COMISSÃO DE PETRÓLEO E GÁS DA
ASSEMBLEIA RECEBE PREFEITOS E INICIA DEBATE PARA REMODELAGEM DO FUNDO DAS
DESIGUALDADES REGIONAIS
Momento de apresentar sugestões para alterar o
atual modelo do Fundo de Redução de Desigualdades Regionais (FRDR). Esse foi o
intuito da audiência pública “Fundo de Desigualdades Regionais e os impactos da
decisão do STF”, que reuniu deputados estaduais, secretários, vereadores,
sociedade civil e cerca de 35 prefeitos filiados à Associação dos Municípios do
Espírito Santo (Amunes), nesta terça-feira (23), na Assembleia Legislativa do
Espírito Santo. O debate em questão é sobre a Lei Estadual 8.306/2006.
Desenvolvida como uma compensação destinada apenas aos municípios que não são
grandes produtores de petróleo - que recebem menos de 2% dos repasses e que têm
participação no ICMS de no máximo 10%. Desta forma, 30% dos valores
arrecadados pelo Estado provenientes de royalties eram repassados a 67
municípios. Levando em consideração o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o
objetivo era auxiliar municípios carentes e amenizar as desigualdades
regionais. Parte destes recursos, ao serem repassados aos municípios, eram
aplicados em educação, coleta de lixo, saúde e obras de infraestrutura. Outra
parcela, até 50%, seriam destinadas para verbas de custeio, como água, luz e
telefone. Uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), seguindo a Lei
Federal 9.478/1997, definiu que este montante deve ser de 25% para todos os
municípios do Estado. O critério para a nova partilha é o Índice de
Participação dos Municípios (IPM), que leva em consideração a parcela relativa
ao ICMS de cada cidade, de acordo com sua produção. “O governo vê esta decisão
com muita preocupação. Temos duas leis para cumprir e precisamos buscar
as alternativas em conjunto. Estamos todos preocupados com os municípios
dependentes deste repasse que passarão por mais dificuldades. Vamos receber
cada uma das propostas. As cidades precisam ter o mínimo de governabilidade.
Estamos correndo contra o tempo, o governo não consegue ficar com as duas
leis em vigor”, disse o secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz. Assim, com
essa decisão do STF, 66 cidades capixabas perderiam recursos, podendo alcançar
até 91% de queda. “Esse é um debate urgente. Não há dúvidas de que
respeitaremos a decisão do Supremo, porém, temos que pensar de que forma o
Estado pode minimizar os impactos aos municípios que já estão enfrentando uma
forte crise e ainda sofre mais esse baque de forma abrupta, quando já estão com
obras em andamento e com os recursos comprometidos”, disse o presidente da
Comissão e proponente da audiência, Marcelo Santos. Inicialmente, o Fundo
para Redução das Desigualdades Regionais só poderia ser usado em investimentos,
porém, desde 2014, foi autorizada pela Assembleia Legislativa uma
flexibilização para que esses recursos pudessem também ser aplicados para custeio
como contas de despesas, por exemplo, fazendo com que os municípios ficassem
dependentes desses repasses. Em relação aos números, entre as cidades que mais
perdem com a redistribuição é Bom Jesus do Norte (-91%), Pedro Canário (-90%) e
Muqui (89%). “Teremos uma queda de cerca de R$ 2 milhões no nosso município. O
Espírito Santo é um dos estados com as contas mais equilibradas da União, com
condições de ajudar a todos. Contamos com essa Casa para trazer a solução,
trazer o remédio. Fico muito feliz pelo apoio imediato. Tenho certeza que
juntos conseguiremos a melhor solução”, disse o prefeito de Bom Jesus do Norte,
Marcos Antonio Teixeira. Dos 67 municípios beneficiados pelo Fundo, o único que
não perde recursos é a cidade de Santa Maria de Jetibá. O restante soma um
prejuízo de cerca de R$ 73 milhões, de acordo com dados da Associação dos
Municípios do Espírito Santo (Amunes). Para equilibrar as contas, a sugestão da
entidade é que o Estado acrescente cerca de 13,33% ao valor do Fundo, que
atualmente é de 30%. “Precisamos buscar a solução menos dolorida para os
municípios capixabas. A alternativa precisa ir além do nosso mandato. Propostas
que sejam definitivas” ressaltou o presidente da Amunes, Gilson Daniel durante
apresentação do cenário que ele caracterizou como "preocupante". Com
a nova partilha, três do onze municípios que não recebiam os valores, agora
concentram 35% de todos os recursos. São eles, Vitória (R$ 22,72 milhões), Vila
Velha (R$ 8,9 milhões) e Serra (R$ 21,1 milhões). Durante o debate, entre as
principais preocupações dos prefeitos, estavam os orçamentos do próximo ano que
já estão fechados e obras já em andamento, dependentes do recurso. “Rio Novo do
Sul vai perder quase 83% dos recursos. Agora imagina eu dando essa notícia para
a população! Hoje recebemos cerca de R$ 2 milhões em valores dos royalties.
Temos um orçamento fechado, com projetos em andamento, que tiveram participação
do povo. Fico pensando em instabilidades social, na insegurança da população
que opinou em um orçamento. Reuní-los para dizer que não temos dinheiro? Onde
fica nossa credibilidade? Saio daqui hoje, consternado. Espero que pelo menos
haja uma transição respeitável”, defendeu o prefeito de Rio Novo do Sul, Thiago
Fiorio. O prefeito de João Neiva, Otávio Abreu Xavier, lembrou do Fundo
Cidades, instituído pelo governador Renato Casagrande, ainda em 2014. A ação
disponibilizou cerca de R$ 200 milhões para ajudar municípios que tinham
registrado perda da arrecadação e enfrentavam dificuldades de realizar
investimentos com os recursos próprios. "Por que não compensar as nossas
perdas através desse Fundo? Fica nossa sugestão de fazer uma reedição desse
Fundo Cidades para salvar nossos municípios." "Estamos fazendo esse
debate para propor algumas algumas soluções junto ao governo do Estado e,
assim, diminuir os impactos da decisão do Supremo Tribunal Federal para ajudar
os municípios, uma vez que o nome da nossa lei capixaba já é muito importante,
Fundo das Desigualdades Regionais, ou seja, tratar de forma mais igualitária
aquela cidade que tem pouca receita utilizando a compensação de petróleo, então
nós queremos é fazer justiça e diminuir os impactos", finalizou Marcelo
Santos, que prontamente solicitou ao secretário da Casa Civil uma nova agenda
para debater o assunto, dessa vez com a presença do governador Renato
Casagrande, a Comissão de Petróleo e Gás da Assembleia e a Amunes.
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