A comunidade japonesa teve um papel central na
consolidação do cultivo da maçã em São Joaquim, na Serra catarinense. O Japão é
um dos principais compradores da carne suína produzida em Santa Catarina. A
Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) tem acordos de cooperação
na área de saneamento ambiental com a Agência de Cooperação Internacional do
Japão (Jica), que também participou da elaboração do plano estadual de
prevenção a desastres naturais. Para fortalecer as atuais parcerias e
prospectar novas, o governador Raimundo Colombo foi o palestrante de evento
promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Japonesa no Brasil, em São Paulo,
nesta sexta-feira, 11. "Temos muito orgulho das parcerias com o Japão. São
parcerias sólidas que mostram que a união de forças garante bons resultados. E
hoje Santa Catarina desponta como um Estado que tem atraído cada vez mais
investimentos. No passado, os investidores estrangeiros olhavam muito para São
Paulo e para o Rio de Janeiro. Hoje, estão percebendo que Santa Catarina tem a
força industrial de São Paulo e as belezas naturais do Rio, unindo os
diferentes atrativos em um mesmo local", discursou Colombo. O governador
destacou também o equilíbrio das contas públicas de Santa Catarina em um
cenário de ajuste fiscal no contexto nacional. Citou a manutenção dos
investimentos públicos, que só neste ano devem passar de R$ 3 bilhões em SC,
como uma das estratégias para manter a economia catarinense aquecida e a
manutenção dos empregos no Estado. E voltou a afirmar que o governo catarinense
não aumentará impostos para combater a crise. "O que precisamos é ser
criativos e melhores, mudar o modelo de Estado em busca da eficiência que a
sociedade exige e merece", acrescentou. O presidente da Câmara de Comércio
e Indústria Japonesa no Brasil, ToshifumiMurata, definiu o encontro como uma
oportunidade para o governador Colombo apresentar novas potencialidades do
Estado para os empresários do Japão. "Temos uma grande conexão com Santa
Catarina. São parcerias históricas, como no cultivo da maçã e na agroindústria.
Santa Catarina é considerado um Estado brasileiro estratégico para chamar ainda
mais investimentos japoneses", destacou."O que está acontecendo é que
o Japão percebeu que 80% dos seus negócios brasileiros estão concentrados em
São Paulo e está querendo diversificar isso. Santa Catarina está se
apresentando como o Estado mais viável para receber novos investimentos do
Japão. É nosso interesse e é interesse deles, até pela tradição de parcerias já
firmadas e hoje consolidadas. O caminho já está aberto e hoje o governador
Raimundo Colombo participou deste evento para mostrar a realidade de Santa
Catarina como um terreno fértil para novos negócios", acrescentou o
secretário executivo de Assuntos Internacionais, Carlos Adauto Virmond, que
também participou do encontro.Em seu discurso, o secretário destacou
indicadores sociais e econômicos do Estado que são referência para o país.
Também enalteceu a qualidade da mão de obra catarinense e lembrou que, em 2014,
Santa Catarina foi o maior gerador de empregos no país (53.887 novas vagas),
batendo inclusive o estado de São Paulo, segundo dados do Ministério do Trabalho.
Nas médias dos dois primeiros trimestres de 2015, o IBGE revelou também que o
Estado apresentou as menores taxa de desemprego do país. No primeiro trimestre,
SC registrou 3,9%, contra a média nacional de 7,9%. E no segundo, Santa
Catarina manteve os 3,9%, enquanto a média nacional subiu para
8,3%.Participaram do encontro, diretores da Câmara, empresários japoneses e
brasileiros e o cônsul geral do Japão em São Paulo, TakahiroNakamae. O
governador Colombo avaliou o evento como uma importante oportunidade para
prospecção de novos negócios. "A realidade da economia brasileira mudou, o
câmbio mudou e temos que estar atentos para o mercado externo. E o Japão é um
mercado muito importante para Santa Catarina e para todo o Brasil. Temos que
buscar iniciativas para dinamizar a economia, manter as nossas conquistas já
realizadas e continuar crescendo", explicou.SC e Japão - Em
2014, o Japão consumiu 5,8% das exportações catarinenses, participação menor
apenas que a de países como Estados Unidos (12,7%) e China (11,51%). Em 2015,
no período de janeiro a julho, o Japão já comprou US$ 208 milhões em produtos
catarinenses, mantendo a força da parceria. A carne suína é um dos principais
itens. Em 2014, apenas um ano depois da abertura do mercado japonês para a
carne suína catarinense, o país já ficou na sexta posição entre os maiores
compradores do produto.O Estado é o maior produtor e exportador brasileiro de
carne suína, respondendo por aproximadamente 35% das exportações do produto
pelo país. Conta com dez mil criadores integrados às agroindústrias e
independentes e produz cerca de 850 mil toneladas de carne suína por ano. É o
único estado brasileiro reconhecido como zona livre de febre aftosa sem
vacinação, status certificado em 2007 pela Organização Mundial de Saúde Animal
(OIE). E em maio, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) entregou a
certificação que reconhece SC também como zona livre de peste suína clássica.
Atualmente, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina
(Cidasc) mantém mais de 60 barreiras sanitárias fixas nas divisas com os
estados do Paraná e do Rio Grande do Sul e também com a Argentina para impedir
o ingresso de animais e produtos de origem animal que possam veicular o vírus
da febre aftosa e de outras enfermidades.A Casan também conta com importantes
parcerias com os japoneses. A companhia tem acordos de cooperação com a Agência
de Cooperação Internacional do Japão (Jica) na área de saneamento ambiental no
valor de mais de R$ 400 milhões. A Jica elaborou planos que visam prevenir e
reduzir os efeitos de catástrofes climáticas como as cheias no Vale do Itajaí.
"Com sua experiência, o Japão ajudou Santa Catarina a traçar o plano que
agora está sendo colocado em prática pelo Governo do Estado com investimentos
expressivos em parceria com o Governo Federal", lembrou Colombo.Presença
no campo - As colaborações da comunidade japonesa na agricultura se
iniciaram na década de 1970, quando técnicos japoneses trazidos pelo Governo do
Estado ajudaram na consolidação do cultivo da maçã em São Joaquim, na Serra
catarinense. Contribuíram ainda em outras culturas, como pera, pêssego e kiwi e
na atividade pesqueira. A característica da cooperação foi o envio de técnicos
especializados do Japão para prestar assessoria técnica no Brasil (morando no
Brasil por longos períodos) e o envio de profissionais brasileiros para
estagiar nas estações de pesquisa e difusão de tecnologia do Japão.O engenheiro
agrônomo Názaro Vieira Lima, gerente regional da Epagri de São Joaquim, lembra
que outra característica importante desta cooperação foi a doação pelo governo
japonês de equipamentos de última geração para modernizar as estações de
pesquisa e seus laboratórios. Com estes intercâmbios técnicos, Lima explica que
foi possível o incremento da qualidade e da produtividade da produção de maçãs
em Santa Catarina, passando de média entre 8 e 12 toneladas por hectare
registrada nos anos 1970 para a média atual que é de 50 a 60 toneladas por
hectare.O setor é também um importante empregador. Só nas atividades diretas
nos pomares, são cerca de 60 mil trabalhadores.Colonização japonesa em
SC - A colonização japonesa em Santa Catarina começou oficialmente em
1964, a partir a instalação da colônia Celso Ramos, hoje localizada no
município de Frei Rogério, no Meio-Oeste, com a distribuição de lotes para
descendentes de japoneses vindos do Rio Grande do Sul. Mas há registros da
presença de famílias e pessoas da etnia japonesa em Santa Catarina já nos anos
de 1950. Itajaí, Canoinhas, Caçador e São Joaquim acolheram colonos a partir da
década de 1970. Outras cidades, como Florianópolis, Caçador, Lages e Joinville
também receberam imigrantes e descendentes de japoneses.Mercado
nacional -A Câmara de Comércio e
Indústria Japonesa no Brasil foi criada com os objetivos de
estreitar as relações entre empresários do mesmo ramo de atividades e somar
esforços para o desenvolvimento do comércio entre o Brasil e o Japão,
estabelecendo a melhor política para o sucesso desse relacionamento.Atualmente,
existem cerca de 250 empresas japonesas em atividade no Brasil, em áreas como
mineração, siderurgia, indústria automotiva, eletroeletrônicos, papel e celulose,
agronegócio, químicos e plásticos. De acordo com dados do Banco Central, nos
seis primeiros meses deste ano o Japão ocupou o 5º lugar no ranking das
economias que mais investiram no Brasil, na modalidade participação no
capital.Em 2014, o Japão foi o 5º principal destino das exportações brasileiras
(3% do total Brasil) e o 9° mercado de origem das importações. A corrente de
comércio bilateral foi de US$ 12,6 bilhões, sendo US$ 6,7 bilhões em vendas
brasileiras e US$ 5,9 bilhões em importações brasileiras do Japão, com
superávit de US$ 860 milhões para o Brasil. - Secom
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