quinta-feira, 3 de setembro de 2015

GOVERNO DE MINAS SE ALIA AOS MUNICÍPIOS PARA GARANTIR ASSISTÊNCIA À SAÚDE DOS MORADORES DE RUA

Programa Consultório na Rua será intensificado com a identificação das cidades que precisam de apoio para a implantação do serviço. O Governo de Minas Gerais vai intensificar o apoio aos municípios na implantação de equipes do programa  Consultório na  Rua para garantir o acesso da população que vive na rua aos serviços de saúde, principalmente usuários de álcool e outras drogas.Segundo a diretora de Políticas de Atenção Primária à Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Ana Paula Medrado, a medida prevê a identificação das cidades que precisam do serviço, incentivo e orientação na implantação dos projetos, qualificação e capacitação dos profissionais da equipe.O Consultório na Rua é composto de, no mínimo, quatro profissionais, e pode ter uma equipe  formada por enfermeiro, auxiliar de enfermagem, psicólogo , assistente social, terapeuta ocupacional, médico, dentista, educador físico, agente social, agente comunitário de saúde, técnico em saúde bucal e profissional de arte e educação.O projeto é custeado pelo Ministério da Saúde, cujos valores, repassados por mês direto aos municípios, variam de R$ 19,9 mil a R$ 35,2 mil, por equipe, de acordo com a composição dos profissionais.Atuação - Os profissionais dessas equipes atuam de forma itinerante nas ruas onde, diariamente, realizam consultas, diagnóstico e tratamento de doenças, curativos, imunização por meio de vacinas, medicação e encaminhamento de casos para as Unidades Básicas de Saúde (UBS), para exames e procedimentos necessários.De acordo com Ana Paula Medrado, pelo fato de os moradores de rua apresentarem problemas diversos as equipes são orientadas a trabalharem em parceria com toda a rede básica, assim como com Centros de Atenção Psicossocial, serviços de Urgência e Emergência,  Sistema Único de Assistência Social e outras instituições públicas e da sociedade civil."A população de rua, muitas vezes, não tem referência de serviços de saúde e não procura assistência, o que faz com que as doenças se agravem. Então esse trabalho do Consultório na Rua possibilita o acesso aos serviços de saúde das  Unidades Básicas de Saúde, que são a principal porta de entrada no SUS", ressalta Ana Paula.A diretora de Políticas de Atenção Primária à Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde, salienta que o papel do Governo do  Estado é fundamental na orientação, fornecimento de diretrizes e protocolo de atuação dessas equipes. Cidades elegíveis - O programa Consultório na Rua foi instituído, em 2011, pela Política Nacional de Atenção Básica, e estabelece uma equipe para cada grupo de 80 a mil pessoas em situação de rua. Se o número for maior, a cidade poderá ter mais de um Consultório na Rua.Minas Gerais possui, atualmente, 21 municípios dentro desse perfil e , por isso, considerados elegíveis, ou seja, aptos a implantar o projeto. Em 12 dessas cidades, o Consultório na Rua já está funcionando.São elas  Belo Horizonte, Ibirité ( Grande BH), Governador Valadares (Rio Doce),  Ipatinga (Vale do Aço), Barbacena (Campo das Vertentes), Juiz de Fora (Zona da Mata), Montes Claros e Janaúba (Norte), São Lourenço (Sul), Teófilo Otoni ( Mucuri),  Uberlândia e Uberaba (Triângulo Mineiro).Exemplos- Em Ipatinga, o Consultório na Rua completou um ano em maio de 2015 com 190 moradores de rua cadastrados, a maioria homens com idades entre 30 e 40 anos.Entre estes moradores de rua há casos de usuários de crack e  álcool,  diabetes, hipertensão, tuberculose, HIV e  outras doenças sexualmente transmissíveis. Todos são atendidos e acompanhados pela equipe formada por enfermeiro, psicólogo, assistente social, técnico de enfermagem e agentes de saúde.Além de oferecer os cuidados básicos no próprio espaço da rua, a equipe faz encaminhamentos para os serviços das redes de saúde e assistência social do município."Existem casos, como os de tuberculose e soro positivo,  que precisam de atendimento especializado e também de acompanhamento de perto para que os pacientes não abandonem o tratamento", afirma Tatiana Mendes Ávila, coordenadora da equipe do Consultório na Rua de Ipatinga.Redução de danos - Quanto aos usuários de álcool e outras drogas, Tatiana esclarece que a atuação dos profissionais é no sentido de conscientizá-los dos riscos do uso dos entorpecentes e, se desejarem, eles também podem ser direcionados para rede de atenção à saúde mental."O objetivo da ação da equipe é a redução de danos, ou seja, prevenir as complicações inerentes ao fato de a pessoa estar na rua e garantir que, como cidadãos, tenham seus direitos a assistência à saúde  respeitados ", destaca a coordenadora do Consultório na Rua de Ipatinga.Tatiana afirma que o apoio do Governo do Estado ao trabalho vai dar mais subsídios aos profissionais, ampliar e qualificar a assistência à essa população.Dignidade - As ações do Consultório na Rua também podem resultar em mudança de atitude.É o caso de Ivanete Almeida Pereira, 35 anos, e o companheiro Dimas Avelino Rodrigues, 38 anos. Ambos eram usuários de drogas e se conheceram nas ruas de Ipatinga, onde viveram por quase dois anos.Ivanete estava grávida de cinco meses quando foi abordada pela equipe do Consultório na Rua. Aos poucos, os profissionais conquistaram a confiança dela, a encaminharam para um albergue e a convenceram  a fazer o pré-natal na rede municipal de Saúde de Ipatinga. A decisão de deixar as drogas e as ruas veio com o nascimento do Josué, hoje com 10 meses.“Essas pessoas do Consultório na Rua olharam para mim, cuidaram e devolveram a minha dignidade. Até o nascimento do Josué, eles me acompanharam para que meu filho nascesse com saúde e, ainda hoje, sempre me visitam para ver se está tudo bem”, conta a ex-moradora de rua.Atualmente, Ivanete, Dimas e o pequeno Josué vivem em uma casa alugada, estão inseridos em programas sociais e recebem acompanhamento da rede municipal de saúde de Ipatinga. “É tudo simples, mas hoje temos um teto para o nosso filho”, comemora Ivanete que trabalhava como diarista.Parceria- Segundo Ana Paula Medrado as diretrizes de atenção à saúde para os moradores de rua serão elaboradas em parceria com o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População em Situação de Rua de Minas Gerais (PopRua-MG), da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania.O comitê foi instalado recentemente e visa fortalecer as ações de proteção aos direitos dessa população, assegurando o acesso amplo, facilitado e permanente aos serviços públicos de áreas como saúde, assistência social, trabalho, segurança pública, moradia, entre outros. - Secom

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