Série de clones selecionados pelo Instituto é,
aproximadamente, 40% mais produtiva do que o material mais plantado no Estado
de São Paulo.
Quanto
mais cedo se colhe, mais depressa o produtor rural consegue recuperar o que foi
investido, pagar os financiamentos e lucrar. No caso do heveicultor, a extração
do látex demora cerca de sete anos. Mas esse tempo caiu para cinco anos, graças
às pesquisas paulistas que desenvolveram 15 novos clones de seringueiras
precoces. Os clones foram desenvolvidos pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA),
de Campinas, com auxílio do Polo Noroeste Paulista, da Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo. Começar a sangrar as seringueiras com
tempo 30% menor significa antecipar ganhos para pagar o investimento. Todos os
15 novos clones selecionados pelo IAC têm também maior produtividade que o material
mais plantado em São Paulo atualmente, o importado da Ásia RRIM 600, que produz
em torno de 1.400 kg por hectare no ano. O novo IAC 500 – o mais produtivo dos
selecionados – produz cerca de 2.000 kg de borracha seca por hectare, 40% a
mais. São ganhos de cerca de 500 kg de borracha seca por ano. Os materiais
serão expostos pela primeira vez na Agrishow 2013, que acontece de 29 de abril
a 3 de maio de 2013, em Ribeirão Preto. “Um clone precoce no qual o produtor
pode sangrar mais cedo certamente possibilitará retorno financeiro do banco
antecipado, para pagar o financiamento antes do prazo previsto”, comemora o
pesquisador do IAC, responsável pelo Programa Seringueira do Instituto, Paulo
Gonçalves. Os clones IAC 505, IAC 507, IAC 511 e IAC 512 apresentam alta
precocidade e com cinco anos e meio mostraram que o perímetro do caule estava
apto à abertura de painéis para a prática da sangria – extração do látex que dá
origem à borracha natural –, quando o normal seria no sétimo ano. “Acreditamos que
a precocidade deles está em função da possível divergência genética dos
parentais utilizados”, explica o pesquisador do IAC. A abertura de painel se dá
quando as árvores alcançam perímetro do caule acima de 45 cm do solo e 1,5 m de
altura. “Geralmente esse procedimento é feito quando mais de 50% das árvores do
seringal apresentam essa média. Se o procedimento é feito antes dos sete anos,
isso é muito bom para o produtor porque ele terá o retorno financeiro mais
cedo”, afirma Gonçalves. A produtividade é outro atrativo para os produtores
rurais. A média de quatro anos de produção dos clones IAC 500 e IAC 502, por
exemplo, mostrou-se alta em relação ao clone mais plantado no Estado, o RRIM
600, produzindo, por ano, 2.000 kg por hectare e 1.900 kg, respectivamente.
Enquanto que o RRIM 600 produz cerca de 1.400 kg. São Paulo possui os seringais
mais produtivos do mundo, com produção média de 1.200 kg por hectare no ano. Na
Tailândia, Indonésia e Malásia, a produção chega a 1.100 kg, 1.000 kg e 900 kg,
respectivamente, por hectare, por ano. Para se ter ideia, o IAC 500 produz 52%
a mais do que os seringais da Malásia. Outra característica importante é a
casca espessa existente nos clones IAC 503, IAC 500 e IAC 509. Essa
característica diminui o risco de o seringueiro atingir o lenho do caule da
árvore. Os três clones apresentam também maior número de anéis de vasos
laticíferos, revelando que são bons produtores de látex. “Existe uma alta
correlação entre o número de anéis de vasos laticíferos e a produção de
borracha”, afirma Gonçalves. Os clones IAC 505, IAC 507 e IAC 511 apresentam
ainda maior incremento do caule na pós-sangria. Isso significa que, mesmo após
serem submetidos à sangria, essas plantas apresentam crescimento. “Aqueles
clones que não possuem esse caráter, geralmente crescem na pré-sangria e depois
param na pós-sangria, tornando-se suscetíveis à quebra pelo vento”, explica
Gonçalves. Os clones IAC foram desenvolvidos para cultivo na região do
Planalto, onde não há incidência da pior doença da seringueira na América
Latina, o mal-das-folhas. Parte dos clones selecionados pelo IAC é tolerante à
antracnose, doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, que
atinge as folhas, mesmo na região do Planalto. De acordo com os pesquisadores,
os dois objetivos principais do melhoramento genético da seringueira estão
relacionados ao aumento de produtividade das plantas e à resistência ao
mal-das-folhas na região do litoral. “Com o objetivo de atender às peculiaridades
próprias dessas regiões o programa de melhoramento do IAC levou em consideração
o fato de o Planalto Paulista, pelo menos até agora, não ter mostrado ataques
epidêmicos da doença. Nessa região, verifica-se um período seco na época de
reenfolhamento das plantas”, explica Gonçalves. São Paulo é o Estado que mais
produz borracha no Brasil — 90% dos seringais paulistas encontram-se no
Planalto, justamente por conta da doença. A região produz mais de 70 mil toneladas
de borracha seca por ano. As avaliações dos clones foram feitas em Votuporanga
e, por isso, a recomendação de plantio se limita à região de São José do Rio
Preto. “Vários ensaios desta série estão sendo instalados em diferentes regiões
do Estado para que no futuro alguns clones possam ser recomendados em larga
escala para São Paulo”, diz o pesquisador do IAC. Para um clone ser recomendado
para plantio em grande escala é necessário que passe por três fases de estudos:
avaliação, polinização controlada e avaliação/seleção, totalizando pelo menos
30 anos. “Os clones IAC 500, IAC 502, IAC 503 e IAC 506 são recomendados para
plantio em pequena escala porque estão no início da terceira fase de
avaliação”, explica Gonçalves. Produção de látex em São Paulo - Existem cerca
de 40 mil produtos disponíveis no mercado derivados da borracha. Os seringais
paulistas são os mais produtivos do mundo e são responsáveis pela maior parte
da produção de borracha do País. São 90 mil hectares que geram mais de 15 mil
empregos no campo, além dos postos nas indústrias, a movimentação resulta em
aumento na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS), gerando mais recursos para o Governo de diversas cidades paulistas. Por
trás desses resultados existem mais de 30 anos de pesquisas desenvolvidas pelo
Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, na área de heveicultura. O IAC
desenvolve clones adaptados às diversas regiões do Estado e leva para os
heveicultores a melhor forma de plantio e o manejo de seringueiras, incluindo a
sangria. Os resultados das pesquisas do IAC têm forte impacto na economia
estadual. São três mil produtores, com rentabilidade anual em torno de R$ 7 mil
reais por hectare. - Ascom
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