Com a ação,
120 famílias do semiárido serão beneficiadas. Outros 64 sistemas serão
implantados ou recuperados no estado. No riacho Salgadinho, que corta a comunidade
quilombola de Laranjo, não corre água há muito tempo. Naquelas paragens, o
sertanejo do semiárido piauiense está há mais de cinco anos sem ver chuva. Para
beber e cozinhar, só mesmo buscando nas cacimbas dos barreiros. Realidade que
será transformada a partir desta sexta-feira (22/07), quando o Ministério do
Meio Ambiente entrega três sistemas de dessalinização às comunidades de
Laranjo, Silvino e Barra dos Pereiros, zona rural do município de Betânia (PI).
Trata-se dos primeiros sistemas no estado pelo convênio do programa Água Doce,
coordenado pelo MMA. Nas três localidades, serão beneficidas 120 famílias com
água potável. A cerimônia de entrega ocorrerá em Laranjo e terá a participação
do governador do estado, José Wellington Barroso de Araújo Dias; do secretário
de Desenvolvimento Rural, Francisco Lima; do coordenador nacional do programa
Água Doce, Renato Saraiva Ferreira; do diretor-presidente do Emater, Marcus
Vinícius do Amaral Oliveira; do coordenador do Água Doce do Piauí, Adalberto do
Nascimento Filho, além de prefeitos e representantes das comunidades
beneficiadas. O convênio com o estado prevê, ao todo, a implantação,
recuperação e gestão de 67 sistemas de dessalinização, que atenderão cerca de
26 mil pessoas. O valor do convênio firmado entre o MMA e o governo do Piauí é
de R$ 13 milhões. “O estado é o responsável por sua execução. No Piauí, o órgão
executor é o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e,
posso afirmar com muita segurança, que o núcleo estadual é muito participativo,
muito atuante”, ressalta o coordenador nacional, Renato Ferreira. METODOLOGIA
-Em todo o estado, foram diagnosticados 12 municípios e selecionadas
72 comunidades para a implantação dos sistemas de dessalinização. “Os
diagnósticos retratam a realidade bem fiel das localidades rurais do semiárido
piauiense. Esses diagnósticos são feitos com muito critério e podem orientar
políticas públicas diversas”, destaca Renato. Para viabilizar a execução do que
foi pactuado, o Água Doce já capacitou, dentro da metodologia do programa, os
operadores que farão o manuseio dos equipamentos e o grupo gestor em cada
comunidade. Oficinas de sustentabilidade ambiental orientaram as lideranças
sobre a melhor forma de lidar com os concentrados decorrentes da
dessalinização. Para a presidente da Associação de Desenvolvimento Rural
Quilombola do Laranjo, a agricultora Hilda Maria Xavier de Sousa, 46 anos, a
chegada do sistema de dessalinização resolverá, para a comunidade, um problema
antigo. “Antes, a gente pegava água suja nas cacimbas dos barreiros. Agora,
esperamos acabar com muitas doenças causadas por aquela água, como diarreia,
verme e até cálculo renal. Já a água do dessalinizador é de excelente
qualidade, muito boa mesmo”, comemora Hilda. DIGNIDADE -As 46
famílias da comunidade de Silvino também recebem um sistema de dessalinização.
Mas o presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário Rural Quilombola
do lugar, Mateus Macedo de Brito, 26 anos, alerta que a vazão do poço é
pequena: “A água é de muito boa qualidade, mas precisamos de um controle
rigoroso pra durar muito tempo”. Ocorre que o município de Betânia está
localizado no sudeste do estado, polígono da seca. E as principais atividades
econômicas da região são a agricultura, com plantio de mandioca, cana-de-açúcar
e algodão; e a pecuária, caracterizada pela criação de ovinos e caprinos.
Responsável pela execução do programa no Piauí, o diretor-presidente da Emater,
Marcus Vinícius Oliveira, destaca a importância da chegada do Água Doce no
estado: “O uso de carro-pipa, aqui, é cotidiano e, às vezes, só chega às
comunidades uma vez por semana. O Água Doce traz dignidade para essa população,
que, agora, terá água de qualidade todos os dias”. Marcus Vinícius conta que o
governo pretende, também, melhorar a situação produtiva das comunidades rurais.
ESTRATÉGIA - O Água Doce é uma ação do governo federal,
coordenada pelo MMA em parceria com diversas instituições federais, estaduais,
municipais e sociedade civil. A iniciativa estabelece política pública
permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, incorporando
cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e gestão de
sistemas de dessalinização de águas salobras e salinas. O programa prioriza as
regiões do semiárido em situação mais crítica. Lugares com os menores índices
de Desenvolvimento Humano (IDH), altos percentuais de mortalidade infantil,
baixos índices pluviométricos e com dificuldades de acesso aos recursos
hídricos são os primeiros a serem contemplados. A estratégia considera, ainda,
dados do Índice de Condição de Acesso à Água do Semiárido (ICAA), desenvolvido
a partir do cruzamento desses mesmos indicadores. –Secom
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