Público
confere soluções paulistas para a agricultura nacional, de 29 de abril a 3 de maio
de 2013, em Ribeirão Preto. Nova variedade de amendoim IAC tem alto teor de
ácido oleico. O material tem o dobro de vida útil na prateleira e contribui
para o aumento do bom colesterol nos consumidores; é ainda 10% mais produtiva e
ideal para o cultivo em rotação com a cana. Não são apenas os produtores rurais
que se beneficiam das pesquisas do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Os interesses
da indústria e dos consumidores também são levados em conta nos estudos de
melhoramento genético. Exemplo claro é a nova variedade de amendoim IAC OL 3,
que será apresentada pela primeira vez ao público na Agrishow 2013, em Ribeirão
Preto, de 29 de abril a 3 de maio. O novo material, desenvolvido pelo
Instituto, produz grãos que contêm alto teor de ácido oleico, que prolonga a
vida de prateleira do produto e contribui para a redução da taxa de
triglicérides, aumentando o bom colesterol dos consumidores. Para os
produtores, as vantagens são produtividade superior a 10% a dos outros
materiais no mercado e ciclo determinado entre 125 e 130 dias, que beneficia a rotação de cultura do
amendoim com a cana-de-açúcar. Os grãos do amendoim IAC OL 3 são classificados
no mercado de confeitaria como tipo “runner” e cerca de 10% deles são de
calibre maior do que o de outras variedades. Os grãos da nova variedade
desenvolvida pelo IAC são considerados “alto oleicos” porque apresentam 70% a
80% deste ácido. Nos materiais tradicionais, esse valor é de 40% a 50%. De acordo
com o pesquisador do IAC, Ignácio José de Godoy, essa característica dobra o
tempo de prateleira do produto, o que é ideal para a indústria de confeitos.
“Os amendoins tradicionais se conservam por cerca de seis meses sem rancificar
e perder o sabor. A nova variedade do IAC consegue se manter por 12 meses sem
perda de qualidade”, afirma o pesquisador do IAC. O ácido oleico é
monoinsaturado e os alimentos ricos com esse ácido graxo contribuem para
reduzir a taxa de triglicérides e aumentar as taxas do bom colesterol. Cerca de
80% da produção nacional de amendoim é destinada à indústria de confeitos,
sendo que 54% permanece no Brasil e 27% é exportada. Outra vantagem do novo
material é a duração do ciclo da cultura, definido entre 125 e 130 dias. Essa
característica é uma vantagem em variedades de porte rasteiro. “Cerca de 80%
das lavouras de amendoim em São Paulo são plantadas nos intervalos de renovação
da cana-de-açúcar. Esses intervalos devem ser curtos, de no máximo 130 dias,
para não atrapalhar o próximo plantio da cana. Nas variedades IAC 503 e IAC 505
– também alto oleicas – o ciclo excede esse período”, explica Godoy. De acordo
com o pesquisador, o amendoim é autossuficiente em nitrogênio, enriquecendo o
solo com esse elemento e outros nutrientes, por meio da palhada, beneficiando a
cultura da cana-de-açúcar. “Além disso, o amendoim é tolerante a nematoides,
ajudando a diminuir a incidência nas áreas com a cultura”, afirma. O amendoim
IAC OL 3 tem produtividade média de 4.500 kg/ha, mas com potencial produtivo
para 7 mil kg/ha, do produto em casca. Essa quantidade é 10% superior à do IAC
886, variedade bastante conhecida pelos produtores paulistas. O porte rasteiro
do material permite que a colheita mecânica seja feita com rapidez e qualidade,
com o perfeito enleiramento das plantas na linha e sem a necessidade de mão de
obra para a operação. “Cerca de 70% do amendoim no Brasil é colhido
mecanicamente. Em São Paulo, podemos afirmar que 100% desses grãos são colhidos
dessa forma. Por isso, a importância em desenvolver materiais adequados para
esta operação”, explica o pesquisador do IAC. O tamanho médio dos grãos da
variedade IAC OL 3 é maior do que o da variedade IAC 886, de padrão comercial
conhecido como “runner”. “As variedades consideradas ‘runner’ têm predominância
de grãos com calibre de 40/50 grãos/onça. O IAC OL 3 produz grãos desse calibre
e também mais de 10% de grãos com calibre maior de 38/42 grãos/onça”, afirma
Godoy. A coloração dos grãos é rósea, igual à de outros materiais de tipo
“runner”. A variedade é suscetível a doenças na parte área, como a
cercosporiose e a ferrugem. Dessa forma, os produtores devem fazer o controle
químico das doenças para obtenção de altos rendimentos. Produção de amendoim - A
produção brasileira de amendoim é de aproximadamente 300 mil toneladas. São
Paulo é o maior produtor do País, com produção de cerca de 240 mil toneladas, o
que corresponde a 80% do total. Grande parte desse volume, cerca de 80%, é
destinado ao mercado de confeitos, o que representa 180 mil toneladas. O
restante, cerca de 25 mil toneladas (11%), é destinado ao mercado de óleo
comestível e outros 7%, ou 15 mil toneladas, para produção de sementes. São
Paulo destina cerca de 60 mil toneladas de amendoim a mais de 20 países. “Essa
produção tem como principais metas o bom desempenho da cultura na etapa
agrícola e as boas práticas do processamento, gerando um produto de alta
qualidade para o consumo como alimento. O desenvolvimento de variedades é uma
das principais ferramentas tecnológicas para se atingir essas metas”, explica
Godoy. – Carla
Gomes - Ascom
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