A partir da crise de 2009, o setor sucroalcooleiro vem
sofrendo em termos de preço e mercado. Ao abrir os jornais, são frequentes as
notícias sobre pedidos de recuperação judicial e de falências de usinas em várias
regiões brasileiras, além do destaque dado ao alto endividamento das empresas
do setor. A região de Ribeirão Preto, por ser altamente
dependente do setor sucroalcooleiro, vem sofrendo com a crise do setor e a
tendência também é de redução da compra de bens e serviços realizados pelos
cidadãos dos municípios vizinhos em Ribeirão Preto, visto a importância do
município como centro região e de compras realizadas pelos habitantes dos
municípios vizinhos. Na Tabela 1,
nota-se que as áreas cultivadas no estado e na região de Ribeirão Preto ainda
apresentam evolução de forma quase contínua desde a safra 2003/2004. Percebe-se
também a importância da macrorregião de Ribeirão Preto no estado, cujo total
cultivado representa quase um terço do total do estado, perdendo um pouco de
participação ao longo das safras. Apesar
da evolução positiva da área total cultivada da cana-de-açúcar, percebe-se, na
Tabela 2, uma menor taxa de crescimento dessa variável na macrorregião de
Ribeirão Preto em relação ao estado. A situação se torna ainda mais crítica
quando se compara com a microrregião de Ribeirão Preto, onde essa taxa de
crescimento vem se apresentando próxima de zero desde a safra de 2010/2011 (em
relação à safra 2009/2010). Mesmo
no estado de São Paulo como um todo, a redução da taxa de crescimento da área
total cultivada apresentou significativa redução a partir da crise financeira
internacional iniciada em 2007 nos EUA, com efeitos mais relevantes sobre a
economia brasileira a partir de 2009 (a partir deste ano o setor também começa
a sentir mais os efeitos da crise). A
Figura 1 apresenta a evolução da área cultivada de cana-de-açúcar na
microrregião de Ribeirão Preto (total cultivado da Tabela 1 subtraído da área
em reforma). Novamente, percebe-se uma quase estagnação da área cultivada a
partir da safra 2009/2010. Para
entender esse fenômeno, a crise econômica internacional é importante, mas
explica apenas parte da história. A crise afetou várias economias e,
consequentemente, o preço de alguns produtos comercializados
internacionalmente. Analisando o preço recebido pelo produtor, com os dados
apresentados na Tabela 3, percebe-se uma retração dos preços quando se compara
2014 com 2013, mas a ela foi ainda mais relevante quando se compara com os
preços de 2012 (todos os preços foram deflacionados pelo IGP-DI). Por exemplo,
comprando o preço da saca de 50 kg., o preço sofreu uma queda de quase 35%
entre maio de 2014 e maio de 2012, e de 2,99% quando se compara maio de 2014
com maio de 2013. A queda no preço
do açúcar poderia ter sido compensando por uma elevação no preço do etanol, mas
com a contenção dos preços da gasolina como medida adotada pelo governo federal
para controlar a inflação, a elevação do preço do etanol não foi suficiente
para compensar a queda no preço do açúcar. Cabe ainda ressaltar que comparando
maio de 2014 com o mesmo mês de 2013 e 2014, ocorreu uma queda no preço do
etanol, o que acaba afetando ainda mais a capacidade de geração de receita do
setor (ver Tabela 4). O problema é
que além de afetar o setor as unidades produtoras de cana-de-açúcar e as usinas
que a transforma em açúcar e etanol, a redução do preço desses produtos afeta o
setor que fornece máquinas e equipamentos para o setor, onde também há uma
grande concentração dessas empresas na Região de Ribeirão Preto, com efeitos
adicionais sobre a economia da região e do município. O setor é sempre suscetível às oscilações dos preços
do açúcar e do petróleo que são determinados no mercado internacional, mas a
interferência do governo federal com objetivo de segurar a inflação vem sendo
determinante na crise pela qual o setor sucroalcooleiro vem passando
recentemente. Dependendo da
produção de açúcar em outros países e de petróleo, o setor pode se mostrar
viável ou não. No entanto, é preciso lembrar ainda da característica menos
poluidora do etanol em relação às principais alternativas. Quando se adicional
esse elemento no debate, é preciso ponderar se é interessante ou não um
subsídio ao etanol, mas um subsídio aos combustíveis alternativos não parece
fazer sentido econômico ou na redução da geração de resíduos poluentes, que
afeta a qualidade de vida das pessoas e a capacidade de crescimento de forma
sustentável – Ascom.
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