Objetivo do
encontro realizado em São Paulo é fortalecer iniciativas socioambientais de uso
sustentável dos produtos da Caatinga e do Cerrado. Quarenta e cinco representantes
de associações e cooperativas rurais, da Caatinga e do Cerrado, participaram,
na tarde desta sexta-feira, 1º de abril, de um debate sobre planejamento
produtivo, logística, questões fiscais e estratégia de promoção, distribuição e
comercialização dos produtos. Realizado em São Paulo, pela cooperativa Central
do Cerrado, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o debate serviu
como intercâmbio para os produtores. Durante o encontro, o diretor de
desenvolvimento rural e combate à desertificação do MMA (DCD/SEDR), Francisco
Campello, apresentou as iniciativas do ministério que se somam às ações para o
fortalecimento das iniciativas socioambientais de uso sustentável dos produtos
da biodiversidade. “O ministério realiza ações mais estruturantes, que
viabilizam os mecanismos para a sustentabilidade da comercialização,
qualificação dos produtores e de seus produtos, inclusive com apoio da Agência
Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID)”, destacou.
Segundo ele, em breve, o MMA vai trabalhar, em conjunto com a agência
espanhola, para a implantação do conceito de denominação de origem para os
produtos da biodiversidade do Cerrado e da Caatinga. “A importância
dessas inciativas está na inserção da agricultura familiar, colaborando com o
Brasil para a implantação dos Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS) e
das iNDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas). O uso sustentável é uma
alternativa ao desmatamento e um apoio ao processo de conservação ambiental de
forma inclusiva, gerando renda para as comunidades”, enfatizou ele. INTERCÂMBIO
- Gabriel Menezes, do Instituto Auá, contou aos participantes sobre as novas
ações da organização. Entre as novidades, ele falou sobre a inclusão de um
produto na marca Retratos do Gosto, do Instituto Ata, do chef Alex Atala; da
compra de uma câmara fria para armazenar melhor os produtos; da ampliação do
local de armazenamento do instituto; da parceria com as organizações Central do
Cerrado e CAATINGA, entre outras conquistas. Dona Cledeneuza Maria de Oliveira,
presidente da Cooperativa das Mulheres Quebradoras de Coco Babaçu, de São
Domingos do Araguaia (Pará), cooperativa interestadual com mais de 150
associadas, destacou que o debate foi muito positivo. “Conhecer a realidade de
outros produtores, outras comunidades, é muito interessante. Ver que, muitas
dificuldades são as mesmas, outras diferentes, isso só nos fortalece. É um
grande aprendizado”, afirmou ela. PERCEPÇÃO - Dona Cledeneuza conta que muitas
vezes sai de casa duas horas da madrugada para vender azeite de babaçu na feira
de Marabá, distante 54 km de seu município. “Volto às 3 horas da tarde, com
pouco resultado de vendas. Mas, o importante, é dar visibilidade aos produtos
de mulheres como eu, batalhadoras”, afirmou. “Com o debate, percebemos a
dimensão do mercado de São Paulo e a importância de colocar o preço certo nos
produtos”. Jussara Pereira, representante da Rede Cerrado, aponta justamente
essa percepção como um dos pontos fortes do debate. “Os produtores saem daqui
com a exata noção do mercado de São Paulo. O debate foi muito rico. Eles viram
como um produtor mais proativo tem mais resultados, como solucionar questões de
logística, comercialização e de comunicação, entre outras coisas. Ouvindo outros
produtores, eles repensam suas ações”, destacou ela. Durante o debate, Reinaldo
Mendes de Jesus, da Associação Comunitária Indígena Kiriri, no município de
Banzaê (BA), no bioma Caatinga, comemorou que a associação foi a primeira
comunidade a receber o Selo Indígenas do Brasil. Instituído pela Funai e pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no âmbito da Política Nacional de
Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI), o selo tem o
objetivo de identificar e valorizar a origem dos produtos advindos da
agricultura familiar indígena.“É o reconhecimento de que os produtos que saem
daqui fazem bem à saúde, são produzidos de forma sustentável e representam a
importância da tradição indígena para a cultura brasileira”. –Secom
tvgazetalife@hotmail.com
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