Gestores públicos têm papel importante no processo
de compras. E precisam ser sensibilizados sobre as questões ambientais.
O
poder público é um grande comprador e indutor no mercado e por isso é preciso
sensibilizar e capacitar os gestores públicos sobre a necessidade de levar em
conta as questões ambientais durante as aquisições. A constatação foi feita
nesta terça-feira (04/06), no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, durante o
primeiro painel da Semana do Meio Ambiente, que tratou, especificamente, do
tema. A secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do
Ministério do Meio Ambiente, Mariana Meirelles, abriu o painel que, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as compras
públicas mobilizam 20% do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, apenas 0,1%
das aquisições e contratações públicas leva em conta a sustentabilidade. “Isso
revela o caminho que temos que percorrer”, destacou. “Uma alternativa para
avançar é por meio de capacitações”. CHANCE MAIOR - O consultor ambiental Fábio
Feldman sugeriu que é preciso aumentar o repertório de ofertas, abrindo espaço
para que o consumidor faça escolhas acertadas. Comprar madeira certificada, que
não contribui para o desmatamento, é uma das opções. “Precisamos trabalhar a
sustentabilidade diante dos limites do planeta”, frisou. “E os critérios
sustentáveis devem ultrapassar a questão ambiental”. Feldman também sugeriu
que, para implantar um critério de compras públicas sustentáveis, é preciso
analisar os ciclos de vida dos produtos e manter um cadastro de bens e
serviços. Outro ponto levantado pelo palestrante foi a necessidade do país usar
mais instrumentos econômicos para alavancar as compras públicas sustentáveis. DEBATE
PRÁTICO - O coordenador do Fórum de lideranças Executivas de Órgãos Federais do
Rio de Janeiro (GesRio), Renato Cader, comentou que o desafio atual é
sensibilizar e capacitar os gestores sobre compras públicas, pois a questão
jurídica sobre o tema já está pacificada. Ele citou como exemplo bem sucedido o
projeto de compras compartilhadas de materiais sustentáveis na administração
pública. A mediadora do debate foi a jornalista Rosana Jatobá, que levantou
questões e recebeu perguntas da plateia sobre mecanismos tributários, cadastro
de itens sustentáveis, redução de impactos ambientais, inclusão social, papel
da iniciativa privada, editais sustentáveis, dentre outros. A secretária de
Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Renata Vilhena, mostrou a experiência do
governo local, que tornou obrigatória a adoção de critérios de sustentabilidade
para as compras realizadas pela administração pública. “Os estados têm um papel
relevante para induzir o mercado”, afirmou. Exemplos práticos como asfalto
feito com borracha obtida a partir de pneus usados, alimentos orgânicos nas
escolas, aquisição de papel reciclado e de processadores e telas de LCD que
consomem menos energia. BARREIRAS - A gestora da Escola Nacional de Saúde
Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz, Rejane Tavares, afirmou que,
desde 2008, a instituição já vem adotando critérios de sustentabilidade. Ela
explicou que a licitação sustentável é constitucional e não representa mais um
impeditivo. Mas a barreira seria ainda o mercado, assim como a sensibilização
dos gestores. Já a secretária adjunta de Logística e Tecnologia da Informação
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nazaré Bretas, discorreu
sobre o que o governo federal já está fazendo na área, sobretudo no campo da
informática. Para ela, o desafio é que essa temática ainda faz parte de um
campo em construção. “Os instrumentos para avançar neste tipo de conhecimento
estão sendo desenvolvidos”, enfatizou. - Ascom
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