O Serviço de Bioquímica (SBQ) é responsável pela
análise das amostras recebidas, atendendo ao Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional. Durante períodos de maior incidência de dengue e outras
doenças causadas pelo Aedes aegypti, a pulverização de inseticidas
torna-se mais constante para combater os focos do mosquito. Os agentes de
saúde, profissionais responsáveis pela aplicação desta substância, podem sofrer
intoxicação durante o processo e, por definição do Ministério do Trabalho,
devem fazer um exame para controle, chamado de Colinesterase Plasmática,
oferecido pela Fundação Ezequiel
Dias (Funed).
O Serviço de Bioquímica (SBQ), pertencente ao Instituto Octávio Magalhães (IOM)
da Fundação, é responsável pela análise das amostras recebidas, atendendo ao
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, do Ministério da Saúde. Meire
Soares, chefe do SBQ, explica como funciona esse processo. Recebemos as
demandas de 853 municípios de Minas Gerais e o médico do trabalho de cada
secretaria municipal de Saúde avalia a necessidade de realização do exame. Só
depois, então, a amostra sanguínea do paciente é encaminhada para a Funed e, no
prazo de até oito dias úteis, liberamos o resultado no Gerenciador de Ambiente
Laboratorial (GAL), uma plataforma que disponibiliza as especificações de cada
exameonline”, disse. Com uma média de 300 exames realizados mensalmente,
o SBQ é de grande importância para a segurança desses profissionais da saúde.
Segundo Meire, “o Serviço, monitorando o nível da Colinesterase Plasmática,
consegue garantir a prevenção e o diagnóstico precoce de casos suspeitos de
intoxicação. A partir dele, também pode ser verificada a frequência de
utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), que previnem esses
incidentes e oferecem mais segurança ao trabalhador”, finaliza. Sobre a
possibilidade de intoxicação durante o processo de pulverização dos
inseticidas, é importante ressaltar que o risco não se estende aos cidadãos que
entram em contato com esta forma de combate ao Aedes aegypti. Meire
esclarece que “os agentes de saúde, por estarem mais próximos aos produtos
químicos, compostos por organofosforados e/ou carbamatos, podem se intoxicar
pela constante inalação e contato”. Além disso, acidentes podem ocasionar
problemas à saúde daqueles que os manipulam, como derramamento dos produtos,
por exemplo. Intoxicação - De acordo com um levantamento feito em 2014, entre
os 2.859 exames realizados pelo SBQ, cerca de 39 resultados apontaram nível
abaixo do recomendado, representando possível contaminação. O que parece ser
pouco representativo torna-se um alerta: “Essa análise vai além do diagnóstico.
Por ser um monitoramento da saúde e segurança de cada trabalhador, devemos
considerar o número um quantitativo considerável”, afirma Meire. Ainda sobre a
contaminação, Meire ressalta a importância de detectar a real causa dos baixos
níveis da Colinisterase Plasmática. “A baixa concentração dessa enzima no
sangue pode ser decorrente de outras doenças, como hepatite, cirrose e
insuficiência cardíaca. Quando conseguimos identificar a origem do problema, o
tratamento é melhor direcionado e torna-se mais eficaz”, esclarece. A enzima
Colinesterase Plasmática é de grande importância para o funcionamento do corpo
humano, já que é responsável por regular os impulsos nervosos. A intoxicação
por inseticidas degrada essa enzima no sangue, provocando o acúmulo da acetilcolina
na junção neuromuscular e na sinapse nervosa. Como consequência, a pessoa pode
ter desde náuseas e fraqueza muscular, numa intoxicação mais leve, até
arritmias, paralisias e convulsões, num quadro mais avançado. Descentralização
- Para melhorar o atendimento aos municípios solicitantes dos exames, a Funed
está perto de finalizar o processo de descentralização desta metodologia de
análise. Para isso, foram adquiridos e transferidos cinco equipamentos, que
auxiliam no diagnóstico de uma possível intoxicação, para os laboratórios
macrorregionais de Uberaba, Pouso Alegre, Juiz de Fora, Montes Claros e Teófilo
Otoni. De acordo com Meire, “essa descentralização contribui para a rapidez na
entrega de resultados e amostras, já que o acesso é facilitado. Além disso, com
menos demanda de exames, a Funed fica mais disponível para o desenvolvimento de
novas metodologias”, conclui. Obrigatoriedade dos exames - A realização da
análise é feita por meio de de uma pactuação entre a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a Funed, atendendo a Nota Técnica N°08/2007
– CGLAB – CGPNCD/SVS/MS e a NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional, da Portaria N°. 3.214, de 08/06/1978, do Ministério do
Trabalho que estabelece a obrigatoriedade da realização deste exame. –Secom
tvgazetalife@hotmail.com
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