IV ENCONTRO DA CADEIA PRODUTIVA DO
TRIGO DISCUTE CENÁRIO NACIONAL E MUNDIAL PARA O GRÃO
Realizado pelo Sindicato da Indústria do
Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), o IV Encontro da Cadeia Produtiva
do Trigo reuniu representantes da indústria de moagem, produtores, cooperativas
e empresas de insumos na manhã de 08 de novembro, na Fiesp, em São Paulo (SP).
O evento, que tem como principal objetivo integrar o setor produtivo e promover
o conhecimento, abordou em quatro painéis aspectos relacionados ao mercado
agrícola, moagem e cenário político e econômico. A palestra de abertura traçou
um panorama qualitativo da safra de 2019 dos estados do Paraná e de São Paulo.
O tema foi apresentado pela supervisora de Qualidade Industrial da Biotrigo,
Kenia Meneguzzi, e pelo o engenheiro agrônomo da Biotrigo, Bruno Alves, que
explicaram aos presentes como é feito o trabalho de melhoramento genético das
variedades de trigo, levando em consideração as demandas do mercado consumidor
e, consequentemente, dos moinhos, além das questões climáticas, em especial de
geadas e secas, que impactam diretamente na qualidade do grão. “É preciso
entender e atender as necessidades da indústria moageira, que tem
especificações distintas para a produção dos mais variados tipos de farinha”,
salientou Kenia. Em seguida, o diretor de Vendas Moagem da Bühler Brasil, Beat
Weilenmann apresentou as tendências para o futuro da moagem do trigo, com as
principais tecnologias que já estão disponíveis e em desenvolvimento para o
setor. “Teremos moinhos inteligentes, automatizados e totalmente integrados,
que podem ser controlados à distância. Além disso, o transporte pneumático
tubular dos grãos vai permitir reduzir a altura dos edifícios dos moinhos para
até no máximo três andares, proporcionando economia de energia de até 10%. O moinho
do futuro será digital para que possamos acessar os dados de produção o tempo
todo”, destacou o executivo. O executivo do Negócio do Trigo da Bunge, Edson
Csipai, deu sequência à programação com uma palestra sobre a conjuntura
mercadológica do trigo e da farinha. “O ano de 2019 foi ruim para a indústria
moageira, com margens muito baixas devido às variações cambiais e custo de
frete marítimo. Houve também uma redução do consumo de farinha, de 1,7% em
relação a 2018, fruto do desemprego e do baixo crescimento econômico do País”,
salientou Csipai, mencionando as 8,95 milhões de toneladas de farinha
consumidas no ano passado e a previsão desse número fechar em 8,80 milhões de
toneladas para 2019. A moagem brasileira também sofrerá redução, atingindo 11,1
milhões de toneladas este ano ante as 11,3 milhões de toneladas em 2018. Para
2020, as expectativas são positivas. “O crescimento esperado para a economia
fruto da Reforma da Previdência e de outras reformas devem impactar no consumo
de farinha”, acredita o executivo da Bunge. Como fatores de alerta para o
setor, ele menciona a quebra de safra que ocorreu no Paraná este ano e que
forçou um aumento da exportação, a variação cambial e a situação política da
Argentina, responsável por cerca de 60% do trigo importado pelo Brasil. “Se o
novo governo da argentina resolver aumentar a taxa de exportação, que hoje é de
7% e que na Era Kirchner chegou a 23%, podemos ter problemas de abastecimento e
nos veremos obrigados a recorrer a outras origens, já que a produção nacional
de trigo atende apenas 40% da nossa demanda”, pontuou. Para finalizar o dia, o
público conferiu o quarto painel “Cenário Político e Econômico”, apresentado
pelo economista chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani. “Desde 2016, teve
início um novo ciclo no Brasil e a estabilidade econômica avança, mesmo com um
cenário global não exuberante”, analisou o economista, ressaltando que acredita
na “solidez” desse ciclo, que se fortalece com as reformas e o fato de que
“pela primeira vez, estamos repensando o tamanho dos gastos públicos”. “Esse
Encontro ocorre em um momento bastante oportuno, pois é quando as safras do
Hemisfério Norte já estão definidas e os números do ano praticamente definidos,
o que nos dá base para a elaboração dos orçamentos e planos para 2020”, avaliou
o presidente do Sindustrigo, Valnei Origuela. "Para nós é muito
gratificante realizar este evento, pois um dos objetivos do Sindustrigo é unir
os segmentos da cadeia do trigo e o evento de hoje fortalece essas relações,
além da possibilidade de comemorarmos o Dia do Trigo, celebrado no dia 10 de
novembro”, ressaltou. O evento contou com a participação do presidente do
Conselho da Abitrigo, João Carlos Veríssimo, do presidente executivo da
Abitrigo, embaixador Rubens Barbosa, do vice-presidente do Sindustrigo,
Christian Saigh e o presidente da Câmara Setorial do Trigo, Nelson
Montagna.
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