Farina
defende novos investimentos e políticas públicas para o setor A definição de
metas públicas é o fator primordial que
permitirá a recuperação da competitividade do setor sucroenergético no Brasil.
Sem regras claras e de longo prazo, dificilmente a indústria terá um aumento
vigoroso em sua oferta, que depende fundamentalmente de novos investimentos,
essenciais para atender as necessidades do Brasil e do mundo pelos produtos da
cana. A posição foi reiterada pela presidente-executiva da União da Indústria
de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, durante participação na
conferência Sugar and Ethanol Brazil 2013, na terça-feira (19/03) em São Paulo
(SP). O evento, que contou com o apoio da UNICA, foi organizado pela
consultoria alemã F.O.Licht’s em parceria com a International Business
Communications (IBC), foi o primeiro que Farina se pronunciou publicamente no
Brasil ao fazer uma análise da atual situação do setor sucroenergético. Segundo
Farina, o setor apenas atenderá à demanda projetada para o ano de 2020 se a
atual produção dobrar. Mas para tanto, é necessário um amplo investimento em
novas tecnologias e em usinas. “Na safra 2014/2015, a capacidade máxima de
processamento de cana do setor será atingirá e apenas com a construção, não de
uma ou duas, mas de 100 unidades produtoras, a indústria conseguirá produzir o
suficiente para suprir as necessidades do País por açúcar e etanol,”
explicou. Ela acrescentou que o etanol
celulósico, também conhecido como de segunda geração, poderá ser uma
alternativa de incremento na produção de etanol. Farina acredita que um
conjunto de regras claras que restaurem a competitividade do etanol pode mudar
o sentimento negativo do setor, que já gerou o fechamento de mais de 10% das
usinas nos últimos anos. “Esses casos não representam o fim da atividade
canavieira, mas é o reflexo de um penoso processo de reestruturação produtiva.
Espero que através de políticas tributárias, que reconheçam os amplos
benefícios econômicos, sociais e ambientais do biocombustível de cana, e regras
que estabeleçam um modelo de precificação dos combustíveis, o setor poderá
iniciar um processo de retomada de crescimento,” afirmou. Para ela, os
empresários do setor também precisam fazer a lição de casa, reduzindo custos de
produção, gerando ganhos de eficiência e investindo em novas tecnologias. Etanol
no mundo e por aqui - As conquistas do setor no contexto internacional, como a
queda no final de 2011 da tarifa imposta pelos Estados Unidos ao etanol
brasileiro e o reconhecimento pela agência de proteção ambiental dos Estados
Unidos, a Environmental Protection Agency (EPA), que definiu o etanol brasileiro
de cana como um biocombustível avançado, também foram assuntos abordados na
apresentação. Comparando o cenário favorável ao etanol de cana encontrado lá
fora, com a atual situação no Brasil, Farina pontuou o momento distinto vivido
pelo setor. “Há alguns anos a indústria clamava por um tratamento mais justo
para seus produtos por parte do mercado externo. Hoje, o desafio é manter o
status positivo conquistado. Já no Brasil, a luta é para conseguir a
implementação de um programa com regras objetivas que deem sinais claros do que
o País espera de sua matriz energética,” defendeu. “O Brasil é referência no
mundo por sua tecnologia em energia limpa, mas internamente o tratamento,
infelizmente ainda não é o mesmo,” finalizou a presidente-executiva da UNICA. Voto
de confiança - Falando a uma plateia de cerca de 200 empresários e consultores,
Farina relembrou o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff em 27 de
fevereiro, durante a última reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social (CDes) em Brasília. Na oportunidade, Rousseff afirmou que apesar das
diversidades negativas vividas pela indústria da cana, o setor precisa dar um
voto de confiança ao governo. “Em seu discurso, a presidente sinalizou que o
biocombustível de cana é estratégico para o País, portanto, temos que confiar.
Caso contrário, muitos anos de conquistas correm o risco de serem abandonados,”
destacou. Além de Farina, o consultor em Emissões e Tecnologia da UNICA, Alfred
Szwarc, também participou do evento da F.O Lichts, que contou ainda com
palestras do vice-presidente de Açúcar e Etanol da Raízen e conselheiro da
UNICA, Pedro Isamu Mizutani, do coordenador do Centro de Agronegócio da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e
do presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do
Brasil (Orplana), Ismael Perina Junior, entre outros. - UNICA
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