O POLICIAL MILITAR DE S. PAULO É UM DOS MAIS
DESVALORIZADOS DO PAÍS
São Paulo é o estado mais rico do Brasil,
representando mais de 32% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. É também o
estado menos violento, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública (a taxa de homicídios é de 9,5 para 100 mil habitantes). Apesar dos
números positivos, São Paulo é um dos últimos estados em remuneração de
policiais militares. Até alguns dias, antes do aumento de 5% concedido pelo
governador João Dória (PSDB), o salário de um soldado iniciante era de R$
3.143. Para efeito de comparação, o estado de Goiás paga R$ 5.767 para o mesmo
cargo. Policiais cobram uma remuneração digna há muitos anos. Inclusive,
durante campanha, o próprio Doria prometeu tornar o salário do policial de São
Paulo o maior da federação, por isso esperava-se que o aumento oferecido fosse
maior. Na prática, esses 5% representam mais ou menos R$ 72 para aqueles que
estão ingressando na área. É muito pouco considerando os riscos dessa profissão
e suas desvantagens. Muitas pessoas não sabem, mas a verdade é que policiais militares não têm
direitos trabalhistas, são proibidos de fazer greves, não recebem adicionais
noturnos e não são pagos por horas extras. O turno de trabalho é de no mínimo
12 horas, podendo se estender caso surjam novas ocorrências. Além
da péssima remuneração, o policial militar de São Paulo ainda precisa lidar com
o descaso e desrespeito dos governantes. Há pouco mais de duas semanas, o
próprio governador Doria
atacou policiais militares aposentados durante evento em Taubaté. Na ocasião,
ele disse a um dos manifestantes: “Vai pra sua casa.
Vai comer sua mortadela com a sua
mãe, seu sem vergonha. Eu respeito é policial que trabalha".
Depois, incitou o
público contra os policiais aposentados: “Povo trabalhador, levante seu braço, mostre
que você trabalha. Mostre que você gosta de Taubaté. Mostre aqui para esses
vagabundos que não têm o que fazer". Para o governador, policiais mal
remunerados e que durante décadas colocaram suas vidas em risco em prol da
segurança da população são vagabundos. É preciso dar um basta na
campanha que se faz contra a Polícia Militar e
aumentar a remuneração mensal dos policiais. Ser policial
é trabalhar em uma das profissões mais perigosas do mundo. Policial que sobrevive
raramente chega à aposentadoria sem ter perdido colegas de trabalho
assassinados por criminosos. Além da violência direta, essa é a categoria com a
maior taxa de suicídio do país. No ano passado, mais de 100 policiais tiraram
suas vidas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Graças à rotina
estressante, policiais tendem a sofrer de problemas cardiovasculares e depressão. Um aumento de 5% é muito pouco para quem
está exposto a tantos problemas.
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