sexta-feira, 3 de junho de 2016

INTERNACIONALIZAÇÃO: EXPORTAR É VOCAÇÃO DE CÁCERES E REGIÃO

Seminário sobre comércio internacional reúne 60 pessoas no auditório CDL; começar pelos países vizinhos pode ser um bom caminho para microempresas, empresas de pequeno porte e produtores rurais de MT. CÁCERES – O mercado internacional está entrando na pauta dos empresários de Cáceres. A possibilidade de implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) na cidade, sonhada e desejada há cerca de duas décadas e agora mais próxima de se tornar realidade, cria expectativa positiva entre empreendedores e cidadãos em geral. Sessenta pessoas, entre empresários, gestores e interessados, participaram do Seminário Mercado e Negócios Internacionais, realizado na noite de ontem (31/5), pelo Sebrae MT em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de Cáceres (Acec) e Sicredi. O evento ocorreu no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cáceres. Duas palestras abordaram os temas: "As pequenas empresas no contexto global e o papel do Sebrae MT no caminho para a internacionalização”, por André Schelini, gerente de Inteligência Estratégica do Sebrae MT; e "Benefícios e vantagens para atuação no mercado internacional”, por Vítor Galesso, economista e consultor especializado em comércio exterior. O gerente do Sicredi em Cáceres, Elson Alves Ribeiro, apresentou a linha de crédito para exportação da instituição. Hoje (1/6), será realizada a oficina "Saber fazer exportação e importação – processos, operação, benefícios fiscais e estratégias de negócios”, das 18 às 22h, na agência do Sebrae em Cáceres. Dezesseis empresas estão inscritas. "Não vamos falar apenas de importação e exportação. A visão de internacionalização é muito maior do que comprar e vender produtos”, afirmou Schelini na abertura do seminário. A taxa de câmbio do dólar acima de R$3 é um bom momento para ampliar os negócios em outros países, ressaltou Galesso. Para Jorge Amedi, consultor em gerenciamento de resíduos sólidos, Cáceres está cada vez melhor e o seminário veio em boa hora. JuniteKondo, empresário da Vidraçaria Brilex gostou das palestras. "A gente pensa que é impossível entrar neste mercado e saio com a cabeça aberta para o mercado internacional. Vou pensar a respeito”, disse. Para Paulo Drager, diretor da Cáceres Florestal "foi muito instrutivo principalmente para quem quer se iniciar na exportação. Já exportamos madeira serrada e beneficiada para o sudeste asiático, Alemanha e índia. Não está na cultura do brasileiro exportar e temos de mudar isto”. "Este seminário foi muito oportuno, pois, no momento, estamos vivendo a expectativa da implantação da ZPE em nossa cidade”, afirmou Arthur Henrique Barbosa de Souza, presidente do CDL Cáceres. O seminário revelou caminhos para empresários e empreendedores locais, permitindo uma melhor visão sobre como ingressar no mercado internacional, segundo ele. No mês passado, o governador Pedro Taques esteve na cidade e divulgou o início de montagem da infraestrutura da ZPE, sinalizando a liberação de R$16 milhões, ressaltou Arthur. O entusiasmo é grande entre empresários locais, comentou. O Sebrae MT está realizando este seminário e oficina no interior e capital. O Projeto Mercado e Negócios Internacionais da instituição, em andamento, desenvolve diagnóstico, consultorias e acompanha empresários de microempresas, empresas de pequeno porte (EPP) e produtores rurais interessados em ingressar no comércio exterior. Mais informações: 08005700800. Vocação histórica - A vocação cacerense para o comércio internacional nasceu no período colonial, quando a região exportava ouro, borracha e poaia para Europa e Japão. Tempos depois, erva mate, carne de charque e madeira entraram na pauta de exportação, destacou Galesso. Ele mostrou foto da Fazenda Descalvados, que produzia carne salgada, e de grande usina de cana-de açúcar na região, que tinham negócios com os países europeus, no final do século XIX. "Não eram grandes empresas. Eram empreendedores”, salientou Galesso. A Companhia Mate Laranjeira, empresa muito rica do início do século XX, que ficava às margens do Rio Paraguai em Porto Murtinho (MS), exportava para Uruguai, Argentina e Paraguai, lembrou. O proprietário Joaquim Murtinho construiu uma ferrovia de 19 km para facilitar o transportar o produto até as embarcações e chegou a ser ministro. É preciso desmistificar a crença de que exportação é para grandes empresas, disse o economista. "A realidade está mudando rapidamente esta visão. Exportar tem a ver com coragem e espírito empreendedor como os antepassados fizeram. É o que a história nos mostra”, enfatizou Galesso. Em momentos difíceis da economia nacional e de retração do mercado interno, exportar pode ser uma boa solução. Para ingressar no mercado internacional, é aconselhável começar pelos países vizinhos, ao invés de querer iniciar por países muito competitivos como os Estados Unidos, alertou. Vizinhos - O analista do Sebrae MT, André Scheliini, também sugeriu aos empresários começar a estudar a possibilidade de oferecer produtos e serviços para os países fronteiriços de Mato Grosso. O Sebrae fez pesquisa de benchmarking (casos de sucesso) na Itália e Espanha, dois países que se tornaram referência em comércio exterior. Pequenos empresas e empreendedores italianos e espanhóis perceberam as oportunidades para exportar produtos locais e prosperaram muito. Hoje, são exemplos de empreendedorismo para todo o mundo. "Todo relacionamento fora do mercado doméstico é internacionalização. Se você visita outro país, recebe visitante estrangeiro, se vai a feiras fora do Brasil, entre outros exemplos, são iniciativas de internacionalização dos negócios”, esclareceu. É mais fácil começar por países com os quais empresários têm identificação, foi assim com os empreendedores italianos e espanhóis. Produtos certificados com indicação geográfica são bem-vindos ao mercado internacional, informou Schelini. Em Mato Grosso, por enquanto, apenas o Mel do Pantanal possui esta certificação, que abre portas para a exportação. "Temos os produtos do Araguaia, Amazônia, entre outros, que podem ser certificados”, sugeriu. As vantagens brasileiras e mato-grossenses para o comércio internacional são muitas: rica biodiversidade, condições climáticas favoráveis, ausência de guerras e conflitos, câmbio valorizado, riqueza cultural, fronteira com países, etc. O idioma espanhol é o segundo mais falado no mundo, informou o gerente do Sebrae MT. Empresários mato-grossenses deveriam falar esta língua para ampliar negócios com os mercados argentino, paraguaio, boliviano, peruano e chileno. No futuro próximo, será necessário dominar a língua espanhola. A economia de MT está muito concentrada na exportação de commodities (grãos) e os preços estão caindo no mercado internacional. A diversificação dos negócios mato-grossenses é o caminho para fortalecer a economia do estado, ressaltou Schelini. "Nenhuma grande economia dos países mais prósperos do mundo foi desenvolvida exportando commodities”, argumentou. –Secom

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