Dúvidas políticas, aliadas a um cenário econômico pouco
favorável e um clima atípico, foram os principais fatores que levaram o setor
sucroenergético a uma crise sem precedentes. De 2009 até hoje, 44 usinas de
açúcar e álcool deixaram de produzir na região Centro-Sul do país, sendo 25
empresas somente no Estado de São Paulo. Em 2014, outras 12 entraram em
processo de recuperação judicial e podem parar. De acordo com o levantamento do
Ministério da Agricultura, em fevereiro de 2013, 401 unidades produtoras
estavam cadastradas na região Centro-Sul. Em São Paulo, são 167 empresas do
segmento. O setor, que investiu mais de R$ 40 bilhões entre 2005
a 2010, dobrando a capacidade produtora, viu a crise chegar com a mudança da
política de preços da gasolina e com a queda no consumo de etanol. Com isso, as
dívidas relativas a financiamentos das safras e a investimentos na expansão no
parque fabril passaram de R$ 42 bilhões na safra 2013/2014, valor 8% maior do
que no período anterior. Para a safra 2014/2015, os custos de produção devem
aumentar aproximadamente 13%, por conta de questões climáticas e pela política
de preços de combustíveis, fator que contribuiu sensivelmente para o
agravamento da situação financeira do setor. Considerando que mais de 50% de toda a cana-de-açúcar
processada no Brasil é destinada à produção do etanol, a intervenção do Governo
Federal no preço da gasolina, utilizando essa fonte de energia como parte da
política de controle da inflação e, de quebra, prejudicando a performance da
maior empresa brasileira, é, segundo especialistas, a principal causa da atual
situação do setor sucroenergético. Na região de Ribeirão Preto, diversas
unidades produtoras de açúcar e álcool deixaram de funcionar nos últimos anos.
Em 2014, a Usina Jardest, do grupo Biosev, foi
desativada temporariamente, fechando mais de 700 postos de trabalho. A equipe
foi reduzida ao setor de segurança e de manutenção da parte industrial.
Instalada em Jardinópolis, a unidade está em fase de “hibernação”, como
informou a empresa. A medida, segundo a assessoria de comunicação da Biosev,
faz parte de uma reestruturação administrativa. A cana processada na Jardest
foi redirecionada para as usinas Santa Elisa, em Sertãozinho, Vale do Rosário e
MB, em Morro Agudo, pertencentes ao grupo. Na tentativa de reverter a situação, manter a produção
e ganhar fôlego para sanar as dívidas, a usina Carolo, de Pontal, entrou com
pedido de recuperação judicial no início deste ano. Criada em 1947, a usina foi
a terceira da região a buscar este recurso para não parar a produção. Com
dívidas que giram em torno de R$ 260 milhões, a usina Albertina, em
Sertãozinho, recorreu à mesma medida em 2008. Sem sucesso em seu plano de
recuperação, foi fechada em 2012. Naquele ano, a Nova União, de Serrana, também
optou pela recuperação judicial, com o intuito de sanar dívidas de R$ 250
milhões – Ascom.
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