Na
citricultura, a variabilidade de porta-enxertos amplia a segurança
fitossanitária, a qualidade e o período de colheita dos frutos — fatores
determinantes para o agronegócio citrícola. Nesse contexto, o Instituto
Agronômico (IAC), de Campinas, irá realizar o VII Dia do Porta-enxerto, no dia
9 de maio de 2013, das 9h às 12h30, em Cordeirópolis, no Centro de Citricultura
Sylvio Moreira do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
A participação é gratuita. De acordo com a pesquisadora do IAC, Mariangela
Cristofani-Yali, a diversificação de porta-enxertos é importante para o
controle de doenças. “O histórico da citricultura brasileira é marcado por uma
sucessão de pragas e doenças causadas por diferentes agentes etiológicos”, diz.
Ela explica que uma das estratégias utilizadas para superar os problemas
relacionados a doenças, em especial nas variedades de porta-enxertos, foi a
substituição da variedade suscetível à tristeza dos citros, a laranja Azeda,
por outra resistente, o limão Cravo. “Tal estratégia possibilitou que o Brasil
se tornasse o maior produtor de citros do mundo”, afirma a coordenadora do
evento. Considerando a relevância da obtenção da variabilidade como forma de
superar problemas, uma das metas do programa de melhoramento de citros do
Centro de Citricultura do IAC tem sido a obtenção de híbridos de porta-enxertos
e copas, que visam ampliar o número de variedades utilizadas. Segundo a
pesquisadora, a diversidade varietal responde pela sustentação do pomar, por
evitar problemas fitossanitários, e também amplia o período de colheita. Os
principais porta-enxertos, em ordem de importância, na citricultura nacional e
paulista são limão Cravo, citrumelo Swingle, tangerina Cleopatra, tangerina
Sunki, limão Volkameriano e Poncirus trifoliata. A razão principal da
preferência ao limão Cravo é que este confere precocidade, alta produtividade e
resistência à seca. “Plantas enxertadas em limão Cravo geralmente têm boas
safras a partir dos três anos de idade”, diz. Uma das características mais
associadas ao seu bom desempenho é sua resistência à seca, já que mais de 90%
da citricultura paulista está concentrada em regiões com déficit hídrico
sazonal e com estiagens de 60 a 120 dias durante a florada. “O limão Cravo é
tolerante à tristeza e suscetível a doenças como exocorte, xiloporose, gomose,
morte súbita dos citros (MSC) e declínio”, afirma. Entretanto, diz a
pesquisadora, com o surgimento e expansão da MSC, dada à suscetibilidade do
limão Cravo, um dos principais objetivos do programa de melhoramento genético
de citros do IAC passou a ser o estudo de porta-enxertos que o substituam.
“Experimentos dessa natureza já estão sendo realizados com as tangerinas Sunki
e Cleópatra, citrumelo Swingle e vários híbridos de Poncirus trifoliata que se
mostram tolerantes à morte súbita dos citros”, diz. Os porta-enxertos afetam
muitas características das variedades copas, entre elas, destacam-se vigor, precocidade de produção,
produção, época de maturação e massa de fruto, coloração da casca e do suco,
teor de açúcares e de ácidos dos frutos, permanência dos frutos na planta,
conservação da fruta após a colheita, tolerância da planta à salinidade, à
seca, à geada e a doenças. “Outro fator a ser considerado é a incompatibilidade
entre certas combinações de copa/porta-enxerto. Exemplos de incompatibilidades
são as que ocorrem entre os porta-enxertos citrumelo Swingle e o P. trifoliata
com a laranja Pêra e o tangor Murcott, formando plantas pouco produtivas e de
vida curta”, explica. Dentro do programa de obtenção de novos porta-enxertos,
foram selecionados citrandarins (híbridos de Poncirus trifoliata x Citrus
sunki) que induziram à formação de laranjeiras Pera com altura inferior a três
metros aos sete anos de idade. De acordo com a pesquisadora, as plantas
cítricas de porte baixo (menores que 2,5 m) apresentam vantagens sobre as
árvores de grande porte: possuem maior eficiência produtiva, possibilitam
elevadas densidades de plantio e, em consequência, maior produção por unidade
de área. “O porte baixo aumenta a eficiência dos tratos fitossanitários e reduz
os custos da colheita”, diz. Estudos têm demonstrado que a eficiência produtiva
da planta (kg/m3) tem se mostrado maior em plantas de menor porte e como
consequência há maior produção por área de plantio. Esses híbridos apresentaram
também elevada resistência à seca. A maior parte da citricultura paulista não é
irrigada. Assim, porta-enxertos resistentes à seca são interessantes para todas
as regiões do Estado. Entretanto, a região norte do Estado de São Paulo é a que
apresenta maior período sem chuvas (junho a outubro) e, consequentemente, exige
porta-enxertos mais resistentes. Ainda nos estudos do IAC observou-se que
híbridos de limão Cravo x citrumelo Swingle mostraram-se tolerantes à tristeza
e ao declínio. “Quando enxertados com laranja Valência, induziram-na a produzir
frutos e sólidos solúveis 63 e 86%, respectivamente, maiores que as obtidas
sobre o trifoliata Davis A.”, diz.
Outros três híbridos de limão Cravo com diferentes trifoliatas
apresentaram potencial de uso na citricultura, aumentando a produtividade e
reduzindo o tamanho da copa de laranja Valência enxertadas sobre eles. Segundo
a pesquisadora, estudos no Centro de Citricultura do IAC com os citrandarins
(híbridos de Citrus sunki x Poncirus trifoliata) têm revelado que não há uma
correlação entre o vigor no viveiro e no campo. “Alguns híbridos que eram vigorosos
no viveiro, induziram porte baixo nas copas em condições de campo”, afirma. De
maneira geral, os porta-enxertos mais vigorosos em uso são o limão Cravo e as
tangerinas Cleopatra e Sunki. Este vigor refere-se ao maior desenvolvimento
vegetativo da variedade copa. Os menos vigorosos são os trifoliatas. A
pesquisadora afirma que não há uma correlação entre vigor e qualidade da fruta.
A qualidade dos frutos é medida pelo alto conteúdo de sólidos solúveis e ácidos
no suco. “Além do equilíbrio entre o teor de açucares e ácidos no suco, outras
características são avaliadas como peso/tamanho do fruto, rendimento de suco,
cor do suco e teor de vitamina C”, diz. O porta-enxerto deve ser escolhido de
acordo com a finalidade do pomar, considerando o uso que será feito dos frutos
e também visando à ampliação do período de colheita. Os citricultores dedicados
à produção de frutos para o processamento de suco preferem os porta-enxertos
citrumelo Swingle e tangerina Sunki, entretanto, em pomares mais antigos predomina
o limão Cravo. Já os produtores que buscam os mercados finos de mesa usam
Trifoliatas e seus híbridos. De acordo com a pesquisadora, outro aspecto a ser
considerado na escolha do porta-enxerto baseia-se nas observações de que o
plantio semi-adensado pode gerar maiores produtividades, especialmente na
primeira década de vida do pomar. O potencial máximo de produção de uma árvore
de citros é expresso de seis a oito anos após o plantio e o tempo de vida útil
de um pomar pode ser de até 20 anos, em
função do manejo da cultura. O adensamento de plantas é uma prática que vem
sendo cada vez mais discutida com a finalidade de aumentar a produtividade por
unidade de área e, consequentemente, a rentabilidade da cultura. “A distância
mínima entre plantas, nos estudos realizados, pode variar de 2 a 3 m entre
plantas na linha, podendo-se ter de 700 a 800 plantas por hectare”. Durante
palestra no Dia do Porta-Enxerto serão apresentados resultados obtidos com a
avaliação dos citrandarins (híbridos Citrus sunki x Poncirus trifoliata). – Secom – Carla Gomes
SERVIÇO
VII Dia do Porta-enxerto
Data: dia 9 de maio de 2013.
Horário: 9h às 12h30.
Local: Centro de Citricultura Sylvio Moreira do IAC,
Rod. Anhanguera, km 158, Cordeirópolis,
S.P.
Nenhum comentário:
Postar um comentário