terça-feira, 8 de julho de 2014

SETOR SUCROENERGÉTICO PEDE SOCORRO

Dúvidas políticas, aliadas a um cenário econômico pouco favorável e um clima atípico, foram os principais fatores que levaram o setor sucroenergético a uma crise sem precedentes. De 2009 até hoje, 44 usinas de açúcar e álcool deixaram de produzir na região Centro-Sul do país, sendo 25 empresas somente no Estado de São Paulo. Em 2014, outras 12 entraram em processo de recuperação judicial e podem parar. De acordo com o levantamento do Ministério da Agricultura, em fevereiro de 2013, 401 unidades produtoras estavam cadastradas na região Centro-Sul. Em São Paulo, são 167 empresas do segmento. O setor, que investiu mais de R$ 40 bilhões entre 2005 a 2010, dobrando a capacidade produtora, viu a crise chegar com a mudança da política de preços da gasolina e com a queda no consumo de etanol. Com isso, as dívidas relativas a financiamentos das safras e a investimentos na expansão no parque fabril passaram de R$ 42 bilhões na safra 2013/2014, valor 8% maior do que no período anterior. Para a safra 2014/2015, os custos de produção devem aumentar aproximadamente 13%, por conta de questões climáticas e pela política de preços de combustíveis, fator que contribuiu sensivelmente para o agravamento da situação financeira do setor. Considerando que mais de 50% de toda a cana-de-açúcar processada no Brasil é destinada à produção do etanol, a intervenção do Governo Federal no preço da gasolina, utilizando essa fonte de energia como parte da política de controle da inflação e, de quebra, prejudicando a performance da maior empresa brasileira, é, segundo especialistas, a principal causa da atual situação do setor sucroenergético. Na região de Ribeirão Preto, diversas unidades produtoras de açúcar e álcool deixaram de funcionar nos últimos anos. Em 2014, a Usina Jardest, do grupo Biosev, foi desativada temporariamente, fechando mais de 700 postos de trabalho. A equipe foi reduzida ao setor de segurança e de manutenção da parte industrial. Instalada em Jardinópolis, a unidade está em fase de “hibernação”, como informou a empresa. A medida, segundo a assessoria de comunicação da Biosev, faz parte de uma reestruturação administrativa. A cana processada na Jardest foi redirecionada para as usinas Santa Elisa, em Sertãozinho, Vale do Rosário e MB, em Morro Agudo, pertencentes ao grupo. Na tentativa de reverter a situação, manter a produção e ganhar fôlego para sanar as dívidas, a usina Carolo, de Pontal, entrou com pedido de recuperação judicial no início deste ano. Criada em 1947, a usina foi a terceira da região a buscar este recurso para não parar a produção. Com dívidas que giram em torno de R$ 260 milhões, a usina Albertina, em Sertãozinho, recorreu à mesma medida em 2008. Sem sucesso em seu plano de recuperação, foi fechada em 2012. Naquele ano, a Nova União, de Serrana, também optou pela recuperação judicial, com o intuito de sanar dívidas de R$ 250 milhões – Ascom.

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