Em comemoração aos 39 anos, pesquisadores elegem
sete pesquisas de maior impacto para a sociedade.
Belo
Horizonte (05.08.2013) – Sete pesquisas de grande impacto à sociedade em 39
anos de existência da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).
Essa seleção foi o desafio proposto aos pesquisadores da empresa. Por meio de
votação, cada uma das sete unidades elegeu o seu destaque. “Queremos mostrar a
sociedade que os pesquisadores da EPAMIG se dedicam há mais de três décadas a
melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e também a renda do produtor rural. O
conhecimento está disponível e queremos intensificar a difusão dessas
tecnologias”, explica Marcelo Lana, presidente da EPAMIG. Pesquisa para a sociedade - 1. Café resistente
à ferrugem e com alta produtividade – Quando o pesquisador Antonio Alves
Pereira começou seus estudos sobre o café na década de 70, as lavouras de Minas
estavam assoladas pela ferrugem, uma doença que pode reduzir a produção à
metade. Pesquisadores da Universidade Federal de Lavras e da hoje EPAMIG se
uniram e conseguiram desenvolver uma cultivar resistente à ferrugem. Atualmente
já são 12 variedades livres dessa e outras doenças e com altíssima
produtividade. Se na década de 70 a média de produção era de 11 sacas de café
por hectare, hoje são 22 sacas por hectare. Uma diferença significativa na
renda do produtor rural. Mini currículo - Antônio Alves Pereira é pesquisador
da EPAMIG Zona da Mata. Engenheiro agrônomo, doutor em fitopatologia pela
Universidade Federal de Viçosa, coordenou a implantação do Banco Ativo de
Germoplasma de Café na Fazenda Experimental da EPAMIG no município de
Patrocínio a 400 km da capital, um dos projetos de maior relevância para a
cafeicultura nacional. 2. Qualidade do café - A pesquisa de Sara Maria Chalfoun
desenvolveu um agente bioprotetor apelidado de “fungo do bem", que resulta
para o consumidor um café de mais qualidade. O produtor que adotar essa
tecnologia terá no mínimo 30% de valorização da sua safra anual. A técnica
consiste em usar o fungo do bem para eliminar outros que causam mofo nos grãos
de café, principalmente em lavouras próximas a represas onde o grão é mais
afetado pela umidade. Segundo a
pesquisadora “o agente bioprotetor influencia no sabor, odor e cor”. A tecnologia também assegura que pelo menos
um terço dos frutos presentes nos cafeeiros e que secam na planta antes da
colheita não sejam comprometidos pelos fungos prejudiciais. Essa pesquisa é uma parceria da EPAMIG e
Universidade Federal de Lavras, com o financiamento da Fapemig, desde 2004. Mini
currículo - Sara Maria Chalfoun é Doutora em Agronomia, com trabalhos nas áreas
de fitossanidade, microbiologia e gestão de qualidade na produção. Dedica-se à
pesquisa há 40 anos e desde 1973 atua na EPAMIG Sul de Minas. Entre os temas de
estudo estão os benefícios do café para saúde, a busca por uma produção de
maior qualidade, o controle de pragas, a adoção de boas práticas agrícolas na
cafeicultura e recentemente desenvolvimento de bioprodutos (produtos a partir
de microorganismos) para a cadeia produtiva do café. 3. Soja – A pesquisadora
Maria Eugênia Lisei de Sá desenvolveu uma variedade de soja que mantém a
qualidade nutricional, mas é muito mais saborosa. Os estudos já comprovavam que
a soja é um alimento com o dobro de proteínas do feijão, entretanto o sabor do
grão era apontado como um dos motivos para o pouco consumo. Como solução para
esse impasse, foram lançadas as variedades BRSMG 790A (soja amarela – usada no
preparo de saladas, sucos e queijos) e BRSMG 800A (soja marrom- que pode substituir
o feijão ou ser misturada a ele em preparo de pratos como a ‘sojoada’ e a ‘soja
tropeira’). O projeto “Melhoramento Genético da Soja para a Alimentação Humana
em Minas Gerais” é uma parceria da EPAMIG, Embrapa e Fundação Triângulo. Mini
currículo - Maria Eugênia Lisei de Sá é pesquisadora da EPAMIG Triângulo e Alto
Paranaíba. Bióloga, doutorada em Genética e Bioquímica, atualmente cedida à
Embrapa atua em pesquisas sobre melhoramento genético, genética molecular e
análises físico-químicas de soja, algodão e macaúba. 4. Leite – A pesquisa de
José Reinaldo Mendes Ruas garante rentabilidade à produção de leite. A adoção do sistema de gado F1 HZ (cruzamento
de Holandês x Zebu – HZ) tem potencial para dobrar a média de produção leiteira
de Minas Gerais de 1500 kg por lactação (IBGE 2011). Esse sistema de fêmeas
mestiças desenvolvido pela EPAMIG e aprimorado desde 1998 é comprovadamente
eficiente para produzir bezerro de corte e vaca de leite com rentabilidade em
pastagens na região central do Brasil, segundo dados do Programa Minas Leite da
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Mini
currículo - José Reinaldo Mendes Ruas é pesquisador da EPAMIG Norte de Minas.
Médico veterinário, pós-doutorado em Zootecnia, é um dos autores do sistema de
Gado F1. 5 - Queijo minas artesanal – A pesquisadora Denise Sobral desenvolveu
estudo que alia a preservação de um dos sabores mais tradicionais do estado, o
queijo Minas Artesanal, e também a demanda crescente do mercado por mais
qualidade, higiene e apresentação do produto final. O foco da pesquisa foi a
introdução de substância que controla o crescimento de microorganismos no
queijo artesanal. O consumidor cada vez mais exigente, segundo Denise “estimula
a busca permanente por boas práticas de fabricação que resultem em produtos
seguros”, informa. Mini currículo - Denise Sobral é pesquisadora do Instituto
de Laticínios Cândido Tostes da EPAMIG. É engenheira de alimentos, doutora em
Ciência e Tecnologia de Alimentos e uma das autoras da edição da revista
Informe Agropecuário sobre Queijos Artesanais Mineiros. 6. Integração
lavoura-pecuária e floresta (ILPF)– A pesquisadora Maria Celuta Machado Viana
desenvolveu estudos de culturas intercalares no sistema de integração
lavoura-pecuária e floresta. É uma tecnologia sustentável que permite
recuperação de pastagem degradada e consórcio entre lavoura, pecuária e
floresta. A ILPF permite intensificação do uso de áreas agrícolas ao mesmo
tempo em que melhora a qualidade do solo, reduzindo o uso de insumos e gerando
maior renda. Mini currículo - Maria Celuta Machado Viana é pesquisadora da
EPAMIG Centro-Oeste. Agrônoma, doutorada pela Universidade Federal de Minas
Gerais, atua em projetos nas áreas de forragem, produção, pastagem e integração
lavoura-pecuária-floresta. 7. Gestão sustentável de propriedades rurais – O
pesquisador José Mário Lobo Ferreira desenvolveu a metodologia chamada
‘Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas (ISA)’ que abrange 23
critérios entre os quais a qualidade do solo
e da água, a diversificação da paisagem, o estado de conservação da vegetação
nativa etc. Com o apoio de imagens de satélite e levantamento de campo é
possível mostrar como está sendo usado e ocupado o solo. “Esse sistema já foi
implantado em mais de 600 propriedades rurais em diferentes regiões do estado e
até o final de 2013 deve ser adotado por mais 1000 produtores”, explica o
pesquisador. Mini currículo - José Mário Lobo Ferreira é engenheiro agrônomo
pela Universidade Federal de Viçosa, mestre em Agrossistemas e autor do livro
“Indicadores de Sustentabilidade em Sistemas de Produção Agrícola” (2010).
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