Mesmo com o elevado nível de mecanização no Brasil, a
colheita mecanizada da cana-de-açúcar ainda apresenta uma série de gargalos e
desafios tecnológicos. Na avaliação do BNDES, ao longo das últimas décadas, a
evolução das tecnologias agrícolas do setor canavieiro deixou a desejar.
"O investimento no desenvolvimento tecnológico vem sendo feito em ritmo e
intensidade aquém do desejado", diz o banco em umrelatório de 44 páginas.
O órgão ouviu mais de trinta especialistas do setor, como diretores agrícolas
dos principais grupos sucroalcooleiros, gerentes de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) de fabricantes de máquinas, além de diversos pesquisadores.
A conclusão do banco é que os equipamentos
atuais usados na colheita da cana "têm tecnologia defasada e pouco
integrada a conceitos avançados de manejo eficiente" e que a rápida e
intensa difusão da mecanização agrícola "revelou certas deficiências das
máquinas e implementos utilizados pelo setor". Entre os problemas apontados estão a compactação do
solo, causada pelo tráfego constante das máquinas, e o consumo excessivo de
mudas. Os problemas estariam limitando o desenvolvimento e a difusão de
sistemas de manejo mais eficientes. Mesmo
considerando a extinção das queimadas e a redução do trabalho manual, a
autarquia questiona o desempenho atual da mecanização, que já alcança 82% das
sucroalcooleiras de São Paulo. "O avanço da mecanização tanto no plantio
como na colheita vem revelando certas deficiências no desempenho e, em alguns
casos, vem se mostrando menos eficiente do que o sistema atual", aponta.
Ouvida pelo novaCana, a fabricante John Deere
contesta esta visão. "A cana-de-açúcar tem um alto nível tecnológico. A
colheita mecanizada tem, sim, um alto investimento em tecnologia, o que permite
aprimorar cada vez mais as máquinas. E isso acontece tanto no caso da John
Deere como no das concorrentes de mercado", diz o gerente de marketing
estratégico da empresa para a América Latina, Marco Ripoli. A fabricante, que vê na indústria canavieira seu
segundo maior mercado, logo após a indústria de grãos, defende que a nova
tecnologia aumenta a produtividade, além de oferecer custo de operação e
manutenção reduzidos em relação às máquinas mais antigas. Em 2014, a
multinacional incorporou uma série de melhorias nas colhedoras 3520 e 3522, que
agora utilizam o controle integrado do corte de base – Ascom.
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