Kelly Motta ex-cortadora de cana, agora assistênte eletricista automotiva na renuka
Kelly
Motta ex-cortadora de cana, agora assistente eletricista automotiva na Renuka
Já se foi o tempo em que as mulheres eram vistas simplesmente como administradoras
do orçamento familiar. Hoje, a presença delas é crescente nas mais variadas
funções e setores. Na indústria da cana não é diferente, seja na prática diária
no canavial, em máquinas agrícolas ou em reuniões de negócios: elas estão
sempre presentes. Uma demonstração de que elas seguem conquistando espaço é
vista nos organogramas das empresas do setor sucroenergético, onde as mulheres
respondem por aproximadamente 9% das vagas da área agrícola e 11% quando
somadas as áreas industriais e administrativas. A União da Indústria de
Cana-de-Açúcar (UNICA), por exemplo, é presidida pela economista Elizabeth
Farina desde novembro de 2012, a primeira mulher a liderar a entidade. Beth
Farina, primeira mulher a presidir a UNICA “O rótulo do sexo frágil não existe
mais. As mulheres mostram todos os dias que são capazes de gerenciar a casa,
cuidar do marido e dos filhos e, ainda assim, trilhar novos rumos e trabalhar
em qualquer área. A minha vida não é diferente, assumir a presidência da UNICA
foi um desafio que assumi com muito entusiasmo, determinação e energia,”
explica Farina. Ex-professora titular do Departamento de Economia da Faculdade
de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo
(FEA/USP), Farina foi chefe do Departamento de Economia da USP e presidente do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), ligado ao Ministério da
Justiça. A executiva veio somar seu talento ao de outras 23 mulheres que, junto
a 19 homens, compõem a UNICA, principal organização representativa do setor
sucroenergético nacional. A liderança feminina também está presente nas
empresas associadas à entidade. Nelas, há muitas mulheres em cargos
importantes. Um exemplo é Guiomar Della Togna Nardini, que após o falecimento
em 2003 de seu esposo, Aurélio Nardini, assumiu com presteza o Grupo Aurélio
Nardini. D. Guiomar, a atual responsável pelo Grupo Nardini “Fui bem recebida
pelo setor. A indústria da cana, assim como os demais segmentos da economia
brasileira, já percebeu que o importante não é se o profissional é homem ou
mulher e sim se ele ou ela está apto ou apta para desenvolver determinadas
atividades,” explica a executiva da Nardini. No Grupo Virgulino de Oliveira,
cooperado da Copersucar, Carmen Ruete de Oliveira foi uma das pioneiras a presidir
uma empresa sucroenergética. Atualmente, ainda presente na diretoria, Carmen
repassou o bastão da chefia aos filhos Hermelindo Ruete de Oliveira e Carmen
Aparecida Ruete de Oliveira, conhecida como Carminha, a primeira mulher a
compor o Conselho Deliberativo da UNICA. Carminha Ruete, a primeira a compor o
Conselho Deliberativo da UNICA “Apesar da predominância masculina no conselho
da UNICA, nunca senti diferença por ser mulher, ao contrário, todos sempre me
receberam muito bem. Acredito que a sociedade como um todo não classifica mais
as pessoas por gênero, e sim por sua competência,” completa Carminha. As
instalações da Usina São Luiz, outra cooperada da Copersucar, já serviu como
espaço para as brincadeiras infantis de Adriana Maria Quagliato Vessoni e de
seus irmãos. Hoje, a executiva de Ourinhos (SP) é responsável pelo departamento
financeiro da empresa, influenciando diretamente no dia-a-dia do complexo
industrial construído pela família Quagliato. Adriana Quagliato com as crianças
do Centro Cultural 'Irmãos Quagliato" “Não imagino a minha vida sem o
trabalho diário na usina. Lá cresci, lá aprendi o quanto a cana é essencial
para a economia e a sustentabilidade do País,” enfatiza. O trabalho diário no
setor também faz parte da vida de Patrícia Terezinha do Prado, funcionária da
Usina Santo Antonio do Grupo Balbo. Aos 40 anos e sem muita instrução, os rumos
profissionais da ex-cortadora de cana mudaram graças ao Projeto RenovAção. A iniciativa
lançada pela UNICA em 2009 promove a requalificação de trabalhadores rurais do
setor sucroenergético, especialmente os que atuam no corte manual da
cana-de-açúcar. Hoje, com uma nova perspectiva quanto ao futuro, Patrícia
exerce a função de soldadora. A história de Patrícia é apenas uma entre tantas
outras de superação à ameaça do desemprego com o fim do uso do fogo e a
substituição da colheita manual pela mecanizada. O número de mulheres formadas
pelo RenovAção aumentou de 2% no primeiro ano, em 2009, para 12% na safra
2011/2012. E a tendência é que este número seja ainda maior para a atual safra,
2012/2013. Iza Barbosa (UNICA), coordenadora do RenovAção Para a gerente de
Responsabilidade Social Corporativa da UNICA, Maria Luiza Barbosa, o setor, que
por muito tempo foi ocupado predominantemente pelos homens, cada vez mais abre
espaço às habilidades femininas. “Quando comecei a trabalhar na entidade,
poucas eram as mulheres atuantes no setor. Hoje, o que vejo nas usinas muito me
alegra. Cada vez mais estamos mostrando nossas qualidades profissionais, sem
deixar de lado o trato com a família e com a sociedade,” destaca.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário