terça-feira, 15 de julho de 2014

CRESCIMENTO DA ÁREA DE CANA NA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO É MENOR

A partir da crise de 2009, o setor sucroalcooleiro vem sofrendo em termos de preço e mercado. Ao abrir os jornais, são frequentes as notícias sobre pedidos de recuperação judicial e de falências de usinas em várias regiões brasileiras, além do destaque dado ao alto endividamento das empresas do setor. A região de Ribeirão Preto, por ser altamente dependente do setor sucroalcooleiro, vem sofrendo com a crise do setor e a tendência também é de redução da compra de bens e serviços realizados pelos cidadãos dos municípios vizinhos em Ribeirão Preto, visto a importância do município como centro região e de compras realizadas pelos habitantes dos municípios vizinhos. Na Tabela 1, nota-se que as áreas cultivadas no estado e na região de Ribeirão Preto ainda apresentam evolução de forma quase contínua desde a safra 2003/2004. Percebe-se também a importância da macrorregião de Ribeirão Preto no estado, cujo total cultivado representa quase um terço do total do estado, perdendo um pouco de participação ao longo das safras. Apesar da evolução positiva da área total cultivada da cana-de-açúcar, percebe-se, na Tabela 2, uma menor taxa de crescimento dessa variável na macrorregião de Ribeirão Preto em relação ao estado. A situação se torna ainda mais crítica quando se compara com a microrregião de Ribeirão Preto, onde essa taxa de crescimento vem se apresentando próxima de zero desde a safra de 2010/2011 (em relação à safra 2009/2010). Mesmo no estado de São Paulo como um todo, a redução da taxa de crescimento da área total cultivada apresentou significativa redução a partir da crise financeira internacional iniciada em 2007 nos EUA, com efeitos mais relevantes sobre a economia brasileira a partir de 2009 (a partir deste ano o setor também começa a sentir mais os efeitos da crise). A Figura 1 apresenta a evolução da área cultivada de cana-de-açúcar na microrregião de Ribeirão Preto (total cultivado da Tabela 1 subtraído da área em reforma). Novamente, percebe-se uma quase estagnação da área cultivada a partir da safra 2009/2010. Para entender esse fenômeno, a crise econômica internacional é importante, mas explica apenas parte da história. A crise afetou várias economias e, consequentemente, o preço de alguns produtos comercializados internacionalmente. Analisando o preço recebido pelo produtor, com os dados apresentados na Tabela 3, percebe-se uma retração dos preços quando se compara 2014 com 2013, mas a ela foi ainda mais relevante quando se compara com os preços de 2012 (todos os preços foram deflacionados pelo IGP-DI). Por exemplo, comprando o preço da saca de 50 kg., o preço sofreu uma queda de quase 35% entre maio de 2014 e maio de 2012, e de 2,99% quando se compara maio de 2014 com maio de 2013. A queda no preço do açúcar poderia ter sido compensando por uma elevação no preço do etanol, mas com a contenção dos preços da gasolina como medida adotada pelo governo federal para controlar a inflação, a elevação do preço do etanol não foi suficiente para compensar a queda no preço do açúcar. Cabe ainda ressaltar que comparando maio de 2014 com o mesmo mês de 2013 e 2014, ocorreu uma queda no preço do etanol, o que acaba afetando ainda mais a capacidade de geração de receita do setor (ver Tabela 4). O problema é que além de afetar o setor as unidades produtoras de cana-de-açúcar e as usinas que a transforma em açúcar e etanol, a redução do preço desses produtos afeta o setor que fornece máquinas e equipamentos para o setor, onde também há uma grande concentração dessas empresas na Região de Ribeirão Preto, com efeitos adicionais sobre a economia da região e do município. O setor é sempre suscetível às oscilações dos preços do açúcar e do petróleo que são determinados no mercado internacional, mas a interferência do governo federal com objetivo de segurar a inflação vem sendo determinante na crise pela qual o setor sucroalcooleiro vem passando recentemente. Dependendo da produção de açúcar em outros países e de petróleo, o setor pode se mostrar viável ou não. No entanto, é preciso lembrar ainda da característica menos poluidora do etanol em relação às principais alternativas. Quando se adicional esse elemento no debate, é preciso ponderar se é interessante ou não um subsídio ao etanol, mas um subsídio aos combustíveis alternativos não parece fazer sentido econômico ou na redução da geração de resíduos poluentes, que afeta a qualidade de vida das pessoas e a capacidade de crescimento de forma sustentável – Ascom.

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