O
maior encontro brasileiro sobre Neurociências e Percepção será realizado na
próxima semana na UFMG. Entre os dias 24 e 29 de setembro, especialistas brasileiros
e estrangeiros se encontrarão na 2ª Semana Internacional de Neurociências e no
6º Simpósio Internacional de Neurociências, realizados pelo Programa de
Pós-Graduação em Neurociências da UFMG, no campus Pampulha. Em torno do tema
Neurociências e Percepção, o evento abrigará debates sobre algumas das mais
recentes aplicações das neurociências em diversas áreas profissionais –
acadêmica, saúde, tecnologia, estratégias de aprendizagem e tratamentos para
dificuldades e disfunções –, além de atrações gratuitas para crianças e
adultos, como oficinas, atividades culturais e palestras, abertas à comunidade.
Apenas as atividades do simpósio, que tem caráter técnico-científico e se
inicia no dia 27, são pagas. Segundo a
professora Ângela Maria Ribeiro, presidente do evento e coordenadora do
Programa de Pós-Graduação em Neurociências, este será o maior encontro já
realizado no Brasil sobre Neurociências e Percepção, com diversidade de
tópicos, convidados consagrados internacionalmente e profissionais também de fora
do campo da saúde. “Daí a importância da contribuição do evento para o avanço
de conhecimentos que vão ajudar a resolver questões relacionadas não apenas a
doenças, mas também a alimentação, bem-estar, aprendizagem, robótica e outras”,
afirma a professora. A palestra de abertura da 2ª Semana, na segunda-feira, dia
24, às 11h30, no auditório da Reitoria, com o tema Comparação do encéfalo
humano com o de outros animais: como e por que nós fazemos o que fazemos,
ficará a cargo da professora Suzana Herculano-Houzel, da UFRJ. Reconhecida por
sua forma clara de explicar os mistérios da mente, a professora escreve para
jornais como Folha de S. Paulo e apresentou o quadro Neuro Lógica no programa
Fantástico, da Rede Globo. O encéfalo humano compõe o sistema nervoso, junto
com a medula espinhal, nervos e outras estruturas sistêmicas. Ele é composto
por cérebro, cerebelo, protuberância e bulbo raquidiano. Todas as ações dos
seres humanos, conscientes e inconscientes, são coordenadas pelo sistema
nervoso, em conjunto com o sistema endócrino. Para Suzana, neurociência é todo
tipo de investigação sobre o sistema nervoso: como ele se desenvolve, como
funciona ou deixa de funcionar, como promove o comportamento, desenvolvimento
ou emoções e como se explica semelhanças e diferenças entre indivíduos e
espécies. Na quarta-feira, dia 26, a
partir das 15h30, também no auditório da Reitoria, a mesa-redonda
Neuromarketing, neuroeconomia: novas perspectivas em ciências sociais aplicadas
reunirá pesquisadores brasileiros para um debate a respeito de como o marketing
se vale das dimensões neurológicas para promover governos, empresas, produtos e
serviços. Serão abordadas questões como “Por que e como tomamos decisões de
compra” e “Por que não só mecanismos racionais ou econômicos, mas também outros
aspectos perceptivos e emocionais nos guiam para escolher este ou aquele
produto ou serviço”. A mesa, coordenada pelos professores Carlos Alberto
Gonçalves e José Edson Lara, da UFMG, será composta pelos professores Rodrigo
Affonseca Bressan (Unifesp), Erico de Castro e Costa (Fiocruz-MG) e Vitor Haase
(UFMG) e pela doutoranda em administração pela UFMG Caissa Veloso e Sousa. Eles
irão traçar o perfil do consumidor, alertar sobre armadilhas e analisar o
processo de tomada de decisão de consumo, além de tratar das novas abordagens
dos estudos de comportamento do consumidor, dentre outros aspectos. Simpósio - A
palestra de abertura do 6º Simpósio de Neurociências, na quinta-feira, dia 27,
às 9h, no auditório da Reitoria, será Neurociências das ilusões, a ser
proferida pelos professores Suzana Martinez-Conde e Stephen L. Macknik, do
Instituto Barrow de Neurologia, dos Estados Unidos. Será que realmente
percebemos o mundo como ele é, de fato? Ou será que o que vivemos é uma ilusão,
como um grande show de mágicas? Uma coisa é certa: toda ilusão nasce no
cérebro. Foi por isso que o casal de pesquisadores americanos desenvolveu um
campo inteiro de estudos neurocientíficos utilizando a mágica como um dos
instrumentos de pesquisa. Os neurocientistas, formados em Harvard e agora
também mágicos, defendem que conhecer o que acontece no interior do cérebro
diante de truques de ilusionismo pode ajudar a abordar aspectos
comportamentais, distúrbios de atenção e a entender questões relacionadas à
consciência e à personalidade individual, dentre outras. "Queremos que
você veja que a ilusão é parte integrante do caráter humano. Que enganamos uns
aos outros o tempo todo. E que sobrevivemos melhor e usamos menos recursos
cerebrais ao fazê-lo, por causa da maneira pela qual nosso cérebro produz a
atenção", afirmam em seu livro Truques da mente: o que a mágica revela
sobre o nosso cérebro. Os pesquisadores convenceram grandes mágicos a revelar
suas técnicas para enganar o cérebro e as analisaram sob a luz das mais
recentes descobertas da neurociência cognitiva. Às 15h da quinta-feira, dia 27,
também no auditório da Reitoria, o professor Renan Domingues, da Santa Casa de
Misericórdia-ES, ministrará a palestra Aura da enxaqueca e percepção. A
migrânea ou enxaqueca tem alta prevalência na população: cerca de 15% dos
adultos no Brasil têm esta doença. A migrânea resulta em grande impacto por
comprometer a qualidade de vida, além de levar a custos sociais significativos,
uma vez que compromete a capacidade de trabalho. Os sintomas mais frequentes
são dor de cabeça, em geral pulsátil e de forte intensidade, além de náuseas,
intolerância à luz e ao barulho. Além destes sintomas, alguns pacientes com
enxaqueca apresentam um fenômeno chamado de aura. A aura caracteriza-se em
geral por alterações da percepção visual, tais como alucinações visuais
complexas ou perda de parte do campo visual. A migrânea resulta de
predisposição genética que, por sua vez, determina alterações químicas
cerebrais. Normalmente não há lesões cerebrais na enxaqueca, mas estudos
recentes têm mostrado a presença de alterações sutis à ressonância magnética no
encéfalo de portadores desta doença. Embora seja uma doença com bom
prognóstico, alguns estudos recentes têm mostrado também que pacientes com migrânea,
especialmente quando têm aura, apresentam risco ligeiramente aumentado de
acidente vascular cerebral. As anormalidades cerebrais da enxaqueca e da aura
serão discutidas com profundidade na palestra.
No sábado, dia 29, às 11h30, no auditório do CAD-I, o professor Ronaldo
Laranjeira, da Unifesp, fará palestra sobre O consumo de maconha, cocaína e crack
pela população brasileira. A programação
completa da 2ª Semana Internacional de Neurociências e do 6º Simpósio
Internacional de Neurociências está disponível no site
www.6simposioneurociencias.chsd.com.br, onde também podem ser encontradas
informações sobre outros temas a serem abordados durante o evento – o olho e o
cérebro, neurorrobótica, ilusão de ótica, o cérebro e a música, entre muitos
outros – e efetuadas as inscrições para as atividades do simpósio. Outras informações pelos telefones (31)
3409-2545 e 3409-2505 ou pelo endereço eletrônico simposioneuro6@gmail.com.
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