SANTA CASA DE RONDONÓPOLIS GERA DÉFICIT MENSAL
COM A FALTA DE REAJUSTE NOS VALORES DA TABELA DO SUS
A audiência pública que debateu a crise econômica e
apresentou um resumo do balanço financeiro da Santa Casa de Misericórdia de
Rondonópolis (MT), na última sexta-feira (30), contou com a presença de cerca
de 500 pessoas – em que envolveram a sociedade civil organizada, associações e
lideranças locais, autoridades municipais, estaduais e federais. O encontro foi
promovido pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), por meio do
deputado estadual Delegado Claudinei (PSL), e a Câmara de Vereadores do
município através da Comissão de Saúde Pública. A Santa Casa atende 19
municípios da região sul de Mato Grosso, em que está com um déficit de R$ 24
milhões que incluem empréstimos bancários, pagamentos de médicos prestados de
serviços e fornecedores. Este valor aumenta com o decorrer dos meses,
principalmente devido a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) não ser
atualizada há 20 anos, conforme explicou a secretária municipal de Saúde,
Izalba Albuquerque, durante a audiência. Tabela SUS - Izalba ressalva que
a tabela do SUS não é só um problema de Mato Grosso, como, também, em outros
estados brasileiros. “Essa tabela está há 20 anos desatualizada e está em vigor
em todo o Brasil. Não é um problema só na Santa Casa. Hoje, recebemos R$ 10
reais para uma consulta com especialista. Nenhum deles é concursado, se nós
pegarmos o salário dele, a consulta dele não sai por R$ 40 reais. É um pleito
já feito na Conferência Nacional de Saúde, essa foi uma das propostas que foi
levada para revisão urgente da Tabela SUS que é o que faria diferença na saúde
pública deste país para entidades públicas e filantrópicas, principalmente para
que a gente não fique neste desespero para cobrir custos que deveriam ser
custeados pela tabela SUS”, esclarece a secretária. Claudinei acrescenta que a
Santa Casa gera um déficit mensal de aproximadamente R$ 800 mil reais devido a
defasagem da tabela SUS. Ele conta que o governo anterior também deixou de
repassar aproximadamente R$ 17 milhões para custeio e manutenção da referida
unidade hospitalar. “O hospital vem se alarmando para evitar situações de
escassez de recursos financeiros, materiais e humanos. Na verdade, são vários
fatores internos e externos que afetam a situação financeira da Santa Casa”,
esclarece o parlamentar. Recursos – O poder público é o principal parceiro
da Santa Casa de Rondonópolis, conforme conta Izalba, sendo que os recursos
financeiros aplicados e destinados para a instituição envolvem as esferas
municipal, estadual e federal. “Lembrando que pela constituição, pela lei, o
financiamento da saúde é tripartite – 50% do governo federal, 20% do governo
estadual e 20% do governo municipal”, explica. A secretária de saúde mostrou
dados, durante a audiência, em que o repasse de recursos financeiros dos
poderes públicos à Santa Casa teve um acréscimo de 48,52% ao ano, ou seja, em
2009 foi de quase R$ 9,3 milhões e, em 2018, foi mais de R$ 50 milhões. “Em
2009, o investimento de recursos federais e estaduais era de 54% e o municipal
de 45%. Em 2018, os investimentos estadual e federal, juntos, caíram para 43% -
e municipal para 56%. Lembrando que legalmente, os municipios tem que aplicar
15% do orçamento próprio em saúde. Eu duvido que algum município da região sul
aplique menos de 20% de recurso próprio em saúde. Rondonópolis chega a aplicar
30% recurso próprio em saúde”, indigna a gestora. Para Delegado Claudinei, a
reunião teve o objetivo alcançado e foi bastante produtiva. Mas, notou que os
prefeitos dos 18 municípios das regiões sul e sudeste de Mato Grosso, que
dependem da Santa Casa não estiveram presentes, somente de Rondonópolis.
“Infelizmente, outros prefeitos dos 18 municipios estavam ausentes. Precisávamos
desta classe política. A nossa intenção era chamar a atenção não só da
sociedade, como, deles também. Mas, parabenizo os vereadores de Poxoréu, Pedra
Preta, Dom Aquino, Guiratinga e Itiquira”, pontua o parlamentar. Marcaram
presença os deputados federais José Medeiros (PODE) e Emanuelzinho Pinheiro
(PTB), deputado estadual Thiago Silva (MDB), prefeito de Rondonópolis, José do
Pátio (SD), o vereador de Rondonópolis e presidente da Comissão de Saúde
Pública, Fábio Cardozo (PDT), diretora do Hospital Geral de Rondonópolis,
Carolina Dobes, representando o secretário de Estado de Saúde (SES), Gilberto
Figueredo. Também compareceram o presidente e vice-presidente, respectivamente,
José Osíris e Sinésio Alvarenga, a promotora de justiça da Comarca de
Rondonópolis, Ivonete Bernandes, e Tânia Balbinotti do Grupo de Mulheres em
Prol de Rondonópolis. Os atendimentos da Santa Casa podem ser feitos de modo
particular, por convênios e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A
instituição conta com 900 colaboradores e mais de 150 médicos contratados por
meio de prestação de serviços. A instituição conta com 246 leitos, sendo 62
leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo que foi fundada
em 1971.
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