AS MULHERES E EINSTEIN
Fato incomum: 1.900 mulheres discutindo
agronegócio, de questões mercadológicas a tendências de tecnologia, sustentabilidade,
gestão, diplomacia ambiental e uma infinidade de outros assuntos, tratados em
plenário ou atividades paralelas. Mulheres de todo o Brasil, de mais de 20
estados, todas as idades e uma rica diversidade: agricultoras, profissionais do
setor, mães, filhas e avós, todas engajadas de corpo e alma na produção do
campo. Foi no 4º Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio, dias 8 e
9 deste outubro, em São Paulo. Conversei com várias delas, com espírito de
repórter. Queria saber o que pretendiam naquele evento. Registro aqui a
primeira resposta que recebi: “Vim aprender mais, conhecer coisas novas”. Veio
de mulher já bem madura, produtora de Goiás, associada de cooperativa. E ela
ainda arrematou, com orgulho: “Estamos aqui em 52 mulheres, todas da Cooperativa”.
Entre as outras congressistas com quem falei, praticamente todas fizeram eco a
essa primeira resposta. Foi quase unânime e com um detalhe: queriam aprender de
tudo. Não era este ou aquele assunto, mas sim o máximo possível. Sede de
descobrir, conhecer, discutir e ampliar a rede pessoal com outras agricultoras
ou profissionais. E, no caso das mulheres da cooperativa goiana, foi um
propósito minuciosamente planejado, com meses de antecedência. Segundo
comentaram, desde fevereiro a cooperativa vinha promovendo encontros mensais de
dois dias com o grupo escalado para participar do Congresso, com o objetivo de
discutir assuntos da produção agropecuária em geral, dentro de uma agenda
preparatória para a participação no evento. Aliás, uma iniciativa já louvável em
si, como estratégia para melhor aproveitamento da oportunidade de participar do
encontro. Esse impulso da mulher rural para apreender já tinha um
registro contundente em pesquisa realizada pela Corteva em 2018, entrevistando
500 brasileiras do campo. No levantamento, 80% das entrevistadas afirmaram ter
interesse em receber mais treinamento e oportunidades de estudo, pois viam
nisso o único caminho para superar barreiras que impedem as mulheres de terem
uma participação plena e bem-sucedida no agronegócio. O papel da mulher
na produção de alimentos é central. Trabalha, cria, produz, cuida e educa. E
agora, pelo que observei, estão interessadas como nunca em se aprimorar, “mudar
as coisas”, melhorar suas vidas e deixar um legado com orgulho. Mulheres atuantes,
buscando visibilidade e empoderamento. Pés no chão, mas dispostas a melhorar o
resultado econômico e a governança de suas atividades, prontas para desafiar a
realidade. Após dois dias convivendo com aquele enorme, consciente e
irrequieto contingente de mulheres, pensei com os botões: o Brasil vai dar
saltos, sim, e antes do que imaginamos emergirá um agro desenhado só pela
sustentabilidade, mais próximo da sociedade e ligado no mundo. No que depender
daquelas quase duas mil mulheres,
líderes em suas comunidades, vai ser assim. Certa vez, Einstein disse: “A mente
que se abre a uma nova ideia jamais volta a seu tamanho original”.
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