sexta-feira, 26 de abril de 2013

IAC EXPÕE PELA PRIMEIRA VEZ MATERIAL DE TRITICALE 6% MAIS PRODUTIVO E COM REDUÇÃO DE 60% NA APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS

O Instituto Agronômico (IAC-APTA), de Campinas, apresenta pela primeira vez ao público da Agrishow a variedade de triticale IAC-6 Pardal, lançada em setembro de 2012. O material é resiste às principais doenças da cultura, com redução de mais de 60% na aplicação de defensivos agrícolas e é 6% mais produtivo. O triticale resulta do cruzamento do trigo com o centeio, bastante usado para a produção de ração e com boa quantidade de proteína, podendo ser superior a 16%, enquanto o trigo varia de 6% a 16%. Com coloração branca, serve para clarear a farinha de trigo e é utilizado na mistura para a produção de massa de pizza e quibe. O triticale IAC-6 Pardal é mais resistente à brusone do que os outros materiais no mercado, ao oídio e à ferrugem das folhas – consideradas as principais doenças que ocorrem na cultura do trigo. Com essa característica, o produtor pode reduzir em mais de 60% a aplicação de defensivos agrícolas. “Dependendo do material utilizado pelo produtor rural, são necessárias até três aplicações de agrotóxicos na lavoura. Nos testes realizados para o desenvolvimento da variedade foi preciso apenas uma aplicação”, afirma João Carlos Felício, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A variedade desenvolvida pelo IAC tem produtividade média de 4.905 kg por hectare, 6% a mais do que a IAC 3 e IAC 5, que produzem cerca de 4.618 kg por hectare. “O IAC-6 Pardal tem bom rendimento de grãos nas condições de cultivo em sequeiro e com irrigação por aspersão. Devido à alta produtividade e resistência a doenças, esperamos que substitua gradativamente a IAC 3 e seja plantada em conjunto com a IAC 5”, explica Felício. O pesquisador do IAC alerta, porém, que não se deve aplicar nitrogênio em cobertura. O triticale é bastante utilizado para a produção de ração para aves e suínos por conter lisina – substância que auxilia no crescimento. “Com a utilização de ração com triticale, é possível reduzir e até mesmo parar com o uso de indutor de crescimento dos animais”, afirma o pesquisador do IAC. Além da ração, o triticale possui múltiplos propósitos na alimentação animal na forma de forragem verde e feno. O grão é ainda utilizado como complemento à farinha de trigo, plantado na entressafra em substituição ao milho e à soja e na formação de cobertura vegetal para proteção do solo. A mistura da farinha de triticale com farinha de trigo é bastante utilizada. Na indústria, a mistura de farinha para panificação com até 20% de triticale é usada para quebrar a força do glúten. Isso ocorre quando se tem uma farinha muito forte e há necessidade de outra que tenha menos força. “A mistura é usada para o clareamento, quando o trigo apresenta coloração que tende para o amarelo, e na suplementação de proteína a farinha de trigo”, afirma Felício. O pesquisador explica que a cor branquinha do miolo do pão atrai o consumidor final e, consequentemente, os moinhos, que compram mais rapidamente em razão da preferência por farinhas com coloração branca. A variedade do IAC possui também esta característica. O aparelho que classifica a cor, chamado Minolta, registra variações de zero (cor preta) a 100 (cor branca) e o IAC-6 Pardal tem classificação 94, o que lhe garante alto potencial para coloração branca. “Entre 92 e 94 na escala, a farinha é branca, menos que isso já é um pouco avermelhada. O triticale IAC-6 Pardal poderá ser usado na mistura com o trigo, o que garante farinha mais branca. A aparência da farinha tem relação direta com a comercialização. O consumidor brasileiro gosta de pão com miolo bem branquinho e 55% da farinha no Brasil é usada pela indústria de panificação. Se o produto for amarelado, a dona de casa o considera velho”, afirma o pesquisador do Instituto Agronômico. Segundo Felício, o triticale IAC-6 Pardal pode ser cultivado nos seguintes Estados: São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, consideradas as regiões tritícolas brasileiras. O ciclo do material é considerado normal, de 135 a 145 dias. O pesquisador do IAC explica que devido ao ciclo da cultura, o produtor consegue traçar uma estratégia para não perder a lavoura devido à ocorrência de geada. “O milho, por exemplo, não suporta geada e o triticale, na fase vegetativa, suporta. Então, como o cereal é plantado de maio a julho e tem sua fase vegetativa justamente na época de ocorrência de geadas, o produtor pode plantar as duas culturas e não ter esse tipo de problema”, afirma. Outra característica importante do triticale é sua rusticidade e resistência à acidez do solo. “Os solos ácidos limitam o desenvolvimento das plantas em terras cultiváveis no mundo e predomina nas regiões produtoras de cereais de inverno no Sul do Brasil e nas regiões do Cerrado. A IAC-6 Pardal tem tolerância ao alumínio, característica que herdou do centeio, que tolera nível mais alto de alumínio em soluções nutritivas que as variedades de trigo”, explica Felício. O material foi ainda desenvolvido para a colheita mecanizada – que corresponde ao método utilizado em quase 100% das lavouras do cereal. “A nova variedade tem porte de 105 cm a 120 cm. As variedades de triticale tendem a ter porte alto, pois são mais resistentes ao acamamento (tombamento). Além disso, o triticale é bastante utilizado em rotação de cultura em áreas de plantio direto na palha, por isso, a importância de ter o porte alto”, diz o pesquisador do IAC. O cereal é bastante plantado no Leste Europeu, sendo a Rússia o principal país produtor. O Brasil já teve maiores áreas de plantio, mas, atualmente, não se destaca pela grande produção. O Estado brasileiro que mais produz triticale é o Paraná, mas é São Paulo que se sobressai pela qualidade dos grãos. De acordo com Felício, o Instituto Agronômico é muito procurado pelos produtores rurais para aquisição de sementes de triticale. As sementes da IAC-6 Pardal já estão sendo comercializadas pelo Instituto. - Ascom

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