ANA CONCLUI MAPEAMENTO DA ÁREA COM USO DE ÁGUA
PARA CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL
Com o objetivo de ampliar o
conhecimento sobre a irrigação na cultura de cana-de-açúcar em todo o Brasil, a
Agência Nacional de Águas (ANA) lançou o Levantamento da Cana-de-Açúcar
Irrigada e Fertirrigada no Brasil durante a 45ª Reunião Ordinária da Câmara
Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). Este trabalho também busca subsidiar a tomada
de decisão e análises de risco com foco na segurança hídrica da agricultura
irrigada e nos demais usos compartilhados da água, além de oferecer dados para
o cálculo de demanda de uso do recurso. Segundo o estudo,
a fertirrigação, que é feita exclusivamente com água de reúso (vinhaça e águas
residuárias), está presente em 79,5% da área irrigada de cana-de-açúcar no
Brasil, o que equivale a 2,9 milhões de hectares ou 29,1% da área total de
canaviais do Brasil (11,2 milhões de hectares). Já as áreas que recebem a
irrigação, apenas com água ou consorciada com água de reúso, ocupam 749 mil
hectares (6,7% dos canaviais brasileiros). O Levantamento
define dois grupos de uso da água para cana-de-açúcar, formados por duas
classes cada. O primeiro concilia a fertirrigação e a irrigação de salvamento e
é o perfil de uso menos intensivo. O segundo grupo realiza uma utilização mais
intensiva da água e relaciona dois tipos de irrigação: com déficit e plena.
De acordo com o estudo da ANA, uma área de apenas 5% do perfil de alta
hidrointensidade demanda 56,7% do volume de água para cana-de-açúcar, sobretudo
em Minas Gerais (31%), Goiás (17,8%), Alagoas (16,2%), Maranhão (12,8%) e Bahia
(11,7%). Por outro lado, o perfil menos hidrointensivo ocupa 95% da área
irrigada e fertirrigada no Brasil, sendo que São Paulo lidera em área
fertirrigada com 68,5% do total. Goiás (7,7%), Mato Grosso do Sul (7%), Minas Gerais
(6,8%), Paraná (6,5%) e Mato Grosso (2,5%) vêm na sequência.
Segundo o Levantamento, as duas grandes regiões que concentram o cultivo da
cana, Centro-Sul e Norte-Nordeste, têm características diferentes. Como a
disponibilidade hídrica para o cultivo é significativamente menor no
Norte-Nordeste, há uma necessidade maior de irrigação. Já no Centro-Sul, onde
se concentra 92% da produção de cana, as chuvas regulares favorecem o bom
desenvolvimento dos canaviais, que recebem suplementação de nutrientes por meio
da fertirrigação, principalmente no período mais seco. Mais ao norte dessa
região, em Minas Gerais e Goiás, o déficit é mais acentuado e a irrigação passa
a ser mais praticada. O novo estudo atualiza e amplia o
Levantamento da Cana-de-Açúcar Irrigada no Centro-Sul, pois expande a análise
para todo o território brasileiro e inclui dados sobre a fertirrigação. Além
disso, o Levantamento da Cana-de-Açúcar Irrigada e Fertirrigada no Brasil é
parte das atividades de atualização do Atlas Irrigação, que terá o lançamento de sua segunda
edição em 2020. O estudo também subsidiará o novo Plano Nacional de Recursos
Hídricos. Na fertirrigação há uma utilização quase que
exclusivamente de resíduos do processo industrial do setor sucroenergético,
como a vinhaça e as águas residuárias. No salvamento, que tende a estar
consorciado à fertirrigação, são aplicadas pequenas lâminas de água de
mananciais para reduzir parcialmente o estresse hídrico após o corte da cana no
período mais seco. A irrigação com déficit ou plena busca suprir boa parte do
déficit hídrico da cana-de-açúcar, o que representa aplicação de grandes
volumes de água por hectare.
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