Iniciativa apoiada pelo
Ministério permitirá que as comunidades promovam seus produtos e os modos de
vida das populações. “Todo
mundo falando pequi”. A solicitação do fotógrafo, em tom de brincadeira, na
hora da foto coletiva com os agricultores familiares, representantes da
Caatinga e do Cerrado, fez todo o sentido durante a inauguração do box dos
biomas no Mercado de Pinheiros, em São Paulo. O evento foi realizado nesta
sexta-feira, 1º de abril, e marcou o início da comercialização dos produtos da
Caatinga e do Cerrado no local, entre eles artigos feitos com pequi, licuri,
umbu, macaúba e babaçu. Esta é uma iniciativa do Instituto Atá, do chef Alex
Atala, em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Há ainda no local mais dois
boxes que representam os biomas brasileiros: Pampa, Mata Atlântica e Amazônia
(juntos no mesmo estande). A iniciativa busca valorizar os empreendimentos que
mantém o modo de vida tradicional, produzindo e conservando o meio ambiente, a
cultura, a natureza, os modos de vida. Os estandes inauguram uma nova etapa de
relacionamento dos empreendimentos de agricultores familiares com o mercado.
Abre a possibilidade de as comunidades promoverem seus produtos e os modos de
vida das populações. A iniciativa busca ainda apresentar melhor o Brasil aos
brasileiros. Vale ressaltar que não é voltada para chefs, mas sim para o público
em geral, buscando dar visibilidade aos produtos e ao trabalho das comunidades.
Instalados no primeiro pavimento do Mercado, os novos espaços têm o mesmo
projeto gráfico e exibem cerca de 600 alimentos e produtos vindos de pequenos
produtores. Os boxes são administrados por diferentes parceiros. A organização
Central do Cerrado é responsável pelo box da Caatinga e do Cerrado, que contou
com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA). APOIO - Tal
apoio aconteceu via Departamento de Combate à Desertificação da Secretaria de
Extrativismo e Desenvolvimento Rural do MMA (DCD/SEDR). Coube ao departamento a
articulação e seleção dos agricultores familiares que vão expor seus produtos
no local. Além disso, o MMA foi responsável pela locomoção dos agricultores e
pela logística para o envio dos produtos, entre outras ações. Segundo o diretor
de Combate à Desertificação do MMA, Francisco Campello, a iniciativa é um
estímulo para a comercialização e um exemplo vivo da conservação do meio
ambiente pelo uso correto da biodiversidade. “Ao criar uma demanda para esses
produtos, apresentando-os ao público consumidor, mostramos que é viável o uso
dos ingredientes brasileiros não apenas em suas regiões de origem”. Campello
conta que o MMA vai enviar, mensalmente, representantes das comunidades
envolvidas para permanecer alguns dias no box, acompanhando a comercialização
dos produtos. “Dessa forma, eles podem ver de perto o retorno do público e
aprender técnicas de venda e atendimento”, disse. MODO DE VIDA - Segundo
Luís Carrazza, secretário executivo da Central do Cerrado, o intuito é mostrar
para o mundo que é possível produzir respeitando o modo de vida dos produtores
e a natureza. “Esse box vai ser uma plataforma de disseminação desse conceito
para que as políticas públicas cheguem e tragam mais qualidade de vida para
quem vive no campo”, afirmou ele. Luís explica que um dos principais gargalos
para os empreendimentos é a comercialização. “Com essa iniciativa espera-se a
expansão de cada empreendimento”, disse. “O MMA é parceiro estratégico da
Central. Temos uma relação especial com o DCD, pelos empreendimentos com a
Caatinga. Com o apoio do ministério, fortalecemos várias comunidades”,
destacou. No box da Caatinga, por exemplo, são sete empreendimentos expondo.
“Essa é uma forma de disseminação do conceito de extrativismo sustentável”. As
comunidades foram selecionadas de acordo com alguns critérios: sustentabilidade
ambiental, origem comunitária dos empreendimentos, manejo ambiental
estabelecido com extrativismo não predatório, questões sanitárias e qualidade do
produto. VALORIZAÇÃO - Para o agricultor Valmir Erlem, da
Associação dos Agricultores Familiares da Serra dos Paus Doías (Agrodoia), o
box é uma oportunidade de o público experimentar saberes e sabores de cada
região. “Mostramos os produtos ecológicos que valorizam a gestão ambiental e
social, e comercializamos com preço justo. São produtos que têm uma história
por trás”, afirmou ele. “A Caatinga é sempre considerada um patinho feio, que
não produz, que sofre com a seca. Mas aqui teremos a chance de mostrar o
trabalho dos agricultores, a organizaçãodas comunidades, a integração, o
comprometimento, produtos de qualidade”. Para Cledeneuza Maria de Oliveira,
presidente da Cooperativa das mulheres Quebradoras de Coco Babaçu, de São
Domingos do Araguaia (Pará), a iniciativa é muito importante para divulgar o
trabalho das comunidades e sua capacidade de produzir. “Isso valoriza nossa
gente”, afirmou. Durante o evento houve demonstração de práticas extrativistas
(quebra de coco de babaçu e quebra do fruto do baru). Após a inauguração do
box, foi realizado um debate entre produtores e convidados da Central do
Cerrado sobre planejamento produtivo, logística, questões fiscais e estratégia
de promoção, distribuição e comercialização dos produtos. – Secom
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