O evento acontece de 2 a 4 de agosto, em Lençóis
Paulista, São Paulo
A
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) vai apresentar alguns de
seus trabalhos para os pequenos e médios produtores durante a Feira da
Agricultura Familiar e do Trabalho Rural (Agrifam). O evento acontece de 2 a 4
de agosto de 2013, em Lençóis Paulista, interior de São Paulo. Durante a Feira,
as Unidades de Pesquisa da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento
do Estado de São Paulo, vão apresentar variedades de plantas, tecnologias de
cultivo, agregação de valor aos produtos, sanidade animal e palestra com
informações econômicas. A Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da APTA de
Itararé vai apresentar cultivares de batatas desenvolvidas em conjunto com o
Instituto Agronômico (IAC-APTA), de Campinas. Entre as cultivares de batata
apresentadas estão a IAC Ibituaçu e IAC Vitória, em fase de registro pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As variedades IAC
Ibituaçu e IAC Vitória produzem, respectivamente, cerca de 30% e 41% a mais do
que os outros materiais do mercado. São também mais resistentes a doenças, o
que pode diminuir em até 70% a aplicação de defensivos agrícolas. A IAC
Ibituaçu tem ainda excelente qualidade
de fritura, principalmente por ter formato oval e cheio, além de alto teor de
matéria seca, ideal para a produção de rodelas fritas (chips) e batata palha,
sendo indicada para uso industrial. A principal característica da IAC Vitória é
a alta porcentagem – 87% – de tubérculos graúdos (diâmetro maior de 45 mm) e
formato alongado. O material é bom para consumo de mesa na forma de salada,
purê e fritura (palito). Durante a Agrifam, será apresentada ainda a tecnologia
de produção de batata-semente a partir de brotos, subproduto da cultura. A técnica, desenvolvida pelo IAC, foi
normatizada pelo MAPA em 2012. Com a norma, o agricultor que utilizar o broto
da batata como material de propagação terá em suas mãos um produto certificado.
Para o pesquisador do IAC responsável pela tecnologia, José Alberto Caram de
Souza Dias, a normatização oferece uma motivação a mais para os produtores.
“Descartar os brotos de tubérculos/batata-semente básicas é jogar fora
negócios, oportunidades de empregos, é desprezar nova fonte de renda e de
economia para sua produção”, afirma o pesquisador do IAC. Dentre as vantagens
da produção de batata-semente, a partir do broto, está a redução do risco de
introdução de pragas do solo que, segundo Caram, podem estar na epiderme dos
tubérculos de batata-semente. A tecnologia também possibilita aproveitar
centenas de toneladas de brotos destacados de lotes de batata-semente básica que
são descartados anualmente. Produção de batata. O ano de 2008 foi declarado
pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) como o ano
internacional da batata. O objetivo foi chamar a atenção para a importância
estratégica que o tubérculo representa para a dieta humana mundial e a sua
adaptação aos mais diversos climas dos cincos continentes. De acordo com o pesquisador da APTA, Valdir
Josué Ramos, a batata é o terceiro alimento em importância agrícola no mundo,
depois do arroz e trigo, constituindo-se em uma das culturas fundamentais para
humanidade. “Por este motivo, a batata está sendo eleita, por alguns países
pobres e populosos, o principal gênero alimentício que garantirá a necessidade
de calorias do homem, por ser também considerada uma única espécie energética
que não faz parte do grupo de cereais”, afirma. Anualmente, no Brasil, são
produzidos cerca de três milhões de toneladas, cultivados em 135 mil hectares,
com rendimento médio de 22 toneladas por hectare. O Produto Interno Bruto (PIB)
da batata é estimado em U$ 1 bilhão, representando um importante gerador de
divisas para o agronegócio brasileiro, criando cerca de um milhão de empregos
no País. Variedades em grãos - O Instituto Agronômico (IAC-APTA), de Campinas,
vai apresentar 41 tipos de sementes, dentre aveia, amendoim, feijão, mamona,
trigo, milho, milho pipoca, soja, triticale, girassol, labe-labe, feijão guadu,
mucuna, crotalária, gergelim e arroz. A ideia é mostrar a diversidade das
pesquisas realizadas pelo IAC, que em junho de 2013, lançou a cultivar mil, o feijão
tipo carioca IAC Milênio. As mais novas variedades lançadas pelo Instituto, o
IAC Milênio e o amendoim IAC OL 3, estarão presentes na Agrifam 2013. O
diferencial da cultivar IAC Milênio não está restrito a uma característica, mas
ao pacote tecnológico composto por qualidade de grão de alto padrão no mercado,
com caldo espesso e alto rendimento de panela, alta produtividade, porte ereto
que viabiliza colheita mecanizada, resistência à antracnose e à murcha de
Fusarium. A antracnose é uma doença que danifica folhas e vagens, depreciando o
produto. A murcha de Fusarium, principal
doença da raiz, leva a planta à morte. “A resistência a essas doenças reduz em
cerca de 30% a aplicação de agrotóxicos. Hoje o agricultor tem alto custo para
controle da antracnose”, diz o pesquisador do IAC, Alisson Fernando Chiorato. A
qualidade do grão de alto padrão do IAC Milênio é a mesma do IAC Alvorada,
lançado em 2008, que apresenta grãos claros e inteiros após o cozimento, com
tamanho e formato almejados pela indústria, além de caldo encorpado apreciado
pelo consumidor. Entretanto, o IAC Alvorada é suscetível à murcha de Fusarium e
por essa razão, hoje é produzido em áreas novas do feijoeiro, onde não há
infestação da doença e em propriedades com alta tecnologia. O amendoim IAC OL 3
produz grãos que contêm alto teor de ácido oleico, que prolonga a vida de
prateleira do produto e contribui para a redução da taxa de triglicérides,
aumentando o bom colesterol dos consumidores. Para os produtores, as vantagens
são produtividade superior a 10% a dos outros materiais no mercado e ciclo
determinado entre 125 e 130 dias, que beneficia a rotação de cultura do
amendoim com a cana-de-açúcar. Os grãos do amendoim IAC OL 3 são classificados
no mercado de confeitaria como tipo “runner” e cerca de 10% deles são de
calibre maior do que o de outras variedades. Os grãos da nova variedade
desenvolvida pelo IAC são considerados “alto oleicos” porque apresentam 70% a
80% deste ácido. Nos materiais tradicionais, esse valor é de 40% a 50%. De
acordo com o pesquisador do IAC, Ignácio José de Godoy, essa característica
dobra o tempo de prateleira do produto, o que é ideal para a indústria de
confeitos. “Os amendoins tradicionais se conservam por cerca de seis meses sem
rancificar e perder o sabor. A nova variedade do IAC consegue se manter por 12
meses sem perda de qualidade”, afirma o pesquisador do IAC. O ácido oleico é monoinsaturado e os
alimentos ricos com esse ácido graxo contribuem para reduzir a taxa de
triglicérides e aumentar as taxas do bom colesterol. Tecnologias de cultivo - A
APTA também vai apresentar na Agrifam tecnologia para cultivo de orgânicos. A
pesquisa paulista conseguiu reduzir em 40% os custos de produção do
biofertilizante japonês bokashi, substituindo alguns componentes, como o farelo
de soja pelo de mamona e a farinha de peixe industrializada pelas sobras das
limpezas de peixes frescos das peixarias. O farelo de arroz, usado no
biofetilizante tradicional, foi substiuido por resíduos da indústria de fécula
e fritas de batata. Por meio da pesquisa paulista, os produtores de tomate
orgânico passaram a produzir mais. Quando os pioneiros na produção orgânica
utilizavam no cultivo de tomate apenas compostos simples, preparados com
esterco animal, conseguiam produzir pouco, apenas 0,5 kg de tomate por pé. Na
agricultura tradicional é possível produzir em média oito quilos. Atualmente,
recomenda-se utilizar o bokashi em conjunto com o composto orgânico comum à
base de esterco animal curtido com material celulósico e capim, usado como
condicionador do solo, o que melhora as condições físicas e biológicas. “Na
região de São Roque, na cidade de Ibiúna, há um grande produtor que consegue
produzir até três quilos por pé, ou seja, seis vezes mais. Quando o agricultor
é pequeno e familiar, pode chegar a dobrar a produção”, afirma o pesquisador da
APTA, Issao Ishimura. Palmito pupunha - O palmito pupunha é uma excelente
alternativa para os produtores rurais da região do Vale do Ribeira e tem
crescido em outras regiões do Estado e também na Bahia. Estima-se que existam
quatro mil hectares cultivados com palmito pupunha no Vale do Ribeira e a produção
está em franca expansão. Os aspectos que se destacam para o bom desenvolvimento
da cultura na região são o clima propício, a quantidade adequada de chuvas e a
existência de solos já abertos, ociosos, ou com culturas de áreas degradadas.
“Além disso, a região do Vale do Ribeira tem localização geográfica
privilegiada, entre os dois maiores centros consumidores de palmito em
conserva, São Paulo e Curitiba”, afirma o pesquisador da APTA, Erval Rafael
Damatto Junior. A região tem tradição de produção de palmito em conserva, já
existem indústrias tradicionais no ramo em processo de expansão. Programa de Sanidade
em Agricultura Familiar - O Instituto Biológico (IB-APTA) terá como foco de sua participação na Agrifam
o Programa Sanidade em Agricultura Familiar, desenvolvido em conjunto com o Polo Regional Leste
Paulista, da APTA, e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). O
projeto procura desenvolver ações de curto, médio e longo prazo para a
transferência de conhecimento e geração de tecnologias nas áreas de sanidade
animal, vegetal e ambiental e tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida
dos agricultores e dos alimentos. Agregação de valor e informações econômicas -
O Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA) vai expor na Agrifam
produtos para agregação de valor, como geleia de pimenta e pimentão, sal aromatizado
e doce de gengibre. A pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola
(IEA-APTA), Ana Victória Monteiro, vai apresentar a palestra “Projeto Gênero e
Comercialização – Metodologia de pesquisa participativa de mercado em
assentamentos e comunidades quilombolas no Estado de São Paulo”. A apresentação
acontecerá em 3 de agosto, às 14h, no
Auditório da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São
Paulo (FETAESP). O trabalho é parte de um projeto mais abrangente, voltado para
questões de gênero e comercialização. Aplica metodologia de pesquisa participativa
de mercado e busca integrar pesquisa e extensão rural, para profissionalizar a
inserção de produtos oriundos da agricultura familiar no mercado.
Serviço
Feira da Agricultura Familiar e do Trabalho Rural
(Agrifam)
Local: Recinto de Exposições “José Oliveira Prado”
Endereço: Av. Lázaro Brígido Dutra, 300 – Lençóis
Paulista
Data: de 2 a 4 de agosto de 2013
Horário: das 8h às 17h
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