Lembro-me muito bem da minha infância. Conversando
com o meu avô, “Seu Laerte”, e vendo o touro “Indianinho”, escutei dele que é
muito mais fácil fazer 100 vacas boas do que um touro
melhorador. Hoje, depois de tantos anos trabalhando com genética de
zebuínos e seus cruzamentos, enxergo claramente o que ele queria dizer. Fazer
um touro melhorador é muito difícil, visto que genética não é uma soma exata, e
sim uma ciência com muitas probabilidades. Probabilidades que podem ser
mensuradas a partir da quantidade de informações que cada raça possui. Muita
coisa mudou em relação à quantidade e à qualidade de informação. Em 1919 houve
a criação do Herd Book Zebu (HBZ), em 1929, a mudança de HBZ para Sociedade
Rural do Triângulo Mineiro e, mais tarde, para Associação Brasileira dos
Criadores de Zebu (ABCZ). Investiram numa força-tarefa a fim qualificar os
animais zebuínos para as demandas do mercado. Um dos primeiros passos foi a
avaliação racial de cada animal, bem como a sua identificação pelo registro
genealógico. Parece bem simples nos dias de hoje, mas conhecer a genealogia do
rebanho é saber a procedência de um animal e, mais importante ainda, é
compreender de onde vem cada característica. A ABCZ fez isso com muita
competência, desde o seu início e, hoje, contabiliza milhões de animais
registrados, criando um banco de informações de pedigree de muita riqueza. Após
esses primeiros passos, a raça Gir Leiteiro e a raça Guzerá Leiteiro começaram
a ter os seus controles oficiais de produção de leite. Essa ação pode verificar
o desempenho de cada animal e compará-los com os demais do rebanho. Para se ter
uma ideia, a Revista Zebu registrou, em 1967, a produção da vaca Nutrolac, de
propriedade de Torres Lincoln Prata Cunha, da Chácara Sundanagar, que, em
apenas um dia (duas ordenhas), produziu 16,80 quilos de leite, no primeiro
controle. O controle de produção de leite deu início a um grande passo na
consolidação do Gir Leiteiro em nosso país, bem como no resto do mundo. Em
1980, um grupo de criadores e selecionadores do Gir Leiteiro iniciou uma nova
caminhada junto à ABCZ, criando a Associação Brasileira dos Criadores de Gir
Leiteiro (ABCGIL). A ideia inicial era diferenciar os animais não somente pelas
características raciais, mas pelas características de produção. Em 1985 teve
início o Teste de Progênie da Raça que, posteriormente, foi intitulado Programa
Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro, sob o comando da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da ABCGIL. O objetivo principal foi
promover o melhoramento genético da raça Gir Leiteiro, por meio da
identificação e da seleção de touros geneticamente superiores para as
características de produção (leite, gordura, proteína e sólidos totais), de
conformação e de manejo, bem como proceder à avaliação genética dos animais de
todos os rebanhos participantes. De 1985 até os dias atuais, 24 grupos foram
divulgados e 330 touros avaliados. Informações relacionadas à Habilidade
Provável de Transmissão (PTA), de diversas características de conformação,
produção de leite, gordura e ainda informações de manejo estão disponíveis.
Hoje as filhas de touros Gir Leiteiro possuem uma média de produção oficial de
3.600 kg de leite em 305 dias, ou seja, representa mais de três vezes a média
nacional, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) de 2014. Então, podemos fazer a pergunta final: como faço um touro
melhorador? Bom, o termo melhorador se refere a alguma ou a várias
características que queremos melhorar. Por isso, como primeiro passo, devemos
eleger quais são as características que desejamos melhorar no rebanho. Podem
ser características de produção (como o leite, gordura), de conformação (pernas
e pés, sistema mamário, estrutura etc.), ou de manejo (temperamento, facilidade
de ordenha). Com essa escolha bem definida, passamos para o nosso segundo
momento. O momento seguinte é quando vamos conhecer nossas vacas. Quais são as
melhores vacas do meu rebanho e que possuem as qualidades que estou procurando?
Na produção, precisamos de mensurações, por isso, a importância do controle
leiteiro. Na conformação, podemos utilizar o sistema de mensuração morfológica
em que cada característica possui a pontuação ideal. Para manejo precisamos
também pontuar os animais para temperamento, tempo de reação ao estímulo humano
e para a facilidade de ordenha, em que o tempo de ordenha é o que manda. Após
essas análises, teremos o ranqueamento dos animais que possuem as melhores
pontuações. Assim, achamos as nossas vacas no rebanho. Podemos fazer a análise
de famílias, buscando aquelas que possuem mais informação em relação aos seus
objetivos. Deste modo, temos um ótimo começo para o trabalho de selecionar
as doadoras que se tornarão mães de touros. Se tivermos informação de
descendentes, melhor ainda: todos os dados serão incluídos em nossa planilha de
seleção. Passamos a escolha do reprodutor para este projeto. A partir das
informações disponibilizadas pela ABCGIL e pela ABCZ, podemos traçar o seu
acasalamento, levando em conta a consanguinidade até 7%. Outros fatores como
pigmentação e pico de produção podem ser avaliados também. Realizado este passo
a passo, é esperar que as probabilidades possam ser maiores para o seu
objetivo. É fazer um touro melhorador não era fácil no tempo do “Vô Laerte”.
Ainda continua difícil nos tempos de hoje. Mas, com certeza, contamos com
inúmeras informações que podem nos fornecer um norte mais certeiro e real do
que no passado. Sobre a Alta Genetics - A Alta Genetics é líder no mercado de
melhoramento genético bovino do mundo. Com matriz localizada em Calgary, no
Canadá, atua em mais de 90 países com nove centrais de coleta: Brasil, Estados
Unidos, Canadá, Argentina, Holanda e China. Com 20 anos de história no Brasil,
a empresa está sediada na cidade de Uberaba/MG, e tem como missão orientar
pecuaristas sobre a melhor maneira de usar a genética aliada ao manejo,
nutrição, ambiente, gestão e todos os processos para garantir um animal com
todo o seu potencial genético. O compromisso da Alta é criar valor, entregar o
melhor resultado e construir confiança com seus clientes e parceiros, em busca
do desenvolvimento da pecuária. Mais informações no website: http://www.altagenetics.com.br. –Secom
tvgazetalife@hotmail.com
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