quinta-feira, 25 de abril de 2013

IAC DESENVOLVE SISTEMA INÉDITO QUE MUDA O CONCEITO DE PLANTAR CANA


Dentre os benefícios estão redução do número de mudas e possibilidade de aumento dos ganhos do produtor. O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, desenvolveu sistema inédito que muda o conceito de plantar cana-de-açúcar. O sistema de Mudas pré-brotadas (MPB) de cana é uma tecnologia de multiplicação que poderá contribuir para a produção rápida de mudas, associando elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio. Outro grande benefício está na redução da quantidade de mudas que vai a campo. Para o plantio de um hectare de cana, o consumo de mudas cai de 18 a 20 toneladas, no plantio convencional, para 2 toneladas no MPB. “Isso significa que 18 toneladas que seriam enterradas como mudas irão para a indústria produzir álcool e açúcar, gerando ganhos”, explica Mauro Alexandre Xavier, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A nova tecnologia desenvolvida pelo Programa Cana do IAC é direcionada a aumentar a eficiência e os ganhos econômicos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e possivelmente renovação e expansão de áreas de cana-de-açúcar. “Trata-se de um novo conceito no método de multiplicação da cana-de-açúcar, reduzindo volume e levando para o campo efetivamente uma planta”, diz Xavier, integrante do Programa Cana IAC. O MPB muda o conceito de multiplicação de mudas. Até então é usado o  sistema convencional, adotado desde a chegada das primeiras canas ao Brasil, por volta de 1.530. “No convencional, abre-se o sulco e põe colmo semente dentro. Agora propomos colocar a planta”, afirma. A tecnologia do MPB permite mudar a forma de produção de mudas. No lugar dos colmos como sementes, entram as mudas pré-brotadas que são produzidas a partir de cortes de canas, chamados minirrebolos – onde estão as gemas. Depois passam por uma seleção visual e são tratados com fungicida. São colocados em caixas de brotação com temperatura e umidade controlada, e ao final colocadas em tubetes que passam por duas fases de aclimatação. O ciclo completo leva 60 dias. “As falhas ocorridas nas áreas de plantios decorrem da falta de uniformidade de diversos fatores do sistema atual, muitas vezes deve-se ao uso excessivo de mudas que brotam e acabam competindo por água luz e nutrientes”, explica o pesquisador. Já o novo método aumenta a uniformidade nas linhas de plantio e, consequentemente, reduz as falhas. O sistema envolve a formação de viveiros para multiplicação rápida de novos materiais de cana. É um método simples que pode ser adotado por pequenos produtores e associações, não ficando restrito às usinas. De acordo com o pesquisador, o MPB restaura os benefícios da formação de mudas em viveiros, procedimento que fora praticamente esquecido com o boom do setor, apesar de gerar benefícios como aspectos fitossanitários da planta. Dentre as principais vantagens do sistema estão o menor volume de mudas a ser transportado para o campo de plantio e o grande salto na qualidade fitossanitária das mudas. O MPB está sendo adotado em várias regiões brasileiras. “Pela simplicidade do método e suas variações, está bem distribuído, o MPB já está em Goiás e região Central de São Paulo, muitos produtores de inúmeros Estados deverão adotar o método no curto e médio prazo”, diz o pesquisador do IAC. Na Agrishow 2013, o público poderá ver duas variedades de cana IAC plantadas no sistema convencional e no MPB, a IACSP95-5094 e a IACSP95-5000. Entretanto, como o plantio foi feito em janeiro passado, ainda é cedo para identificar grandes diferenças. “No MPB ocorrerá a partir dos 150 dias após o plantio um aumento no número de colmos industrializáveis”, diz. O MPB contribui para reduzir as ocorrências de pragas e doenças na implantação do canavial por usar mudas sadias. “Desde 2009, o Programa Cana IAC optou por não entregar mais colmos “semente” para multiplicação e instalação de sua rede experimental. Desde então vem desenvolvendo o sistema MPB”, afirma Xavier. A tecnologia surgiu da necessidade de entregar um material não convencional de colmos, para tentar evitar a disseminação do Sphenophorus levis, uma importante praga da cana-de-açúcar. Até meados da década de 1980, o besouro Sphenophorus Levis estava restrito à região de Piracicaba, mas atualmente é observado em praticamente todo o Estado de São Paulo, Minas Gerais e norte do Paraná. É muito provável que esta praga também já esteja em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, embora ainda não haja registros de ocorrência. As preocupações se justificam porque as larvas causam acentuada destruição das soqueiras, provocando redução de produtividade e de longevidade do canavial. Ainda dentre os benefícios do sistema, destaca-se o uso de maquinários. A plantadeira em uso no MPB é muito mais barata que as utilizadas no sistema convencional, há produtores usando máquinas que plantam eucalipto. É possível que esse novo sistema estimule a movimentação na indústria para desenvolvimento de máquina específica e compatível ao MPB. O MPB permite alcançar aumento de eficiência e ganho econômico na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e expansão e renovação de áreas plantadas de cana-de-açúcar. Entretanto para a implantação do sistema em grande escala é necessário o esforço e cooperação entre instituições de pesquisa de melhoramento genético, fitotecnia e mecanização para a plena viabilização do plantio em área comercial. “Penso que deveria haver um esforço na formação de uma grande rede de experimentação que possa desenvolver um pacote fitotécnico que gere sustentabilidade para esse novo método de plantio de cana-de-açúcar”, considera. – Ascom – Carla Gomes

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