LEITE DIGITAL: O 4.0 CHEGANDO NA PRODUÇÃO
Em qualquer ambiente que vamos há sempre uma
pessoa que fala: o tempo está passando muito rápido. Realmente, parece que não
temos tido muito tempo, e isto nos dá a sensação de que os dias são mais curtos.
Talvez muito desse sentimento esteja ligado à questão de estarmos, cada dia
mais, conectados o tempo inteiro. As notícias chegam muito rápidas. Algo que
aconteceu pela manhã e se só descobrirmos à tarde, ficamos com a sensação de
notícia antiga, ou que não estamos atualizados. Em outro vértice, tudo é muito
volátil, passa rápido. Vira um “meme” e se foi. Mas, apesar dessa tecnologia
nos trazer alguns sentimentos que nos criam ansiedade, há uma infinidade de
soluções que estão sendo criadas que nos facilitam o dia a dia. No mundo
do leite, a nata já tem investido nessas opões. Um bom exemplo é a Embrapa que,
em parceria com outras instituições, fomenta o Ideas for Milk desde 2016. O foco é promover o surgimento
de soluções para a cadeia do leite, reunindo a iniciativa privada, a academia,
a pesquisa agropecuária e o setor produtivo. Para 2019, dia 22 de novembro terá
a seleção dos campeões. Os selecionados vão apresentar propostas para
incrementar e garantir desde a otimização dos recursos, de mensuração de
crescimento de bezerras, das análises rápidas do leite e até o cumprimento das
legislações. O mercado lácteo, apesar de ter evoluído muito, ainda não é
um player importante no cenário internacional. Conseguimos galgar alguns
status, desde sanitários até abertura de mercados, mas ainda não temos
realmente relevância. No meio do ano, houve o anúncio de 24 laticínios
habilitados para o comércio com a China. E, como não poderia ser diferente,
causou certa euforia. Ter os chineses tomando leite brasileiro nos permitirá
produzir muito mais, afinal, a China tem aproximadamente cinco vezes a
população do Brasil. No entanto, apesar da habilitação, nada de lácteos foi
exportado. Segundo agentes púbicos, ainda falta a comprovação do cumprimento de
requisitos legais. Aliás, com foco nessas legislações, um dos finalistas
do desafio das Startups, do Ideas for Millk 2019, está concorrendo com uma
solução para buscar mitigar os entraves de importação. As normativas (assim
como os importadores) exigem que exista uma cadeia de informações de que as
exigências, para a produção de um leite saudável, estejam disponíveis e sejam
realizados planos de controle. De um lado há milhares de produtores, que devem
gerar dezenas de registros por mês e, do outro, os laticínios, que devem
receber e processar essas informações, para garantir ações corretivas e eventuais
desvios que sejam detectados. Unir essas pontas, recolhendo registros em papel
e processando no escritório, pode ser uma tarefa extremamente difícil de
realizar, além, claro, de demorada. Partindo dessa demanda, e com
auxílio desta que vos escreve, foi concebido um aplicativo batizado de Milk Wiki, que contém todos os
procedimentos, registros, treinamentos e ações que devem ser realizadas, além
de canais de comunicação direta do laticínio com o produtor, cujo objetivo é o
de buscar a conformidade dos processos de produção. O aplicativo é acessado
através de smartphones, tanto IOs quanto Androides, possui uma interface
amigável e de fácil utilização, e envia para o laticínio em tempo real as
informações que são demandadas. O surgimento de iniciativas como esta
pode encontrar entraves na baixa escolaridade ou na dificuldade de operar tais
“inovações”. Por outro lado, é inevitável a disseminação desse tipo de
tecnologia, principalmente entre os mais jovens, que mais conectados, interagem
nas redes sociais mais instintivamente e, por conta disso, tem a tendência em
absorver as tecnologias mais rapidamente e utilizá-las na rotina; traz uma
satisfação e sensação de pertencimento a esta geração tão plugada. Talvez
a maior utilização da tecnologia no campo seja um atrativo para retenção dos
mais jovens, uma das demandas para sustentabilidade do setor agropecuário.
Assim como as cidades, as tecnologias, as conexões, as inovações também são
necessárias. Esperemos os dias continuarem como são no campo, ou melhor, que
permita utilizar o tempo de lazer com mais contato e conexões positivas.
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