· Equipamento vai apoiar ações fiscalização
e proteção da Unidade;
· Base é móvel e pode ser deslocada pelo
interior do Parque;
· Construção demorou quatro meses e usou
madeira apreendida pelo Ibama.
O
WWF-Brasil e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
inauguram na próxima quarta-feira, dia 27 de março, uma base operacional
flutuante no interior do Parque Nacional do Juruena, situada entre o Amazonas e
o Mato Grosso. Na ocasião, será realizada uma solenidade que vai contar com a
presença do presidente do ICMBio, Roberto Vinzentin, do superintendente de
conservação do WWF-Brasil, Mauro Armelin, de técnicos das duas instituições e
representantes de comunidades próximas, como a Barra do São Manoel. Dentro do
Parque Nacional do Juruena, o flutuante servirá como instrumento de apoio às
ações de fiscalização e proteção da unidade. Além de garantir maior presença
institucional do Estado no interior da Unidade de Conservação (UC), a base
flutuante vai contribuir para a integração entre a equipe gestora do Parque e
as comunidades locais. O flutuante
também será utilizado como base de apoio a pesquisadores, possibilitando a
geração de conhecimento científico sobre a biodiversidade local e apoiando a
geração do plano de uso público da Unidade de Conservação. Este plano indica os
potenciais turísticos da região, como cachoeiras, corredeiras, cavernas e
locais propícios ao ecoturismo ou turismo de aventura. Estrutura impressiona - A
base flutuante foi construída por uma empresa contratada pelo WWF-Brasil. Sua
construção custou cerca de R$ 470 mil e utilizou madeira oriunda de apreensões
realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) no município
mato-grossense de Sinop, a 505 quilômetros de Cuiabá. Após o fim da construção,
a base foi entregue e doada ao ICMBIo pelo WWF. Ao vivo, a base flutuante
impressiona por seu tamanho e pela estrutura disponível. Ela possui 14 metros
de comprimento, seis metros de largura, 11 cômodos e pode suportar pesos de até
20 toneladas. O flutuante possui quartos para oito pessoas, cozinha, sala de
comunicações e reunião, dois banheiros, área de serviço e área externa. A
construção da base flutuante levou cerca de quatro meses. Ela foi concebida com
o auxílio de uma equipe composta de um arquiteto, engenheiros navais, gestores
do Parque Nacional do Juruena e profissionais com experiência em construção de
cascos flutuantes. O equipamento conta ainda com outras estruturas cujo
objetivo é minimizar seu impacto no rio Juruena, onde está instalado: ele
possui um sistema fotovoltaico, de captação de energia solar, para a geração de
energia (com gerador sobressalente caso seja necessário); e uma estação de
tratamento de esgoto que limpa os efluentes domésticos (produtos de pias,
cozinhas e banheiros) antes de despejá-los no rio. Base é móvel - A base
flutuante atende todas as normas de segurança estabelecidas pela Marinha e
possui mobilidade - pode ser “rebocada” por pequenas voadeiras e atingir vários
pontos distintos dentro do Parque Nacional do Juruena, que possui 1,95 milhão
de hectares. O superintendente de conservação do WWF-Brasil, Mauro Armelin,
destacou que a base flutuante “vai levar” o Estado para aquela região. “Com
este equipamento, o Estado ficará mais atuante na área. E a presença do Estado
é um ponto fundamental para garantir a conservação das Unidades de Conservação
no Brasil”, afirmou. Mauro lembrou ainda que a ajuda aos governos e o apoio ao
estabelecimento de parcerias público-privadas é uma das missões do WWF-Brasil.
“Ao realizar esta doação ao ICMBio, estamos promovendo mais oportunidades de
conservação do Parque Nacional do Juruena e mostrando que a sociedade civil
brasileira está interessada e atenta à conservação das UC’s do País, um dos
maiores patrimônios naturais e econômicos do Brasil”, disse. Comunidades
beneficiadas - O presidente do ICMBio, Roberto Vinzentin, lembrou que a base
flutuante também vai beneficiar as comunidades que vivem no Parque. “É como se
estivéssemos instalando uma base avançada do Instituto ali. Estamos nos
aproximando fisicamente não só do Parque, mas também das comunidades do
entorno. Além disso, o funcionamento dessa base móvel é uma resposta às
demandas dos ribeirinhos e possibilita um diálogo e uma presença mais
permanente do Instituto”, explicou o presidente. Vizentin afirmou ainda que a
base flutuante representa uma grande melhoria nas condições de trabalho das
equipes do ICMBio - que terão uma base de apoio para incursões mais difíceis e
demoradas ao interior do Parque, um pedaço ainda inóspito da Amazônia. Esta
base será, nas palavras de Vinzentin, “condição essencial a para a gestão do
Juruena” e “uma referência de apoio para um conjunto enorme de ações”. Parceira
entre atores sociais - O presidente do ICMBIo afirmou também que a parceria
entre o Instituto Chico Mendes e o WWF-Brasil sinaliza a importância da relação
aberta entre o poder público e as organizações da sociedade civil. “A doação do
flutuante é mais uma demonstração do papel que o WWF-Brasil tem historicamente
mantido com as ações de implementação das Unidades de Conservação. Existe um
grande significado simbólico nessa parceria, que vem de tempos atrás e é cada
vez mais ampla e produtiva”, disse. Desde 2003, por meio do programa Áreas
Protegidas da Amazônia (Arpa), o WWF-Brasil apoia ações de conservação na área
que viria a se tornar o Parna Juruena em 2006. Naquela região, o WWF realizou
expedições científicas que subsidiaram a redação do plano de manejo da Unidade
de Conservação; apoiou a criação e capacitação do conselho gestor do Parque
Nacional; realizou doações de equipamentos e placas de delimitação para aquela
área; desenvolveu atividades de Educação Ambiental e apoiou a geração de renda
em comunidades daquelas imediações. Problemas ambientais - O Parque Nacional do
Juruena possui 1,96 milhão de hectare e está localizado na região conhecida
como “Arco do Desmatamento”. Por sua localização estratégica, entre os Estado
do Amazonas, Mato Grosso e próximo do Pará, possui enorme importância na
contenção de uma série de problemas ambientais como grilagem, exploração
predatória de madeira, pesca predatória e atividades garimpeiras. Desde 2011, o
Parna Juruena faz parte do Mosaico da Amazônia Meridional, um conjunto de 40
áreas protegidas que somam 7 milhões de hectares e cujos gestores desenvolvem
atividades conjuntas para implementação dessas Unidades e fiscalização e
controle e monitoramento da região.
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