Produtos mais prejudicados foram café, trigo e
hortifrutícolas
Cepea,
31 – O frio intenso da última semana prejudicou a produção de muitas culturas
acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da
Esalq/USP, no Sudeste e Sul do País. Segundo pesquisadores do Centro, ainda não
é possível dimensionar as perdas, mas pode haver impacto na oferta. Em algumas
áreas de produção, houve chuva forte, geada e até mesmo neve. No Paraná, foi
registrada a ocorrência de “geada negra” (congelamento da parte interna da
planta, que escurece e morre) que afetou plantações de café e trigo. Por outro
lado, a cultura da maçã foi favorecida pela queda nas temperaturas. As geadas
ocorridas no Paraná devem ter pouco impacto no volume de café a ser colhido na
safra atual (2013/14), mas podem reduzir a produtividade da temporada seguinte
(2014/15) em até 20% frente ao potencial produtivo, segundo indicação de
colaboradores do Cepea. Os prejuízos causados, no entanto, só poderão ser
calculados e avaliados no período de fixação das flores, que deve ocorrer entre
setembro e outubro. O que poderia amenizar as perdas seria o aumento dos tratos
culturais para reduzir o nível de desfolha dos cafezais, mas os atuais baixos
preços dos grãos devem limitar essa prática. Em relação ao trigo, as recentes
baixas temperaturas têm sido motivo de preocupação para triticultores,
especialmente do Paraná. Apesar de as geadas não terem sido tão intensas quanto
as previsões indicavam, a atual fase de desenvolvimento da lavoura ainda é
suscetível a qualquer alteração climática brusca. Colaboradores do Cepea
apontam que a produtividade foi afetada e que também deve haver perda na
qualidade do grão. As cotações seguem firmes, sem mudanças significativas, e
muitos agentes apontam que a tendência é de alta pelo menos até meados deste
segundo semestre. Na produção de leite, pesquisadores do Cepea apontam que o
frio intenso em algumas regiões, principalmente no Sul, tem prejudicado
bastante o desenvolvimento das pastagens de inverno, o que pode afetar a
produção de leite de julho. A estratégia de parte dos produtores tem sido o uso
da silagem – para os que produziram o alimento – e o aumento do uso de ração no
cocho. Para a cultura do algodão não houve danos, porém o frio paralisou a
colheita em algumas fazendas. Hortifrutícolas - Segundo pesquisadores do Cepea,
o clima adverso atrasou o transplantio de mudas de cebola no Sul do País. Em
locais onde o semeio já foi realizado, os bulbos podem demorar mais para
atingir o ponto de maturação. Dessa forma, a colheita de cebola, que ocorreria
em novembro, deve atrasar. Também houve
perdas na safra de tomate em Reserva (PR). Alguns produtores adiantaram o
transplantio para julho ao invés de agosto, com o intuito de escalonar a
oferta. Boa parte dessa produção acabou sendo perdida por conta da geada –
ainda não há estimativas dos prejuízos. De acordo com colaboradores do Cepea,
essas áreas perdidas deverão ser replantadas, o que provavelmente aumentará os
gastos do tomaticultor paranaense. Já em outras áreas de produção, o frio tem
apenas diminuído o ritmo de maturação dos frutos, acarretando em maior oferta
de tomates verdes no mercado. Também houve incidência de geada em alguns
parreirais do Paraná, que produzem uvas finas (itália) e niagara. Em Marialva,
produtores que realizaram as podas afirmam que algumas videiras foram
queimadas, e que as perdas serão contabilizadas a partir desta semana.
Dependendo do impacto do frio para a safra de fim de ano, período de elevado
consumo de uvas, o volume destinado ao mercado pode ser menor, aumentando os
preços ao consumidor. Já para a maçã, o frio foi positivo. Os pomares estão em
dormência e corriam o risco de apresentar brotação prematura. Esse período de
temperaturas amenas é importante para que macieiras brotem mais uniformes. Segundo pesquisadores do Cepea, os impactos
do frio não chegaram ainda a refletir diretamente em aumentos dos preços dos
hortifrutícolas. As baixas temperaturas nos principais centros consumidores
reduzem as compras, o que acaba limitando o avanço das cotações. A expectativa
é que a volta às aulas possa modificar esse cenário, além do início do mês,
aquecendo as vendas nas próximas semanas.
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