O
fator preço é frequentemente a primeira consideração dos motoristas que
utilizam carros Flex Fuel na hora de abastecer e escolher entre a gasolina e o
etanol. A constatação está entre as conclusões do estudo “Avaliação do
Comportamento dos Usuários de Veículos Flex Fuel no Consumo de Combustíveis no
Brasil,” divulgado em fevereiro pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Para o diretor de Comunicação
Corporativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Adhemar Altieri, o
problema é que nem sempre o consumidor escolhe o combustível com preço mais
vantajoso. “Muitos olham o preço apenas do etanol e não comparam com o da
gasolina. Os preços na bomba oscilam para os dois combustíveis, portanto é
preciso analisar como está o preço do etanol em relação ao da gasolina para
saber qual dos dois está com o preço mais vantajoso. A situação muda de um
posto para outro,” explica. Altieri lembra que a regra básica, já conhecida da
maioria dos consumidores, é a dos 70%: “Se o preço do litro de etanol estiver
70% do preço do litro da gasolina, ou abaixo desse percentual, o etanol é a
melhor compra do ponto de vista exclusivamente do preço. O consumidor que
prioriza preço deve fazer esse cálculo sempre que abastece, pois postos
diferentes tem realidades e situações variadas, que afetam o preço final na
bomba.” O estudo da EPE mostra que usuários de veículos flex de diversas
regiões do País apresentam comportamentos e crenças similares em relação ao
consumo de combustíveis. O preço é um dos dois pontos identificados pelo estudo
da EPE que diferenciam o comportamento do consumidor. O outro é o clima da
região. No estado de São Paulo, em geral os consumidores preferem etanol,
levando em consideração o preço fixado por eles mesmos como aceitável. Quando o
valor ultrapassa esse limite, a opção de combustível é facilmente trocada,
mesmo sem o cálculo que comprove que a gasolina seja de fato mais vantajosa
economicamente. Com base no livro ‘Comportamento do Consumidor e Estratégia de
Marketing’, de J. Paul Peter e Jerry C. Olson, o coordenador de Comunicação da
UNICA, Paulo Zappa, explica que essa maneira de agir pode ser justificada pela
teoria do ‘preço de referência interno’, situação em que a pessoa acredita em
um preço que lhe parece justo, seja por ter sido um preço praticado no passado,
estabelecido por aprendizado ou por experiência. “Quando o consumidor acha que
o preço está acima de um patamar que ele considera tolerável, ele não efetiva a
compra,” destaca. Já em Porto Alegre, o clima influencia diretamente o
comportamento do consumidor, pois ele ainda associa o frio com a dificuldade de
dar partida ao utilizar etanol, mesmo sabendo que os carros flex possuem
reservatórios de gasolina ou mesmo sistemas mais avançados, que dispensam o
‘tanquinho’. Assim, nessa região do País a opção acaba sendo por gasolina
devido a esse fator, segundo o estudo. “Diversos consumidores ainda guardam
algumas deficiências que certos modelos de carro a álcool apresentavam no
passado. Esses problemas não existem mais, uma vez que a partida em
temperaturas baixas é sempre feita com a gasolina existente no reservatório de
partida a frio e o controle de temperatura é bastante preciso. Obviamente, se
esse reservatório não estiver abastecido então poderá ocorrer a dificuldade
mencionada, mas isso também está sendo solucionado com as tecnologias de
partida que dispensam o seu uso,” explica o consultor de Emissões e Tecnologia
da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc. Chama atenção
na pesquisa o efeito limitado dos apelos globais por práticas sustentáveis,
principalmente no que diz respeito ao pilar ambiental. Mesmo sabendo que o
etanol é renovável e causa menos impacto no meio ambiente, apesar de nem sempre
entenderem com clareza como isso ocorre, a maioria dos consumidores mantém esse
aspecto em segundo plano no momento de abastecer, pois não estão dispostos a
ter um gasto maior para atender à questão ambiental. “Nosso combustível a base
de cana é reconhecido como uma importante fonte de energia limpa e renovável,
reduzindo em até 90% a emissão de CO2 na atmosfera. Enquanto o mundo busca
alternativas ao petróleo, o Brasil usa etanol em larga escala há 30 anos. Os
ganhos ambientais que ele traz a toda sociedade precisam ser mais difundidos
para que possam ser também determinante na escolha na bomba”, diz o consultor. A
pesquisa quantitativa, desenvolvida pelo Instituto Olhar Pesquisa e Informação
Estratégica e gerenciada pela EPE, foi aplicada para 1.400 usuários de veículos
leves flex fuel, de ambos os sexos, responsáveis pelo seu abastecimento, com no
mínimo seis meses de experiência com este tipo de veículo e residentes nas
cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Campinas,
Porto Alegre, Salvador e Recife. Flex no Brasil - O décimo aniversário do
lançamento do carro flex no Brasil está sendo observado este ano com números
expressivos, que mostram sua rápida evolução no mercado nacional. Em 2003, ano
do lançamento do primeiro modelo flex, foram comercializados quase 49 mil
veículos flex e mais de um milhão a gasolina. Já em 2012, os veículos flex
chegaram a mais de três milhões, enquanto os a gasolina atingiram apenas 274
mil. A frota de veículos bicombustíveis em 2012 chegou aos 17 milhões de
veículos, ante 12 milhões movidos a gasolina. Desde o lançamento dos veículos
flex, o uso do etanol já evitou a emissão de aproximadamente 190 milhões de
toneladas de CO2 na atmosfera. - UNICA
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