é vendido por 30, 40 mil.
Esse é o carro duble ou clone”, explica Bruzulato. Para combater fraudes
documentais, inserção de dados falsos e corrupção de servidores públicos, a
Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos e o Departamento
Estadual de Trânsito (Detran), intensificaram as ações para coibir as práticas
criminosas, levando a prisão despachantes, servidores e falsos servidores do
Detran. Na terceira modalidade, estão às quadrilhas dos desmanches de veículos
que abastecem o comércio ilegal de peças usadas. Nessa atividade aparece a
figura da pessoa que encomenda roubos, muitos deles, de veículos antigos,
fora de linha de fabricação, para colocar no mercado clandestino peças que não
acham mais. “Neste caso, a DERRFVA realizou operações para combater o
crime de receptação de peças, crime que alimenta esta modalidade criminosa”,
ressalta Vitor Hugo. “Nossa Delegacia possui investigadores de polícia com
bastante experiência na identificação de veículos e agregados, motores e
câmbios, produtos de crimes. O Setor de Fiscalização de Desmanches e Oficinas
da Unidade tem trabalhado muito para identificar receptadores, os quais
fomentam os crimes de furtos e roubos de veículos”, completou o delegado
adjunto Marcelo Martins Torhacs. Perfil - De acordo com o
delegado, Marcelo Torhacs, os roubos de veículos é um dos crimes que mais
causam indignação, clamor social e são praticados, em sua maioria por jovens de
20 a 25 anos, com reiteração em crimes. “Parece uma escalada, começa com crimes
menos graves e vão escalando até chegar ao roubo com emprego de arma de fogo e
concurso de agente. Esse é um dos crimes mais graves que temos e que causa
clamor social. Quando chega nesse estágio, passa a ser um profissional do
crime, que vive disso. Pratica por semana, às vezes, 2 a 3 assaltos. A prisão é
a única maneira de cessar essa continuidade delitiva”, afirma o delegado. Apreensão
de maconha - Em investigação, no dia 26 de maio, a Especializada
apreendeu meia tonelada de maconha, escondida dentro de uma casa no bairro
Serra Dourada em Cuiabá. A droga estava em poder de um traficante de 29 anos,
que tinha trocado carros pelo entorpecente no Paraguai. A droga foi
acondicionada em sacos de lixo e guardada em um dos quartos da residência,
totalizando 497 tabletes. Todo o trabalho começou depois que um
investigador da Delegacia teve a arma à pistola roubada. Morte de
advogado - Os crimes de latrocínios relacionados a roubos de
automóveis são investigados pela Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos. Um
dos casos esclarecido foi à morte do advogado José Vieira da Silva Filho, no
dia 5 de dezembro de 2015. Ele foi encontrado com uma corda amarrada no
pescoço. O veículo da vítima, um Honda Fit, cinza, foi levado pelos criminosos
e localizado no mesmo dia, em um terreno baldio, no bairro Pedra
90. Pelo latrocínio a Derrfva prendeu quatro pessoas. Atendimento à
vítima - A rápida comunicação do roubo do veículo pela vítima pode
fazer diferença na recuperação. A orientação é ligar imediatamente nos
telefones de emergência, 190 e 197, do Centro Integrado de Operações de
Segurança Pública (CIOSP), para seja dado o primeiro alerta, que permanece no
sistema estadual por 48 horas. Depois, a vítima deve procurar uma delegacia de
polícia para o registro do boletim e garantir a inserção dos dados do veículo
no sistema nacional de cadastro de roubos e furtos. Na Delegacia de Roubos e
Furtos de Veículos, o atendimento é ainda mais aprimorado. Lá a vítima é
atendida por policiais capacitados para apuração de roubos de veículos, que
procuram coletar o máximo possível de informações que irão subsidiar as
investigações. A vítima é ouvida no sentido de reproduzir a ação e
lembrar de detalhes que poderão ser cruciais para identificação dos autores,
como tatuagens, se usava tornozeleira, compleições física e outros elementos.
“Com esse atendimento já processamos mais rápido as informações. O roubo causa
um trauma muito grande e o quanto mais rápido a pessoa comunica, maior é a
chance de ela lembrar detalhes”, orienta o delegado. Quando o veículo é
recuperado, as informações são retiradas do sistema de cadastrado. O carro é
periciado antes de ser devolvido ao proprietário. “Pode ser que nesse período,
tenha sido adulterado o chassi ou algum outro sinal identificado”, esclarece
Vitor Hugo. Orientações - Para evitar roubos e furtos de
veículos, os delegados dão dicas simples como medidas de prevenção. Entre elas
estão: usar o bom senso ao estacionar; evitar lugares ermos e de pouca
iluminação; não deixar objetos dentro do veículo que podem ser confundido com
item de valor; não cole adesivos que exponham informações pessoais; certificar
que o carro foi trancado; não deixar chave com lavadores ou vigias;
mantenha-se distante do carro da frente em semáforos; fique atento ao seu
redor antes de entrar na sua garagem. – Secom
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