Cepea, 19 – Impulsionado pela demanda aquecida e
pela baixa oferta, o preço do arroz em casca no Rio Grande do Sul está nos
maiores patamares da série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada), da Esalq/USP. Nessa segunda-feira, 18, o Indicador ESALQ/SENAR-RS
(58% grãos inteiros) fechou a R$ 50,66/saca de 50 kg, recorde em termos
nominais da série do Cepea, iniciada em setembro de 2005 para o produto. Ao
deflacionar a série pelo IGP-DI de junho/16, torna-se o maior valor desde
início de outubro de 2012. Na parcial de julho, a média está em R$ 50,40/sc,
34% acima da de julho/15, em termos reais, e é a segunda maior para o período,
atrás somente da de julho/08, de R$ 53,49/sc. Segundo pesquisadores do Cepea,
com necessidade de repor estoques e atender aos pedidos do atacado e varejo dos
grandes centros consumidores, indústrias aumentaram as aquisições do arroz em
casca, principalmente no início de julho. Produtores, por sua vez, permanecem
firmes nos valores pedidos, alicerçados na queda do volume colhido na temporada
2015/16. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgados em
junho indicam que a produção brasileira de arroz deve totalizar 10,6 milhões de
toneladas, a menor desde a temporada 2003/04 e 14,3% inferior à da safra
2014/15. A queda está atrelada à redução de 13,8% na área semeada, tendo em
vista que a produtividade média caiu apenas 0,6%, para 6.484 kg/ha. No Rio
Grande do Sul, maior produtor nacional, a produção está estimada em 7,5 milhões
de toneladas, 12,8% menor que a da safra 2014/15. Por conta do atraso no
plantio e do ciclo de desenvolvimento das lavouras, a produtividade média do
estado sul-rio-grandense deve recuar 9,2%, indo para 6.898 kg/ha. A área
semeada 2015/16 teve retração de 3,9% frente à safra anterior. Em Mato Grosso e
no Maranhão, houve expressivas perdas no volume colhido, de 40,6% e de 48,7%,
respectivamente. Em Santa Catarina, é esperada produção de 1,04 milhão de
toneladas, apenas 0,9% menor que a da safra 2014/15, já que o clima favoreceu a
antecipação do semeio em 2015. Já em Tocantins, as 621 mil toneladas estimadas
para a safra 2015/16 superam em 2,7% a produção da temporada anterior,
refletindo o aumento de área semeada, ainda conforme dados da Conab. Para
atender à demanda doméstica (estimada em 11,5 milhões de toneladas) e
considerando-se que as exportações são projetadas em 1,1 milhão de toneladas,
as importações precisariam mais que dobrar (crescer expressivos 138%) na safra
2015/16, que corresponde a 1,2 milhão de toneladas, de acordo com a Conab. No
acumulado do primeiro semestre (jan-jun/16), o volume exportado foi de 543,5
mil toneladas, 12,2% maior que o do mesmo período de 2015, segundo dados da
Secex. As importações, por sua vez, somaram 259,9 mil toneladas em seis meses,
16,16% a mais que em igual intervalo do ano passado. Mesmo com a queda no
volume exportado e o aumento das importações em junho, a balança comercial do
arroz acumula superávit de 283,6 mil toneladas na parcial de 2016 (jan-jun). -
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