quarta-feira, 30 de julho de 2014

MERCADO DIVERGE SOBRE VOLUME DE PRODUÇÃO DE AÇÚCAR NO CENTRO-SUL

A estiagem, que deu pouca trégua aos canaviais do Centro-Sul neste ano, quebrou a produtividade da cana, mas elevou o teor de açúcar (o chamado ATR) na matéria-prima. A condição amplia a divergência do mercado sobre o tamanho da produção de açúcar na região neste ciclo 2014/15. Isso porque a moagem está acelerada e a cana que está sendo colhida apresenta níveis altos de ATR, o que diminui a flexibilidade das usinas. O resultado é que, mesmo querendo fazer mais etanol, são 'obrigadas' a fabricar mais açúcar. Essa constatação balizou a revisão feita ontem pela consultoria FG Agro, que reduziu a estimativa de moagem de cana no Centro-Sul, mas elevou a projeção para a produção de açúcar. O novo número é de 33,4 milhões de toneladas, 1,8% acima das 32,8 milhões de toneladas de açúcar estimadas em março. Para a moagem de cana, a consultoria reduziu para 577 milhões a previsão inicial de 592 milhões de toneladas. Há, no entanto, uma ressalva, diz o sócio da consultoria, com sede em Ribeirão Preto (SP), Willian Hernandes. "Se as usinas resolverem daqui em diante desacelerar o ritmo de moagem, o mix para açúcar pode recuar e a produção ir a 32,5 milhões de toneladas". Hernandes explica que para manter sua previsão de oferta de cana no patamar superior a 570 milhões de toneladas - enquanto boa parte do mercado considera que a safra ficará entre 550 milhões e 560 milhões -, a FG Agro considerou uma área de expansão de cana de 4,5%, entre janeiro e março de 2013, que está se refletindo na área de corte deste ciclo 2014/15. "As usinas que compõem a nossa amostra aumentaram área em 12% no período. Mesmo considerando que todo o restante do setor não expandiu nada, a taxa média fica em 4,5%", explica. Houve ainda, diz, uma menor área de reforma de canavial, o que naturalmente aumentou a cana disponível para corte. Já a trading britânica Czarnikow revisou para baixo sua estimativa para a produção de açúcar na região. Na visão da trading, a produção será de 31,7 milhões de toneladas, queda de 4,5% em relação às 33,2 milhões previstas em abril. Em um levantamento de campo que percorreu cerca de 2 mil quilômetros de canaviais em quatro Estados - São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás -, a Czarnikow identificou que a seca não atingiu todas as regiões de forma homogênea, explica a gerente de análise de mercado da trading, Ana Carolina Ferraz. Ela afirma que as mais prejudicadas foram Piracicaba e Araçatuba, ambas em São Paulo, e o sudoeste de Minas Gerais, onde há indicação de queda de até 30% na produtividade. A previsão da Czarnikow, lembra Ana Carolina, considera um clima "normal" daqui em diante, ou seja, sem El Niño, que anteciparia chuvas, atrapalhando a moagem. "A cada dia de chuva, perde-se moagem de 3 milhões de toneladas. Além disso, segundo ela, se chover daqui em diante, pode haver um efeito ainda mais prejudicial à cana, na medida que tende a reduzir o ATR – Ascom.

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