O
uso eficiente e sustentável da floresta para geração de energia é tema da
reunião que aconteceu nesta quarta-feira (31/07), na sede da Federação das
Indústrias do Estado de Sergipe (Fies), em Aracaju. O encontro, o primeiro de
uma série de eventos para discutir o Pacto de Sustentabilidade da Matriz
Energética do Setor Cerâmico de Sergipe, reuniu representantes do Ministério do
Meio Ambiente (MMA), do Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal, do
Sindicato dos Ceramistas e representantes de empresas do setor, além do governo
sergipano, para promoção do combate à desertificação por meio de ações
estruturantes para a convivência com a semiaridez. “O principal vetor do
processo de desertificação no Brasil é o desmatamento para o atendimento da
demanda energética da região Nordeste”, explica o diretor do Departamento de
Combate à Desertificação da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural
Sustentável do MMA, Francisco Campello. Segundo ele, a biomassa florestal está
presente em 30% da matriz energética da região e responde por 40% da energia
primária das indústrias da região. “A demanda de biomassa florestal para
atender à matriz energética no Nordeste está em torno de 7 milhões de
toneladas, que representam 200 mil hectares desmatados por ano”. BAIXO CUSTO –Campello
ressalta que a biomassa florestal é uma fonte energética estratégica, inclusiva
do ponto vista social, renovável, de baixo custo e descentralizada. “Essas
características são almejadas pelo planejamento energético de qualquer país, o
desafio no Nordeste é agregar a todas essas características a sustentabilidade
ambiental”, afirma. Nesse contexto, os projetos que vêm sendo apoiados pelo
Fundo Socioambiental da Caixa Econômica em parceria com o MMA, são
estruturantes e estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico. A iniciativa é complementada com o apoio a
projetos de manejo florestal comunitário sustentável de uso múltiplo, que
promovem o planejamento ambiental de assentamentos, tornando recursos
florestais em ativos ambientais, gerando renda para as famílias e assegurando a
conservação da biodiversidade. “O manejo florestal de uso múltiplo além de
ofertar lenha (biocombustível sólido), promove a segurança alimentar dos
rebanhos e das famílias, por meio da oferta forrageira e de produtos como
frutas e mel”, destaca. Os projetos para a construção de fogões ecoeficientes
também são iniciativas que buscam a segurança energética doméstica, pois, além
promover a formação de multiplicadores para a construção dos fogões, envolvem
as famílias na gestão dos recursos florestais para que formem seus bosques
energéticos. Além da parceria com o governo de Sergipe, MMA e Fundo
Socioambiental da Caixa promovem iniciativas também com os governos de
Pernambuco, Ceará e Paraíba, envolvendo os setores cerâmicos e gesseiro e
promovendo o desenvolvimento local com ações de convivência com a semiaridez e
de combate a desertificação de forma inclusiva e sustentável. Entre as ações
está a elaboração de planos de manejo florestal comunitário em 15 mil hectares,
a conservação sob produção sustentável em 20 mil hectares de Caatinga, gerando
uma renda adicional para cada uma das 1.500 famílias envolvidas
diretamente. RUMO À EFICIÊNCIA - Também
como parte dessas ações voltadas para segurança energética da região, no setor
industrial, 280 empresas (cerâmicas e gesseiras) firmarão pacto para a
sustentabilidade de suas matrizes energéticas promovendo a melhoria da
eficiência energética das unidades fabris e a consolidação de alternativas de
uso sustentável da biomassa florestal nativa na matriz energética. “Essas
iniciativas incidem diretamente no combate a desertificação e apresentam
alternativas inclusivas de convivência com a semiaridez para a socioeconômica
regional”, diz Campello. Hoje, 16% do território brasileiro é de áreas que
sofrem com a desertificação, abrangendo 1.488 municípios (27% do total de
municípios brasileiros), e uma população de 31.663.671 habitantes (17% da
população). Nestas áreas habitam 65% dos cidadãos considerados pobres do país,
e nesse momento, com 8 milhões sendo afetados diretamente, pela maior seca dos
últimos 40 anos.
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