Programa Consultório na Rua será intensificado com a
identificação das cidades que precisam de apoio para a implantação do serviço.
O Governo de Minas Gerais vai intensificar o apoio aos municípios na
implantação de equipes do programa Consultório na Rua para garantir
o acesso da população que vive na rua aos serviços de saúde, principalmente
usuários de álcool e outras drogas.Segundo a diretora de Políticas de Atenção
Primária à Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Ana Paula Medrado, a medida
prevê a identificação das cidades que precisam do serviço, incentivo e
orientação na implantação dos projetos, qualificação e capacitação dos
profissionais da equipe.O Consultório na Rua é composto de, no mínimo, quatro
profissionais, e pode ter uma equipe formada por enfermeiro, auxiliar de
enfermagem, psicólogo , assistente social, terapeuta ocupacional, médico,
dentista, educador físico, agente social, agente comunitário de saúde, técnico
em saúde bucal e profissional de arte e educação.O projeto é custeado pelo
Ministério da Saúde, cujos valores, repassados por mês direto aos municípios,
variam de R$ 19,9 mil a R$ 35,2 mil, por equipe, de acordo com a composição dos
profissionais.Atuação - Os profissionais dessas equipes atuam
de forma itinerante nas ruas onde, diariamente, realizam consultas, diagnóstico
e tratamento de doenças, curativos, imunização por meio de vacinas, medicação e
encaminhamento de casos para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), para exames e
procedimentos necessários.De acordo com Ana Paula Medrado, pelo fato de os
moradores de rua apresentarem problemas diversos as equipes são orientadas a trabalharem
em parceria com toda a rede básica, assim como com Centros de Atenção
Psicossocial, serviços de Urgência e Emergência, Sistema Único de
Assistência Social e outras instituições públicas e da sociedade civil."A
população de rua, muitas vezes, não tem referência de serviços de saúde e não
procura assistência, o que faz com que as doenças se agravem. Então esse
trabalho do Consultório na Rua possibilita o acesso aos serviços de saúde
das Unidades Básicas de Saúde, que são a principal porta de entrada no
SUS", ressalta Ana Paula.A diretora de Políticas de Atenção Primária à
Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde, salienta que o papel do Governo
do Estado é fundamental na orientação, fornecimento de diretrizes e
protocolo de atuação dessas equipes. Cidades elegíveis - O
programa Consultório na Rua foi instituído, em 2011, pela Política Nacional de
Atenção Básica, e estabelece uma equipe para cada grupo de 80 a mil pessoas em
situação de rua. Se o número for maior, a cidade poderá ter mais de um Consultório
na Rua.Minas Gerais possui, atualmente, 21 municípios dentro desse perfil e ,
por isso, considerados elegíveis, ou seja, aptos a implantar o projeto. Em 12
dessas cidades, o Consultório na Rua já está funcionando.São elas Belo
Horizonte, Ibirité ( Grande BH), Governador Valadares (Rio Doce),
Ipatinga (Vale do Aço), Barbacena (Campo das Vertentes), Juiz de Fora (Zona da
Mata), Montes Claros e Janaúba (Norte), São Lourenço (Sul), Teófilo Otoni (
Mucuri), Uberlândia e Uberaba (Triângulo Mineiro).Exemplos-
Em Ipatinga, o Consultório na Rua completou um ano em maio de 2015 com 190
moradores de rua cadastrados, a maioria homens com idades entre 30 e 40
anos.Entre estes moradores de rua há casos de usuários de crack e
álcool, diabetes, hipertensão, tuberculose, HIV e outras doenças
sexualmente transmissíveis. Todos são atendidos e acompanhados pela equipe
formada por enfermeiro, psicólogo, assistente social, técnico de enfermagem e
agentes de saúde.Além de oferecer os cuidados básicos no próprio espaço da rua,
a equipe faz encaminhamentos para os serviços das redes de saúde e assistência
social do município."Existem casos, como os de tuberculose e soro
positivo, que precisam de atendimento especializado e também de
acompanhamento de perto para que os pacientes não abandonem o tratamento",
afirma Tatiana Mendes Ávila, coordenadora da equipe do Consultório na Rua de
Ipatinga.Redução de danos - Quanto aos usuários de álcool e
outras drogas, Tatiana esclarece que a atuação dos profissionais é no sentido
de conscientizá-los dos riscos do uso dos entorpecentes e, se desejarem, eles
também podem ser direcionados para rede de atenção à saúde mental."O
objetivo da ação da equipe é a redução de danos, ou seja, prevenir as
complicações inerentes ao fato de a pessoa estar na rua e garantir que, como
cidadãos, tenham seus direitos a assistência à saúde respeitados ",
destaca a coordenadora do Consultório na Rua de Ipatinga.Tatiana afirma que o
apoio do Governo do Estado ao trabalho vai dar mais subsídios aos profissionais,
ampliar e qualificar a assistência à essa população.Dignidade - As
ações do Consultório na Rua também podem resultar em mudança de atitude.É o
caso de Ivanete Almeida Pereira, 35 anos, e o companheiro Dimas Avelino
Rodrigues, 38 anos. Ambos eram usuários de drogas e se conheceram nas ruas de
Ipatinga, onde viveram por quase dois anos.Ivanete estava grávida de cinco
meses quando foi abordada pela equipe do Consultório na Rua. Aos poucos, os
profissionais conquistaram a confiança dela, a encaminharam para um albergue e
a convenceram a fazer o pré-natal na rede municipal de Saúde de Ipatinga.
A decisão de deixar as drogas e as ruas veio com o nascimento do Josué, hoje
com 10 meses.“Essas pessoas do Consultório na Rua olharam para mim, cuidaram e
devolveram a minha dignidade. Até o nascimento do Josué, eles me acompanharam
para que meu filho nascesse com saúde e, ainda hoje, sempre me visitam para ver
se está tudo bem”, conta a ex-moradora de rua.Atualmente, Ivanete, Dimas e o
pequeno Josué vivem em uma casa alugada, estão inseridos em programas sociais e
recebem acompanhamento da rede municipal de saúde de Ipatinga. “É tudo simples,
mas hoje temos um teto para o nosso filho”, comemora Ivanete que trabalhava
como diarista.Parceria- Segundo Ana Paula Medrado as
diretrizes de atenção à saúde para os moradores de rua serão elaboradas em
parceria com o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da
Política Estadual para a População em Situação de Rua de Minas Gerais
(PopRua-MG), da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e
Cidadania.O comitê foi instalado recentemente e visa fortalecer as ações de
proteção aos direitos dessa população, assegurando o acesso amplo, facilitado e
permanente aos serviços públicos de áreas como saúde, assistência social,
trabalho, segurança pública, moradia, entre outros. - Secom
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