Em
entrevista o secretário adjunto da Sectes, Vinícius Rezende, fala sobre o
funcionamento do programa e a proposta de expandir a inovação em todo o
território mineiro. Levar a inovação a todas as regiões do estado é, neste
momento, a grande bandeira do recém-lançado programa Minas Digital. Apresentado
pelo governador Fernando Pimentel e gerenciado por meio da Secretaria de
Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), o programa surge com a ampla
proposta de tratar do chamado ecossistema da inovação em todas as suas fases e
etapas, passando não somente pelo fomento a novas empresas, mas também pela
capacitação no segmento de tecnologia e, sobretudo, pela mudança do conceito da
sociedade sobre o que vem a ser inovação.Esta aposta da nova gestão tem, entre
outros objetivos, o de gerar cerca de R$ 1 bilhão em investimentos públicos e
privados nos próximos 10 anos, a criação de polos de inovação nos 17
territórios de desenvolvimento e o de, anualmente, qualificar até 100 mil jovens
no setor tecnológico. Além disso, com as diversas iniciativas aglutinadas no
Minas Digital, a intenção do Governo de Minas Gerais é a de contribuir para tornar o
território mineiro atrativo a investimentos de outros estados e nações.Em
entrevista à Agência Minas Gerais, o secretário de Estado adjunto da Sectes,
Vinícius Rezende, esclarece dúvidas sobre o programa, apresenta os propósitos e
características da nova estratégia que estimula a inovação com base nas
potencialidades e a vocação de cada região do estado. Agência Minas
Gerais - Como foi concebido o programa Minas Digital? - Vinícius Rezende - O Minas Digital tem um objetivo
muito claro, que é o desenvolvimento econômico e social do estado a partir de
uma economia criativa, de uma economia digital, a partir da excelência
corporativa. Para que seja um programa de sucesso, é importante – e assim temos
feito, com muita clareza – a participação de todos os players [envolvidos] que compõem o
ecossistema da inovação. Desse modo, o programa, concebido nos seis primeiros
meses de 2015, teve envolvimento e participação da indústria (Fiemg), do
Sebrae-MG, do comércio (Sistema Fecomércio-MG), do programa MGTI, de
associações de empresas tecnológicas, institutos de tecnologia e inovação, de
todas as universidades, além de anseios e demandas de startups mais próximas da
Sectes e outros representantes do segmento de tecnologia.Agência Minas
Gerais - O que foi possível construir e detectar a partir dessa ação com
envolvimento e participação dos atores mencionados?Vinícius Rezende - Verificando
o anseio e as demandas de todos, identificamos, em especial, que o Estado tem
um papel muito importante na articulação de todo o ecossistema, o de fazer com
que tudo isso funcione dentro de uma, digamos assim, única linha de produção.
Com isso e dessa forma, será possível conseguir alavancar Minas Gerais para
além de outros concorrentes quando se trata de inovação. Entendemos, portanto,
que em Minas temos o papel de não só fomentar, mas também - e principalmente -
de articular e dar execução ao programa.Agência Minas Gerais - Quais
são os propósitos do Minas Digital? -Vinícius Rezende - O
Programa Minas Digital é amplo. Um ponto diferencial do programa é o de levar
polos de inovação aos 17 territórios de desenvolvimento respeitando, sobretudo,
a vocação regional. Por exemplo, em uma determinada região pode haver maior
demanda de tecnologia assistiva, o que não necessariamente ocorrerá em outra.
Minas Gerais é um estado rico de atores, de riquezas naturais, intelectuais.
Então, descentralizar a parte da inovação da capital Belo Horizonte é uma
primeira ação estratégica do Minas Digital. O mais importante é que se trata de
um programa robusto, que vai ser aprimorado na constância da sua execução.Agência
Minas Gerais - Que ações e iniciativas compõem o programa Minas Digital? - Vinícius
Rezende - No Minas Digital, em todos os hubs dos 17 territórios
de desenvolvimento, teremos, por exemplo, cursos de graduação, pós-graduação e
técnicos voltados para a área de tecnologia nas unidades da Universidade Aberta
Integrada (Uaitec). Haverá, também, espaço para as startups, áreas de co-working [cooperação mútua] e de
convivência, onde empresas poderão interagir, trabalhar próximas e se ajudar,
além de laboratórios para realização, inclusive, de teleconferências. Um
detalhe: a maioria de nossos cursos será de 200 horas/aula, das quais as 40
iniciais serão obrigatoriamente de empreendedorismo e de tecnologia. Vale
ressaltar, ainda, os programas Cidade Inteligente (que vai ampliar a oferta e a
qualidade da internet nos municípios e polos mineiros, inclusive com recursos
do governo federal), o Programa de Incentivo à Inovação (PII) e o novo SEED.Agência
Minas Gerais - O programa de aceleração de startups do governo – SEED – agora
integra o Minas Digital? - Vinícius Rezende - Exatamente. Ao
contrário de alguns ruídos de entendimento, é importante esclarecer que o SEED
não foi descontinuado, extinto. Pelo contrário: o novo SEED, agora sob
coordenação da Sectes, é um dos programas que compõem o Minas Digital. Ele não
só continua a existir, como também traz regras mais benéficas para as startups
e conta com um marco legal, decreto
publicado no Diário Oficial Minas Gerais, que atesta sua continuidade,
importância e potencialidade. O novo SEED será implementado ainda em 2015, contemplando,
inclusive, demandas sinalizadas em consulta pública aberta para colher opiniões,
impressões e apontamentos das startups.Agência
Minas Gerais - No caso específico da aceleração das startups, qual será o
modelo de participação do Estado? - Vinícius Rezende - Na fase de
concepção do programa, ouvimos todos os setores, fizemos viagens para França e
Inglaterra para visitar startups, aceleradoras, incubadoras, programas e outras
iniciativas. Nos dois países e, especialmente, na França, que já é um país que
aposta há mais tempo na inovação como forma de desenvolvimento social e
econômico, foi identificada a figura do chamado investidor predador: aquele que
oferece, por exemplo, US$ 200 mil por uma startup e, em seguida, transfere a
empresa para onde melhor lhe convier e a revende por US$ 2 bilhões. Ou seja, os
impostos vão para aquele outro estado ou país, assim como os empregos e não há
a distribuição de riqueza e evolução social e econômica daqueles que
investiram, que iniciaram a ideia e o negócio. Isso costuma ocorrer com jovens
que ainda não têm uma mentalidade ampla do conceito de inovação e
empreendedorismo.Então, o Estado, junto com investidores particulares, tem o
papel, também, de proteger essas empresas e fazer com que haja, de fato, o
desenvolvimento econômico e social. Todos os procedimentos e regras serão
regulamentados, tornando todo o processo transparente, claro, objetivo e,
sobretudo, assegurando a participação de todos.Agência Minas Gerais -
As startups vão continuar com autonomia para desenvolvimento de seus negócios?
- Vinícius Rezende - É
evidente que a autonomia das startups será respeitada. Elas são independentes,
são empresas privadas e têm o direito de participar ou não do programa, de
estar dentro ou fora de um espaço do governo. Agora, não é possível que
tenhamos um programa do Estado que não seja gerenciado pelo Estado. Há dinheiro
público envolvido, investimentos, estrutura cedida, com responsabilidade para
os gestores estaduais. Dessa forma, o programa terá editais, regras claras,
objetivas, com liberdade para participação daqueles que se interessarem. Veja,
nós estamos mudando um conceito que antes era inexistente em Minas Gerais, já
que tudo era absolutamente desarticulado. Estamos articulando, fomentando e
fazendo com que novas pessoas, que não tinham acesso a isso, passem a ter.
Portanto, as regras serão absolutamente atrativas para que haja o desenvolvimento
social e econômico do setor e do Estado.Agência Minas Gerais - Voltando
à dimensão do Minas Digital, quais serão os primeiros passos e etapas do
programa? - Vinícius Rezende - Já há uma estrutura para iniciaros
cursos de graduação, pós-graduação e técnicos voltados para a área de
tecnologia nas 112 unidades Uaitec, mesmo que ainda não seja a capilaridade
adequada que desejamos. Haverá ainda chamamento público, edital, mas esta etapa
de capacitação tende a ser a nossa fase inicial. Lembrando que o objetivo é o
de formar, por ano, de 50 a 100 mil jovens.Agência Minas Gerais - Como
a Sectes pretende trabalhar as metas do Minas Digital? -Vinícius Rezende - A
ideia é que tenhamos agentes regionais vinculados à Sectes, além dos demais
agentes que participam do programa, tais como representantes da indústria,
comércio, do Sistema Mineiro de Inovação (Simi), do Sebrae-MG, etc., para
participar e acompanhar o desenvolvimento e evolução do trabalho. Os HUBS de
inovação vão funcionar como uma espécie de ‘quartel general’, onde as ideias
surgem e as articulações são criadas. Teremos os atores apontando necessidades,
impressões e a oportunidade de os participantes trabalharem em algo direcionado
à sociedade. A aposta do governador Fernando Pimentel no programa é tão sólida
que, inclusive, a ideia é que o Minas Digital seja apresentado em outros
estados e países, como ferramenta de desenvolvimento da economia criativa,
digital e de excelência corporativa.Detalhes importantes sobre o Minas
Digital- O programa Minas Digital é amplo e engloba diversas
iniciativas para desenvolver o ecossistema de inovação do início ao fim. O
objetivo é transformar Minas Gerais em referência mundial no campo da inovação
e da educação tecnológica;- Atenção: Minas Digital e SEED não são a mesma
coisa, nem o primeiro surge para substituir o segundo. O SEED é uma ação para
fomentar e acelerar startups em Minas Gerais e representa uma das diversas estratégias que
compõem o Minas Digital;- O SEED não foi extinto ou descontinuado. Qualquer
informação nesse sentido é improcedente. O SEED, na verdade, está garantido por
decreto e será implementado em nova versão ainda em 2015. Além de trazer mais
benefícios para as startups, a atual fase do programa tem coordenação da
Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). - Secom
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